COMBUSTÍVEL

Guedes rejeita cortar imposto da gasolina, mas concorda em reduzir ‘um pouco’ do diesel

O ministro da Economia, Paulo Guedes rejeitou nesta terça-feira (1º) a ideia de subsidiar os…

Guedes rejeita cortar imposto da gasolina, mas concorda em reduzir 'um pouco' do diesel
Guedes rejeita cortar imposto da gasolina, mas concorda em reduzir 'um pouco' do diesel - (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

O ministro da Economia, Paulo Guedes rejeitou nesta terça-feira (1º) a ideia de subsidiar os preços da gasolina, mas concordou em reduzir “um pouco” os tributos sobre o diesel. Ele sugeriu que a transição para uma economia global mais sustentável e o processo de entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) podem ir na direção contrária à ideia de um subsídio amplo para os combustíveis de automóveis.

“Estamos em transição para uma economia verde, para a OCDE digital. Será que deveríamos subsidiar a gasolina?”, questionou em evento virtual do banco Credit Suisse.

A OCDE incluiu nos documentos que formalizam o início das negociações para o ingresso do Brasil na entidade obrigações de redução de desmatamento e medidas de mitigação de mudanças climáticas previstas no acordo de Paris.

Há resistências à ideia de apresentar uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para frear a aceleração dos preços de combustíveis e Guedes tenta limitar o alcance da medida. Nesta segunda (31), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o governo desistiu de enviar uma PEC sobre o tema e que a solução deve vir do próprio Congresso.

Guedes disse que a PEC está sendo estudada e que as reduções de impostos estão sendo analisadas com moderação. Segundo ele, é possível reduzir os impostos sobre diesel “para o Brasil girar melhor”. “Nós arrecadamos em torno de R$ 17 bilhões, R$ 18 bilhões ao ano com o diesel. Poderíamos reduzir um pouco disso”, afirmou.

Nas discussões da PEC, também foi analisado permitir que governadores reduzam o imposto estadual ICMS sobre os combustíveis. Mas Guedes buscou se distanciar do assunto dizendo que a mudança sobre o imposto é uma discussão para o Congresso.

“Se houver uma iniciativa do Congresso, esse é um problema político. Se eles quiserem limitar a incidência do ICMS, transformar de ad valorem [com base no valor cobrado nas bombas] para ad rem [valor fixo por litro], e limitar a 25% ou 20%, é um problema político, eu não entro nessa discussão”, afirmou.

Guedes foi perguntado sobre a ideia de eliminar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), presente no plano de reforma tributária elaborado por ele. Sem mencionar diretamente o tributo, disse que vários impostos serão um dia fundidos em um novo modelo.

O ministro defendeu que a arrecadação está crescendo de forma permanente e que esse aumento não deve ficar na mão do “Estado obeso”, mencionando inclusive que seria bem-vindo um “teto de impostos”. “É bem-vindo em vez de falar só de teto de gastos, pensar em teto de impostos. Eu sou um liberal. Os impostos têm que ter limites. A população não pode ser abusivamente explorada por imposto como é no Brasil”, afirmou.

O ministro aproveitou para defender o governo e disse que a transição para uma economia mais liberal ainda não finalizada, mencionando que há oposição a isso inclusive dentro do governo. “Um segundo mandato é para dar sequência a essa transição. Estamos em uma transição incompleta”, afirmou.

“Temos dificuldade para implementar as privatizações, apesar de o presidente ter 60 milhões de votos [nas eleições de 2018] e ter se comprometido com o programa liberal. Às vezes a oposição está dentro do governo, tem gente que não entendeu que essa transição precisa ser feita”, disse.

Para Guedes, é preciso em um eventual segundo mandato voltar a buscar medidas como a desobrigação e a desvinculação do Orçamento público, uma proposta que foi enviada ao Congresso mas não implementada da maneira imaginada pelo ministro.

Os BCs do mundo continuam dormindo no volante com a inflação, disse, enquanto o Brasil já tem elevado a taxa de juros para conter a escalada nos preços. Para Guedes, esse fator, combinado com as chuvas nos últimos meses, deve contribuir para o cenário. A previsão dele, inclusive, é que sejam removidas as bandeiras vermelhas na conta de energia em breve.