Reputação em jogo

Caso Gabriela Pugliesi: Crise de imagem e humanização do erro na web

As crises de imagem são causadas por pequenos erros ignorados que vão se acumulando ou…

As crises de imagem são causadas por pequenos erros ignorados que vão se acumulando ou por um erro significativo. Esse foi o caso da influenciadora fitness Gabriela Pugliesi, uma das maiores do segmento no Brasil que tinha mais de 4,5 milhões de seguidores no Instagram.

Quanto maior a exposição, mais rápida e descontrolada se torna a crise pela cobrança das pessoas. Porém, muitos têm uma impressão de que a internet é terra sem lei, tendendo a exagerar em comentários que acabam evoluindo para ofensas virtuais e são passíveis de ações judiciais.

Por isso, resolvi comentar sobre os erros da Pugliesi, mas também sobre a necessidade de aprendermos a diferença entre nos posicionar e ofender alguém na internet.

O caso #pugliesi

No último sábado (25), Gabriela Pugliesi e o marido decidiram reunir amigos em casa em pleno momento de isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus.

A atitude causou indignação das pessoas na internet, inclusive porque ela foi um dos primeiros famosos a contrair o coronavírus no casamento da irmã na Bahia, no início de março.

Após o evento, muitas pessoas testaram positivo para a doença, como a cantora Preta Gil, e a esposa grávida de um motorista que trabalhou transportando pessoas no evento. A mulher, de 28 anos, morreu no início de abril.

Erros e consequências da atitude de Pugliesi

Como jornalista e gestora de reputação, acredito que os principais erros de Pugliesi foram:

  • Desobedecer às ordens de autoridades sanitárias mundiais;
  • Desrespeitar as vítimas e famílias em luto por causa da pandemia;
  • Falta de empatia, de bom senso e de noção ao aglomerar amigos e fazer um vídeo alcoolizada dizendo “foda-se a vida”, enquanto ao redor do mundo pessoas estão lutando por suas vidas e milhares de outras se sacrificando para respeitar o isolamento;
  • Incoerência entre discurso e ação já que é vista como uma incentivadora da vida saudável;
  • Subestimar sua audiência ao acreditar que as pessoas achariam o encontro normal, como mais um capítulo de seu lifesytle, mas os seguidores criticaram a atitude.

As consequências foram desastrosas. Ainda no domingo, ela começou a perder seguidores e, na segunda-feira, já havia perdido mais de 150 mil quando decidiu desativar sua conta na rede social. Ela também perdeu cerca de nove contratos com marcas parceiras.

Mas o que isso ensina a nós todos como internautas?

Bom, primeiro que a melhor maneira de lidar com crises de imagem é preveni-las, sempre pensando no que vamos publicar e como isso vai impactar os outros. Até porque, um dos ativos da reputação é a percepção que os outros têm de nós e isso não se pode controlar.

Em segundo lugar, precisamos entender que, na internet – assim como fora dela -, todos nós estamos sujeitos ao erro, mas como “julgadores” precisamos entender a diferença entre nos posicionar e ofender alguém.

O posicionamento é um direito nosso, como cidadãos, como consumidores, como audiência dos novos canais de mídia e é importante sim que a gente se posicione e cobre responsabilidade de pessoas públicas.

No entanto, a ofensa virtual ultrapassa os limites do posicionamento. Perseguição, agressão psicológica, violência verbal, difamação, calúnia, injúria (xingamentos) podem ser motivos de ações na justiça.

Se queremos construir um ambiente virtual com mais tolerância, precisamos aprender a nos posicionar sem ofender, sem ser violento ou agressivo. A comunicação não-violenta, inclusive, é uma das várias habilidades comportamentais (soft skills) em ascensão, sendo cada vez mais exigida pelas empresas.

Afinal, humanizar a internet demanda também humanizar os erros, a maneira como reagimos a eles e nos comunicamos com os outros.

Karolina Vieira, jornalista pós-graduada em Comunicação Estratégica, Especialista em Conteúdo e Marketing Digital e professora do MBA de Assessoria de Imprensa na Comunicação Digital da UniAraguaia