“O nosso foco está no futuro”: com novo jogo, Hoplon tenta forjar novo caminho
Estúdio brasileiro pioneiro no desenvolvimento dos games aposta no lançamento Heavy Metal Machines para crescer
Fundada em 2000, a Hoplon, empresa catarinense de desenvolvimento de jogos, é pioneira no mercado de games do Brasil. Em troca, ela teve que pagar o preço do pioneirismo: muita luta, prejuízo e riscos para abrir a própria trilha na selva do desenvolvimento de software brasileiro.
Se você foi um gamer adolescente nos anos 2000 como eu, provavelmente ouviu falar da Hoplon graças ao seu projeto mais ambicioso. Eles são os caras por trás de Taikodom, maior e mais popular MMO made in Brazil que gerou uma legião de fãs.
Após anos, o jogo acabou saindo do ar em 2015. Agora, em 2017, o estúdio se prepara para lançar um novo jogo online, muito diferente do seu antecessor. Se trata do MMO de combate veicular Heavy Metal Machines.
O jogo mistura elementos de clássicos do gênero de combate e corrida como Rock’n Roll Racing e Twisted Metal com ingredientes multiplayer e de MOBA para criar uma experiência competitiva e intensa online, incluindo classes.

HMM é carro-chefe do estúdio agora e é resultado de investimento pesado para atrair o mercado internacional. Além do lançamento em plataformas globais, como a Steam, o jogo possui localização em inglês e russo. Atualmente ele está em beta aberto e em breve será lançado gratuitamente.
Em entrevista exclusiva ao Mais Goiás, o CEO da Hoplon, Rodrigo Campos, falou sobre HMM, a empresa e seus projetos. Segundo ele, o novo jogo surgiu da iniciativa dos próprios funcionários, grandes fãs de MOBA: “O time que teve a ideia do HMM era muito fã de MOBAs e sentiu que haveria espaço para inovação no gênero. Além disso, mudamos a temática típica de MOBAs, que é fantasia, para um mundo pós apocalíptico com muito Heavy Metal, que combinou perfeitamente com o gameplay”.
Usando uma temática diferente e inserindo os veículos no lugar dos personagens, Campos espera atrair novos jogadores. Ele conta que parte da ideia veio da percepção de que o MOBA estava ficando saturado com a mesma coisa: todos os novos lançamentos eram cópias descaradas de Dota 2 ou League of Legends, sem trazer nada de novo nem sequer no visual dos games.

Foram quatro anos de desenvolvimento até agora. Campos conta que o longo período é devido ao constante feedback dos fãs que eles continuam coletando agora no beta aberto. O jogo precisa estar perfeito: “Seguimos muito o feedback da comunidade do Heavy Metal Machines. Lançamos, ouvimos o que os jogadores têm a dizer e recriamos o jogo do zero. A primeira versão do título não estava alinhada com a nossa visão, um jogo de ação, rápido e com um combate frenético entre veículos. Hoje, temos uma experiência muito melhor e mais divertida, bem próxima ao projeto inicial”.
Após tanto tempo de estrada, Campos não gosta que se fale da Hoplon como um estúdio indie: “a Hoplon é um estúdio de games em um país sem a tradição de ter grandes estúdios de games. Somos um dos maiores do mercado, mas não somos mais um estúdio indie – temos mais de 70 funcionários. Investimos em um jogo inovador e de qualidade internacional e não pouparemos esforços para criarmos uma base de jogadores apaixonados”.
De fato, a proximidade com a comunidade parece ser a nova lei na Hoplon. Assim que o beta começou, os devs passaram a jogar junto com os jogadores, experimentando o feedback em primeira mão: “A experiência com a comunidade é sempre muito especial e nos ajuda muito a aprimorarmos o Heavy Metal Machines. E isso é um processo contínuo, nosso contato é sempre muito próximo e, portanto, aprendemos e nos divertimos muito com os jogadores”, conta.
Campos contou que um dos sonhos da empresa agora é que o jogo caia no gosto dos jogadores e que possa se tornar um e-sport de alto calibre, como é o caso de LoL. Porém, ele disse que a preocupação deles agora não é isso, e sim fazer um jogo marcante. Para ele, se tornar um e-sport é algo que está nas mãos dos jogadores: “Nosso sonho é que o HMM seja um game para e-Sport, sem dúvida – sabemos do potencial competitivo que o jogo oferece. A gente sabe também que ser um e-Sport de verdade está nas mãos do público, dos jogadores. O que fazemos e faremos cada vez mais é dar o suporte, criar as ferramentas e propiciar um jogo que possa entrar para o cenário competitivo”.
Sendo free-to-play, a receita do game virá das temidas microtransações, mas Campos sublinha que o título, por ser altamente competitivo, jamais será pay-to-win: “Heavy Metal Machines é um game F2P (free-to-play) e sempre será. Entretanto, a última atualização trouxe diversos novos recursos para os jogadores do beta aberto – um dos mais importantes deles é a abertura da loja e transações com dinheiro. Na loja é possível adquirir pilotos, skins, boosts de XP e fama (soft currency), e isso é só o começo. Mas vale ressaltar que o jogo não é e não será pay-to-win”.

Perguntado se Campos já conseguiu bater o martelo em uma data de lançamento, ele desconversa, mas dá esperanças: “sai ainda este ano”. Questionado sobre Taikodom, maior legado da empresa, o assunto ainda é um pouco espinhoso, mas ainda assim motivo de orgulho: “O projeto Taikodom foi descontinuado pela Hoplon. Com ele, aprendemos que uma empresa brasileira pode construir seu próprio sucesso no mercado de games. Tudo que fizemos no passado serviu como aprendizado e base para a nova Hoplon, que tem sólidos projetos a serem entregues”.
Mesmo assim, há alguma chance de ainda voltarmos para este universo espacial? Segundo Campos, não: “Taikodom faz parte da história da Hoplon, mas ele completou seu ciclo. O nosso foco está no futuro”.