SAÚDE

Conheça as vacinas que os adultos precisam tomar

Vacinas costumam ser associadas à infância. No entanto, há um calendário de imunizantes específico para…

Total de vacinados com dose de reforço chega a 10,9% em Goiás - (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)
Total de vacinados com dose de reforço chega a 10,9% em Goiás - (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

Vacinas costumam ser associadas à infância. No entanto, há um calendário de imunizantes específico para adultos, oferecido tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto por clínicas privadas. Com a carteirinha em dia, a pessoa corre menos risco de adoecer, leve ou gravemente.

Durante muito tempo, o calendário nacional recomendava que adultos somente se vacinassem contra tétano a cada dez anos. Além disso, “os médicos não tinham a cultura de orientar os pacientes de que as doenças infecciosas são uma roleta-russa, que matam e causam sequelas”, diz Mônica Levi, presidente da Comissão de Revisão de Calendários de Vacinação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Isso mudou e, atualmente, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece nove vacinas para indivíduos com mais de 20 anos: hepatite B, febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), dupla adulto (difteria e tétano), dTpa (difteria, tétano e coqueluche, para gestantes e profissionais de saúde), além de, para imunossuprimidos, influenza (gripe), HPV, meningocócica e a pneumocócica (também para idosos em instituições de longa permanência). Clínicas privadas comercializam todas essas vacinas e outros seis imunizantes aprovados pela Anvisa: hepatite A, varicela (catapora), pneumocócicas, herpes zóster, dengue e meningite B e ACWY.

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Manter a vacinação em dia, afirma Mônica, deve fazer parte dos cuidados de saúde de qualquer adulto. Ela aponta que, se uma pessoa adoecer gravemente de hepatite A, por exemplo, terá de ficar afastada do trabalho, isolar o uso do banheiro e oferecerá um risco para os parentes que vivem na mesma casa que ela. Já a hepatite B, quando se torna crônica, exige cuidados para o resto da vida. Uma gripe, que costuma ser leve para adultos saudáveis, não raro evolui para formas graves em indivíduos com baixa imunidade. A febre amarela, por sua vez, tem um potencial enorme de matar qualquer um, saudável ou não. Para todos esses males, o melhor remédio é a prevenção.

Enfermidades antigamente consideradas de criança também afetam adultos. “Quando eu fiz faculdade, sarampo, caxumba, rubéola e catapora eram chamadas de doenças próprias da infância, ou DPI. Essa terminologia não existe mais, porque pessoas de qualquer idade podem se infectar”, diz Mônica. Se o indivíduo não tem o comprovante de imunização da infância, precisa receber as vacinas que protegem contra essas moléstias. Achar que foi contaminado, e por isso está imunizado, não conta como prova, uma vez que os sintomas dessas infecções — febre e vermelhinho no corpo — são parecidos com os de outras viroses. A imunização contra essas enfermidades é uma proteção não só para os adultos, mas também para a população ao redor deles com imunidade comprometida, como bebês, gestantes, idosos e indivíduos com comorbidades.

Para mulheres de até 45 anos e homens de até 26 imunossuprimidos, o SUS oferta ainda a vacina contra o papiloma vírus humano, ou HPV. Transmitido por meio do sexo, inclusive oral, o vírus causa verrugas e lesões que podem evoluir para câncer de colo de útero, de pênis, de garganta e de ânus. Apesar de o imunizante ser indicado para crianças e adolescentes antes do início da vida sexual, indivíduos mais velhos que já tiveram relações podem ser beneficiados com a vacina, pois existem mais de 150 tipos de vírus HPV.

Também para pessoas com algumas comorbidades, o SUS oferece a meningocócica, que protege contra a meningite. O imunizante é igualmente recomendado para adultos saudáveis que viajam para países com incidência da enfermidade, nesse caso, em clínicas particulares.

Sobre a covid, a médica afirma ainda ser cedo para prever se as pessoas deverão receber mais doses de reforço com o passar do tempo. “Ainda não sabemos como o vírus vai se comportar. O que os cientistas já descobriram é que o coronavírus não sofre mutações na mesma velocidade do vírus da gripe. As vacinas existentes protegem contra todas as cepas e a tendência é que o vírus se torne menos agressivo do que quando chegou, porque encontrou uma população sem imunidade”, diz ela.

Com imunidade baixa, idosos precisam de cuidados extras

Ao longo da vida de uma pessoa, o sistema imune progressivamente perde a sua capacidade de defesa contra organismos invasores, em um processo chamado imunossenescência. No Brasil, são considerados idosos indivíduos acima de 60 anos. Conforme a idade avança, mais fraca é a resposta imunológica.

Especificamente para os idosos, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a vacina da gripe. “O objetivo da campanha não é evitar a contaminação pela doença, mas sim que ela evolua para formas graves e levem a pessoa à morte”, aponta Mônica Levi, presidente da Comissão de Revisão de Calendários de Vacinação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Como o vírus influenza, causador da gripe, tem alta capacidade de mutação, as cepas circulantes mudam rapidamente. Por isso, novos imunizantes são atualizados anualmente.

Para idosos em instituições de longa permanência ou com algumas comorbidades que comprometam o sistema imunológico, o SUS oferta ainda a vacina contra pneumonia. Em clínicas particulares, idosos também podem ser imunizados contra a herpes zóster, outra enfermidade ligada à imunossenescência. Trata-se de uma infecção viral provocada pelo mesmo vírus da catapora, o varicela-zóster. O micro-organismo permanece em estado latente nos gânglios de uma pessoa infectada previamente e pode ser reativado quando a resposta imunológica cai. O vírus, então, desencadeia uma lesão chamada zóster, que causa muita dor.