10 grandes jogos que completam 20 anos em 2017
Você pode não se lembrar, mas 1997 foi marcado por grandes clássicos
No último sábado (30/9), Fallout completou 20 anos desde o seu lançamento original, com direito até mesmo a jogo de graça na Steam. Foi uma ocasião perfeita para refrescar a memória quanto à grande quantidade de clássicos que chegaram às prateleiras em 1997 que completam 20 anos agora.
Um detalhe engraçado é que a grande maioria destes jogos foi lançada no segundo semestre e principalmente para PC e para o PS1, o console de estreia da Sony que estava apostando alto em estúdios externos para concorrer com a Nintendo. Separamos aqui então os 10 principais lançamentos daquele ano. Vamos lá?

1. Fallout
Vamos começar com o aniversariante da vez. Especialmente porque Fallout quase não chegou a existir. O jogo foi idealizado pelo minúsculo Black Isles Studio cuja distribuição estava ligada à gigante Interplay. Na época, Feargus Urquhart, chefe do Black Isles e atual presidente da Obisidian, tinha o sonho de levar os RPGs de papel para a tela do computador, dando o máximo de liberdade de escolha para o jogador, ao mesmo tempo em que queria mostrar ao público gamer que um RPG não precisa ser de fantasia. Daí veio Fallout, um RPG com seu próprio sistema (SPECIAL) e que antes seria uma adaptação de GURPS e que dá tanta liberdade ao jogador que, se ele quiser, pode zerar o jogo em 20 minutos, caminhando diretamente até o vilão final. Para estas e tantas outras missões, o jogo de fato oferecia uma liberdade inédita para resolver as coisas conversando, na força bruta, ou evitando a coisa toda e roubando o que era importante. O jogo também tinha uma violência gráfica e brutal, que só não era tão inédita graças ao lançamento anterior de Mortal Kombat e trouxe inovação com suas “cabeças falantes”: personagens moldados em 3D com animações faciais realistas. A influência e o sucesso foi tão grande que uma sequência saiu logo depois e incentivou a Interplay a chamar Feargus Urquhart para criar Baldur’s Gate, lançado em 2000 e até hoje considerado um dos melhores RPGs de todos os tempos. O jogo pode ser obtido para PC na Steam.

2. Castlevania – Symphony of the Night
A série Castlevania já havia vivido o seu auge em jogos anteriores e estava passando por uma certa decadência no final do ciclo do Super Nintendo. Os fãs continuavam adorando matar todos os monstros imagináveis, mas as coisas estavam ficando repetitivas. Quando a Konami resolveu entrar na geração do PS1, ela queria mudança, mais especificamente, um jogo 3D. Quando os gastos ficaram proibitivos, o estúdio recuou para o 2D, mas decidiu tirar vantagem de todo o espaço e potência do CD-ROM. O resultado é Symphony of the Night que adicionou vários elementos de RPG ao jogo e expandiu vertiginosamente o mapa se inspirando no level design de Metroid (criando o formato ‘Metroidvania’ de level design para jogos de aventura). Muita exploração, muitas salas secretas e muitos chefes, tudo isso acompanhado com animações em 2D de primeira linha e, pela primeira vez graças ao CD-ROM, trilha sonora orquestrada em stereo. Com tanta inovação, Symphony of the Night é, até hoje, o jogo mais bem-sucedido da franquia Castlevania que nunca mais conseguiu repetir o sucesso e que ainda se recusa firmemente a relançar o game para plataformas dessa geração ou fazer um remake. Porém, você pode revisitar o clássico se tiver um PS3, PS Vita ou PSP.

3. Ultima Online
Em 1997, a rede de computadores era feita de barbantes, chiclete e pensamentos positivos. Isso não impediu a Origin Systems de apostar no primeiro verdadeiramente grande e ambicioso MMORPG do mundo. Ultima Online era, e mesmo para os padrões de hoje, ainda é, um dos jogos mais ambiciosos já feitos, lançado antes de Baldur’s Gate e de EverQuest, quando nem CRPGs tinham atingido o seu auge de popularidade nos computadores. Muito menos fazer tudo isso online. Se hoje games como World of Warcraft e Eve Online são impressoras de dinheiro, eles devem muito à Ultima por pensar fora da caixinha há 20 anos atrás. O jogo pavimentou o caminho de como um game online persistente deveria ser. Por assinatura, ele já começou a adicionar mundos novos e quests logo no segundo ano. E sabe o que é a parte mais louca? Ultima Online ainda está firme e forte com jogadores pagantes. O jogo também continua recebendo conteúdo inédito há 20 anos. Em 2007, recebeu uma atualização gráfica, que remodelou seus gráficos datados um pouco. Seu último pacote de expansão foi lançado em 2015. Enquanto muitos RPGs online ficaram pelo caminho ou mesmo online deixaram de receber atualizações, Ultima é um exemplo de dedicação de fãs e desenvolvedores que perdura até hoje. O game possui os recordes de primeiro jogo online a bater 100 mil usuários e de jogo online mais antigo na ativa, além de ter entrado para o Hall da Fama dos 100 melhores jogos de todos os tempos em 2012.

4. Final Fantasy VII
Outra empresa que queria igualmente mudar de ares era a Square Enix, na época ainda Squaresoft. O relacionamento da desenvolvedora com a Nintendo havia azedado e apesar de ser um dos maiores estúdios do Japão, a franquia FF ainda não era assim tãããão conhecida no ocidente. O estúdio queria inovar, conquistar os EUA e migrar para o tão falado 3D e para o CD-ROM. A empresa estava por aqui com a Nintendo que já a havia feito tomar prejuízos significativos pelo menos três vezes nos seis anos anteriores, incluindo a produção de The Secret of Mana para o Nintendo CD-ROM que foi cancelado, forçando a empresa a refazer de última hora o jogo para o SNES e lançá-lo de qualquer jeito e cheio de bugs, perdendo milhões de ienes no processo. A Square encontrou um novo lar nos braços abertos da Sony que até custeou parte da distribuição do game e resolveu deixar de lado o cenário de fantasia convencional para apresentar ao mundo Cloud Strife, Sephiroth e toda a trupe. O jogo foi lançado em janeiro de 97, pegando geral de surpresa e trazendo gráficos e animações completamente inacreditáveis para a época. Hoje em dia os personagens e cenários pré-renderizados do jogo parecem qualquer coisa, mas para a época era quase olhar uma fotografia. Uma das poucas coisas que passou batido nisso tudo foi a trilha sonora, que ainda era muito baseada em ruído branco. De qualquer forma, o sucesso do jogo no ocidente foi tão grande que logo os jogos anteriores de Final Fantasy acabaram dando as caras por aqui. Além disso havia o sistema de Materia que combinado aos personagens e ao Summons permitiam a criação dos parties mais rocambolescamente apelões já vistos em um video game.

5. Tekken 3
Até 1997 as pessoas só se importavam com os jogos de luta das franquias Street Fighter e Mortal Kombat. Títulos da SNK e crossovers corriam por fora, mas se você quisesse ser levado a sério nas ligas do condomínio, você tinha que ser bom era nesses dois. Até Tekken 3 chegar e chutar o balde. O game mudou completamente o cenário da época por alguns fatores técnicos e outros de gameplay. Primeiro ao técnico que é mais fácil: era um dos jogos 3D mais visualmente incríveis da época, com personagens gigantes e detalhados na tela além de vozes e trilha sonora completa. Era chocante ver o PS1 rodar o CD sem entrar em chamas. A concorrência até tentava fazer jogos de luta 3D, mas os resultados tendiam a ser caixas de sapato brigando (até Street Fighter tentou, com resultados questionáveis). Quanto ao gameplay, Tekken 3 abria mão da velocidade de outros games e investia num combate mais pesadão, realista e na ausência de especiais. Claro, você ainda tinha combos apelões, robôs sexy, possessões demoníacas, um dinossauro, um bonecão do posto e um ET, mas era tão pé no chão quanto um jogo japonês de luta poderia ser. O resultado eram lutas mais bem pensadas e golpes mais calculados para melhor eficiência. O jogo botou a franquia no mapa, especialmente por permitir que o PS1 rodasse algo com a qualidade que, na época, só se via em fliperamas com gabinetes enormes.

6. 007-GoldenEye
GoldenEye, lançado para o N64, fez uma coisa impossível (um bom jogo de tiro para consoles) e outra raríssima (um bom jogo baseado em um filme) ao mesmo tempo. Se hoje você pode jogar o seu Destiny, Halo, Call of Duty e etc com um controle sem querer jogar a coisa toda pela janela, você tem que agradecer a GoldenEye. Para os padrões de hoje, é claro, o jogo é travadíssimo e tão instintivo quanto uma marmota cega tentando pilotar um helicóptero, mas na época era INCRÍVEL. E foi uma jogabilidade que se manteve: o sucesso foi tão grande que DOOM ganhou uma versão para o N64 e que foi terrível por não conseguir manter a qualidade da mecânica de GoldenEye. Além disso o jogo era 3D, cheio de música e efeitos sonoros. O game era difícil e encorajava o jogador a tentar passar despercebido, evitando câmeras e alarmes, além de ter inimigos bem inteligentes e resistentes, especialmente para o N64. Há quem diga que o game era até melhor do que o filme com o Pierce Brosnan. Ele vendeu 8 milhões de cópias e se tornou um clássico tão grande que foi até relançado para o Wii e ganhou uma continuação direta para o PS2. O jogo acabou abrindo caminho para outros jogos de FPS para console como Medal of Honor, Perfect Dark e No One Lives Forever.

7. Age of Empires
Quão influente foi Age of Empires? Bom, o jogo vai ganhar uma versão definitiva em HD para sistemas modernos em celebração aos seus 20 anos ao mesmo tempo em que Age of Empires IV está em desenvolvimento. Então podemos concordar em influente pra caramba. Age foi um marco para o seu tempo por aliar gráficos de ponta com ação frenética e estratégia profunda. Uma boa partida contra o computador podia levar umas quatro horas. Em modos mais difíceis, até alguns dias. E a maior graça era ser em tempo real e historicamente correto, deixando de lado a estratégia por turnos e a alta fantasia da concorrência de Heroes of Might & Magic. Não demorou muito para o jogo ganhar uma sequência, maior e melhor, centrada na Europa Medieval, mas o charme da Antiguidade não foi esquecido. Poder jogar com gregos e egípcios era pura diversão, especialmente para os amantes de História, permitindo avançar com sua civilização da Idade da Pedra até a queda de Roma. Era especialmente legal jogar com os amigos em LAN em uma época em que a internet, além de discada e rara, era mantida no lugar por barbantes, cuspe e orações.

8. Final Fantasy Tactics
Apenas um Final Fantasy incrível aparentemente não era o suficiente para a Square que lançou em junho Final Fantasy Tactics. O jogo é um spin-off da série numerada do estúdio e não devia fazer o sucesso que fez, especialmente no ocidente. Por aqui o game foi um sucesso enorme. Ele retorna às suas raízes de fantasia medieval e traz uma trama complicada inspirada na Guerra das Rosas. O jogo marca uma das poucas vezes em que o estúdio ousou sair da sua zona de conforto. Tirando vantagem dos ambientes em 3D, o game tinha um fator estratégico enorme envolvendo o posicionamento e a movimentação de personagens durante o combate. Dar game over era bem fácil, especialmente no começo, enquanto se acostumava às mecânicas. Muita gente brinca que esse é o Fire Emblem de Final Fantasy e eles estão certos. A mágica, a estratégia e a história do jogo são excelentes, tornando-o um dos títulos mais marcantes do PS1. O jogo foi tão influente que seu mundo e personagens retornariam para um jogo numerado da franquia, em Final Fantasy XII. O jogo também trouxe volta o job system dos FF clássicos combinados com toda a apelação potencial dos jogos anteriores. Como resultado, o game era, mesmo para o padrão da época, muito desafiador: muitos controles de PS1 inocentes foram jogados pela janela por causa dele.

9. Quake II
Em 1996, Quake havia revolucionado os jogos de tiro em primeira pessoa apenas três anos após DOOM. No ano seguinte, a Id Software resolveu aparar as arestas. O jogo agora permitia pular e uma maior liberdade de movimentos de personagem e de câmera, além de melhores gráficos e efeitos. Muitos diriam que ele estava apenas pavimentando o caminho para o sucesso estrondoso de Quake 3: Arena, jogo multiplayer que, ao lado da sua cópia, Unreal Tournament, iria dominar o cenário de jogos multijogador até a ascensão descontrolada de Counter-Strike. Aquele lance de pular e usar uma bazuca pra sair voando? Saiu daqui. Jogos de FPS ainda eram novidade e Quake II, e todos os jogos da Id se estamos sendo honestos, ajudaram a mapear um caminho por uma floresta ainda selvagem e indomada de desenvolvimento que deu passagem para Half-Life e mais tarde para os grandes shooters multiplayer de hoje, como Battlefield e Call of Duty.

10. Star Fox 64
A Nintendo já estava se aventurando em games faux-tridimensionais desde Super Mario Kart, no Super Nintendo, que foi onde ela lançou o primeiro Star Fox. Porém o sistema já estava no seu limite e embora o jogo tenha sido um sucesso comercial no Japão, seu sucesso no ocidente foi menor, passando batido para muitos jogadores. O mesmo não aconteceu com Star Fox 64. Com todo o poder do N64 e gráficos realmente em 3D, o game foi um clássico instantâneo, misturando com proeza elementos de jogos bullet hell japoneses com simuladores de voo. E, é claro, furries. O sucesso foi tamanho que o game da Nintendo chegou a ofuscar o grande lançamento 3D da Sony, Ace Combat 2. Embora o simulador de caças do PS1 fosse muito mais bonito e realista que Star Fox, o charme de fazer uma rolagem de barril e explodir animais intergalácticos não podiam ser superadas por um rostinho bonito.