Anderson Torres diz que minuta do golpe ‘foi parar’ em sua casa ‘por fatalidade’
Ex-ministro da Justiça disse que nunca tratou minuta com Bolsonaro

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres disse nesta terça-feira (10), durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), que a minuta do golpe encontrada em sua casa em Brasília “foi parar” ali “por uma fatalidade“. Ele ainda negou ter discutido o conteúdo do documento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontado por investigadores como possível beneficiário de uma tentativa de ruptura institucional após as eleições de 2022.
Segundo Torres, a minuta do golpe chegou ao seu gabinete no Ministério da Justiça por meio da assessoria, mas jamais foi debatida por ele ou levada adiante. “Isso foi parar na minha casa, mas eu nunca discuti esse assunto, eu nunca trouxe isso à tona, isso foi uma fatalidade que aconteceu, porque era para ter sido destruído há muito tempo”, disse. Ele também afirmou que “nunca tratou isso com o presidente da República”.
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A minuta, segundo apuração da Polícia Federal (PF), tinha como objetivo instaurar estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e anular o resultado das eleições, invalidando a vitória de Lula sobre Bolsonaro. Torres, no entanto, disse que o conteúdo do documento era “muito mal escrito” e chegou a ironizá-lo: “Não é a minuta do golpe, eu brinco que é a minuta do Google, porque está no Google até hoje”.
O ex-ministro é um dos oito réus que integram o chamado “núcleo crucial” da suposta trama golpista. Durante o interrogatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, Anderson Torres repetiu que desconhecia a autoria do documento e que “nunca, nunca, nunca” discutiu o assunto com ninguém. “Não é da minha lavra, não sei quem fez, não sei quem mandou fazer.”
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As oitivas dos investigados ocorrem presencialmente na sala de sessões da Primeira Turma do STF, adaptada para essa etapa processual. Além de Torres, também prestam depoimento os ex-ministros Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
Anderson Torres também afirmou que após a derrota de Bolsonaro nas urnas, passou a receber diversos documentos e sugestões, mas reforçou que a minuta do golpe jamais foi debatida formalmente ou colocada em prática. Ele reiterou que o documento, encontrado em sua casa pela PF em janeiro de 2023, deveria ter sido descartado e que o episódio foi fruto de uma “fatalidade”.
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