Construção sustentável

Tecnologia sustentável chega a Goiás para moradias populares

Tecnologia wood frame é a mais comum nos EUA, Alemanha e Canadá e está vindo para o Estado

Você já deve conhecer de filmes as casas pré-fabricadas dos EUA: feita com peças montadas em linhas de montagem, elas barateiam o custo da construção e aceleram o processo. Dependendo do nível de automação e dos profissionais envolvidos, uma casa de 50 m² pode subir em duas horas.

Pensando em custos menores e em construções que levam horas e dias para serem feitas e não meses, essa tecnologia, chamada wood frame, acaba de chegar à Goiás. Quem adota este modelo industrializado de construção é o pessoal da Tecverde Engenharia, com sede em Curitiba.

O que agiliza o processo é a linha de montagem: 70% da construção sai pronta de fábrica com toda a estrutura elétrica e hidráulica montada. Segundo a empresa, o processo, por ser altamente automatizado, também pouca energia e acaba sendo uma opção mais ecologicamente correta que a construção convencional. De acordo com a Tecverde, é 80% menos CO² e produzindo 85% menos resíduos, com 90% menos água usada em todo o processo.

A empresa já atuava no Sul e no Sudeste e começou agora a sua expansão pelo planalto central. Eles formam parcerias com construtoras locais para entregar condomínios e conjuntos habitacionais. No momento, eles já estão falando com empresários daqui para viabilizar e erguer o primeiro condomínio de casas populares em wood frame do Estado.

Loteamento em Sapucaia (RS) (Divulgação)

A diretora comercial da Tecverde, Cassiane Celli, declarou que as construtoras goianas estão interessadas na ideia. Além disso, técnicos já estariam visitando empresas e cidades por aqui para fechar negócios. Mais rápido e barato, Celli informa que a empresa vê como oportunidade de mercado reduzir o déficit habitacional: “Temos mais de 80 mil metros quadrados construídos para o programa Minha Casa Minha Vida que, devido à agilidade do sistema industrializado, têm ajudado a reduzir o déficit habitacional do país e queremos isso também para Centro Oeste brasileiro, começando por Goiás”.
Cassiane ressalta que o mais importante é destacar que a tecnologia alemã escolhida é muito diferente da americana, vista em filmes e que é bem menos resistente. “A tecnologia da Alemanha é muito robusta, nossas paredes são paredes estruturais”. Outro motivo que atraiu o olhar da Tecverde para o Estado é o ritmo de crescimento, especialmente de Goiânia. Segundo dados do City Mayors, Goiânia é quinta cidade brasileira que mais vai crescer até 2020, principalmente por causa do grande número de imigrantes que chegam todos os dias. Estas pessoas não apenas vão fazer a economia girar, mas também precisam de um teto sobre suas cabeças.

Cassiane contou que a ideia original foi de quatro sócios, dois da construção civil que já tinham essa ideia de mudar o cenário. “A ideia era realmente fazer algo diferente e foram fazer pesquisa no Japão, no Carnaval, na Alemanha para saber qual seria a melhor tecnologia para tropicalizar”, conta. A escolhida acabou sendo a tecnologia alemã, que ao contrário das americanas, são muito mais resistentes e bem acabadas. “No início fizemos algumas casas-modelo de alto padrão e depois decidimos ir para um modelo de negócio popular para dar escala para a produção”, conta Cassiane.

Fábrica da Tecverde em Araucária (Divulgação)

Além de casas, a Tecverde também já faz prédios usando a tecnologia wood frame: “Fazemos prédios com térreo mais três andares e já estamos analisando a possibilidade de fazer térreo mais quatro”, conta a diretora. Porém, quanto a preço, ela diz que o valor varia: “Depende muito. A gente faz orçamento vendo encontros de parede, quanto de madeira que vai gastar. Não dá pra falar no valor do metro quadrado, só dá pra saber com o projeto na mão mesmo, se tiver ele pronto, pode mandar que avalio pra você (risos)”.
Mas ela garante que o ganho pelo tempo: “Pense em uma casa de alvenaria convencional. Uma casa de 100 m² levaria nove, dez meses para ficar pronta, sendo que com a tecnologia wood frame, contando com o acabamento final, ela ficaria pronta em no máximo, estourando, três meses”.