Moraes juntou 11 páginas de evidências para justificar prisão de Bolsonaro
Moraes colacionou uma série de postagens dos filhos de Bolsonaro, além de reportagens veiculadas na imprensa
O despacho do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro tem 25 páginas. A penúltima delas é a que estabelece a sanção ao ex-presidente, mas é entre a 9 e a 20 que o ministro colaciona todas as evidências de que o réu desrespeitou as medidas cautelares a ele impostas.
A primeira aconteceu na Câmara dos Deputados, momentos depois de a Polícia Federal instalar a tornozeleira eletrônica em Bolsonaro. Ele foi à Câmara e, nas escadarias da Casa, fez um inflamado pronunciamento para aliados e uma plateia de jornalistas, dizendo que “não matou ninguém”.
SOBRE A PRISÃO DE BOLSONARO
Moraes decreta prisão domiciliar de Bolsonaro
Ação da PF contra Bolsonaro durou 20 minutos; veja o que se sabe

O segundo ato ilícito descrito no despacho foi o fato de Bolsonaro ter se dirigido aos manifestantes reunidos na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no último domingo (3), “produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça”. Tanto que, continua Moraes, o telefonema do ex-presidente para Flávio Bolsonaro foi publicado nas redes sociais.

Moraes diz que a participação de Bolsonaro nos atos em apoio a ele, sobretudo no Rio de Janeiro, ecoou nos veículos de imprensa, como o Valor Econômico:

Posteriormente, continua o ministro, também no domingo de manifestações, o senador Flávio Bolsonaro publicou um vídeo do pai dele e apagou logo em seguida. Moraes afirma que o fato de apagar a postagem tinha “claro intuito de omitir o descumprimento das medidas cautelares praticado pelo pai dele”, como mostrou reportagem do portal UOL.

Notícia semelhante saiu no jornal O Estado de S. Paulo:

O ministro relata que Flávio também publicou uma postagem no próprio perfil do Instagram com uma legenda de agradecimento aos Estados Unidos, em uma clara manifestação de apoio às sanções econômicas impostas à população brasileira:

No mesmo dia 3 de agosto, continua o despacho, outro filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, também realizou uma postagem nas redes sociais com pedido para seguirem o perfil do pai: “sigam @jairmessiasbolsonaro”. Mesmo tendo conhecimento das medidas cautelares.

Moraes cita ainda falas de Eduardo Bolsonaro, comprovando que houve uma ação orquestrada por parte dos filhos do ex-presidente para ajudá-lo a burlar as medidas decretadas contra ele pelo Supremo Tribunal Federal.


A última evidência reunida por Moraes no despacho é uma notícia da CNN que informa que o deputado federal Nikolas Ferreira abriu as redes sociais para exibir Bolsonaro e, segundo o ministro, “coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça”.

Leia o despacho na íntegra
Leia também
MAIS SOBRE A DECISÃO CONTRA BOLSONARO
Moraes juntou 11 páginas de evidências para justificar prisão de Bolsonaro
Moraes, para Bolsonaro: ‘a Justiça é cega, mas não é tola’