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EXPORTAÇÕES

Caiado afirma que Lula “não quer resolver o problema” do tarifaço

Governador de Goiás declarou que Lula não tem vontade política para negociar tarifação de 50% imposta pelos EUA e reclamou que governadores dos estados mais prejudicados não estão sendo consultados

Homem grisalho vestindo um terno, sentado em uma cadeira branca segurando um microfone e gesticulando
Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, faz críticas a Lula durante painel para investidores, empresários e líderes do setor financeiro. Foto: Paulo Bareto

Goiás será um dos estados mais impactados pelo tarifaço de 50% nas exportações brasileiras aos EUA que devem entrar em vigor no próximo dia 1º de agosto. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), adotou um tom direto ao criticar a falta de articulação do governo federal. Ao lado dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do Paraná, Ratinho Jr., Caiado destacou que o impacto da medida sobre estados produtores exige uma resposta urgente de Brasília, que até agora não aconteceu.

“Não podemos assistir calados enquanto o setor produtivo, que sustenta a economia nacional, é penalizado. O governo federal sequer dialogou conosco, governadores diretamente afetados por essa decisão. Isso é inaceitável”, afirmou Caiado, sendo aplaudido pela plateia formada por investidores, empresários e líderes do setor financeiro. E foi enfático: “O agro está tomando uma pancada sem precedentes e o que vemos é um governo que prefere fazer discurso ideológico do que enfrentar os fatos com responsabilidade.”

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Caiado ainda acusou o governo federal de agir com irresponsabilidade diplomática. Segundo ele, o Palácio do Planalto está ignorando a gravidade do impacto econômico que a medida americana pode ter sobre os estados produtores. “É inadmissível que a União mantenha silêncio enquanto perdemos competitividade internacional. Estamos falando de empregos, de arrecadação, de investimentos que podem não acontecer.”

Negociações por conta própria

Enquanto o governo federal permanece em silêncio diante da tarifação imposta pelos Estados Unidos, os estados mais impactados, como Goiás, São Paulo e Paraná, já se articulam para proteger suas economias. Governadores têm buscado interlocução direta com empresas americanas, representantes do Congresso dos EUA e embaixadas para apresentar dados, reforçar o papel do agronegócio na economia brasileira e argumentar contra as medidas protecionistas. “Estamos nos movimentando por conta própria. Não dá para esperar passivamente enquanto setores estratégicos estão sendo atacados”, afirmou Tarcísio de Freitas. O governador de São Paulo anunciou a criação de um fundo de R$ 500 milhões para mitigar os impactos da tarifação no setor produtivo do estado.

Os reflexos, segundo os próprios governadores, já começaram a ser sentidos. Caiado relatou que apenas no último mês, Goiás deixou de fechar contratos que representariam cerca de R$ 700 milhões em exportações de carne e soja. Empresas goianas do setor agroindustrial estão revendo seus planos de expansão e já há registros de demissões em frigoríficos do interior. Em São Paulo, Tarcísio mencionou que exportadoras de máquinas agrícolas e de autopeças reportaram queda de até 20% nas encomendas internacionais. No Paraná, Ratinho Jr. falou em retração da confiança do produtor rural, o que já provocou uma redução de 12% na busca por crédito agrícola, mesmo antes da tarifa entrar em vigor. Esses dados reforçam a urgência de ação e cobram protagonismo do governo federal. “Estamos prontos para agir. O que falta é o governo federal nos tratar como aliados estratégicos, e não como adversários políticos”, afirmou Caiado.

A coluna Descomplicando viajou para a XP Expert a convite da XP Investimentos.

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