Governo Lula aposta em discurso de justiça tributária para enfrentar oposição nas redes
Avaliação é de que o discurso pode conquistar uma fatia importante do eleitorado.
Integrantes do governo federal e da direção do PT passaram a ver no debate sobre a cobrança de impostos uma oportunidade estratégica para enfrentar a oposição e mobilizar apoiadores nas redes sociais. Um monitoramento interno realizado pelo partido apontou que o tema da justiça tributária tem potencial de gerar um engajamento superior ao que a esquerda costuma alcançar em discussões online, mesmo diante da resistência de empresários e da pressão no Congresso Nacional.
A avaliação entre os petistas é que o discurso da justiça tributária, com foco na taxação dos mais ricos e de grandes empresas, pode conquistar uma fatia importante do eleitorado. O argumento central é de que a arrecadação será utilizada para financiar políticas públicas e benefícios sociais, como a isenção de Imposto de Renda para os brasileiros de menor renda.
Embora reconheçam que a estratégia pode ampliar o desgaste do governo junto a lideranças políticas e ao setor econômico, dirigentes do partido reforçaram, nos últimos dias, a disposição de sustentar a narrativa. Segundo relatos, o próprio presidente Lula chegou a demonstrar preocupação com a repercussão negativa, mas acabou endossando o discurso.
A nova abordagem já vem sendo adotada em falas recentes de integrantes do governo e do partido. Em entrevista ao podcast Mano a Mano, divulgada na última quinta-feira (19), Lula defendeu o aumento de impostos para os que têm maior poder aquisitivo. “O IOF do Haddad não tem nada de mais”, afirmou, ao comentar a proposta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na sequência, reforçou a defesa da chamada “justiça tributária”: “Quem ganha mais deveria pagar mais imposto do que quem ganha menos”.
O presidente também mencionou setores específicos que, segundo ele, têm contribuído pouco em relação aos lucros obtidos. “Estamos pegando os setores que ganham muito dinheiro e que pagam muito pouco. As bets pagam 12%, nós queremos que paguem 18%. Eles ganham bilhões, bilhões, bilhões e bilhões. Não querem pagar. As fintechs hoje são quase que uns bancos. Não querem pagar. Então, essas brigas nós temos que fazer. Não dá para ceder toda hora”, declarou Lula.
Com informações da Folha de S. Paulo
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