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Silas Malafaia diz que situação de Bolsonaro ‘ficará ruim’ se não transferir embaixada em Israel

O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, ameaçou o presidente eleito Jair Bolsonaro neste…

O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, ameaçou o presidente eleito Jair Bolsonaro neste domingo, dizendo que, caso não transfira a embaixada para Israel, o governo pode perder apoio da bancada evangélica.

—  Eu avalio que ele vai perder crédito para caramba [com a bancada evangélica], muito. Ninguém pediu para ele fazer nada, ninguém pôs faca na garganta. Então, agora é melhor ele cumprir, ou então vai ficar chato. Vai ficar muito ruim para ele com a comunidade evangélica. Ele vai perder muita coisa  — afirmou. —  São mais de 130 deputados evangélicos nessa nova legislatura. Ele tem que saber o que ele quer.

Malafaia, que fez sua declaração a jornalistas no Rio de Janeiro, após um encontro do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, com representantes da comunidade evangélica brasileira, afirmou que um “dos motivos do apoio da comunidade evangélica a Bolsonaro foi exatamente esse“, em referência à transferência da missão diplomática.

Em maio, os Estados Unidos tomaram a decisão, sem precedentes na comunidade internacional, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, medida seguida somente pela Guatemala desde então.

A transferência é considerada ilegal pela lei internacional, que, em resoluções da ONU, determina que o destino da cidade sagrada para as três religiões monoteístas deve ser decidido em negociações entre Israel e os palestinos.

Neste sábado, Bolsonaro divulgou em sua conta no Twitter uma entrevista gravada no dia 11 de dezembro, na qual afirmou que ainda avaliava a transferência da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém. Ele disse que existem ameaças de boicote econômico ao Brasil caso o governo decida pela mudança.

Neste domingo, no entanto, o primeiro-ministro de Israel declarou que o presidente eleito lhe disse no encontro dos dois na sexta-feira que a transferência está confirmada. Segundo Bibi, como é conhecido Netanyahu, Bolsonaro afirmou que a transferência “não é uma questão de se, mas de quando”.

Segundo altas autoridades israelenses ouvidas pelo Globo, Netanyahu entende que Bolsonaro deixou claro que o Brasil realizará a transferência incondicionalmente. Questionado sobre possíveis contrapartidas por parte de Israel que beneficiem o Brasil, o primeiro-ministro se referiu genericamente a um aumento das importações de café, disseram as autoridades.

Em conversa com jornalistas no Rio na manhã deste domingo, Netanyahu afirmou que não vê possibilidade do Brasil se tornar um alvo do terrorismo internacional, em represália à polêmica medida. O primeiro-ministro de Israel citou EUA e Guatemala que, desde que  transferiram suas embaixadas, não foram atacados.

Malafaia afirmou esperar transferência tecnológica de Israel que permita transformar o Nordeste em um “pomar agrícola”. Ele afirmou que já esteve em Israel “mais de 20 vezes” e que o deserto de Neguev desenvolve desenvolve agricultura em condições piores às do semiárido brasileiro.

—  Se Bolsonaro conseguir ajuda de Israel nessas áreas, vai ficar bonito —  afirmou o pastor. Se resolver questão do Nordeste, ele vai tirar o pão da boca do PT.

O pastor também afirmou não temer retaliações comerciais de países árabes, apesar de a Liga Árabe já ter advertido por mais de uma vez o presidente eleito contra a transferência.

O conjunto de países árabes representa um importante mercado para os exportadores brasileiros. O Brasil registrou um superávit de US$ 7,1 bilhões no comércio com as 22 nações do bloco, comparado com um déficit de US$ 419 milhões com Israel. A este respeito, o pastor disse que o Brasil não deve temer:

—  O jogo é pressionar. Aí vem a Liga das Nações Árabes [se manifestar], mas é o jogo político. Eu acho que um presidente tem que ser macho nas suas convicções e não ficar preocupado com opinião de A ou B. Tem que ir pelo que é justo, e o justo é Israel ter sua capital em Jerusalém.

Algumas correntes evangélicas neopentecostais acreditam que Jerusalém deve estar nas mãos de Israel para que a volta de Cristo aconteça.