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ICMS: Petrobras culpa estados por preço alto da gasolina – tributarista contesta

A Petrobras culpa estados por preço alto da gasolina. Apontamento foi feito pelo presidente da…

Câmara Federal aprova mudança no cálculo do ICMS
Câmara Federal aprova mudança no cálculo do ICMS (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

A Petrobras culpa estados por preço alto da gasolina. Apontamento foi feito pelo presidente da empresa, Joaquim Silva e Luna, que atribuiu os valores exorbitantes à cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Segundo o comandante da estatal, a empresa não tem responsabilidade no valor de mais de R$ 6 que vem sendo cobrado dos consumidores, nas últimas seis semanas. “A Petrobras não tem controle de preço sobre a bomba”, disse.

Silva e Luna fez a declaração durante um depoimento à Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (15). O comentário não agradou os parlamentares, que alegaram que o presidente da Petrobras não deu explicações sobre porque o preço da gasolina foi reajustado nove vezes pela estatal apenas neste ano.

Luna repetiu diversas vezes que a Petrobras responde por 34% do valor final da gasolina — apenas R$ 2 dos R$ 6 —, e que é preciso ajuda dos governadores para evitar que o preço do combustível continue crescendo.

Segundo ele, a segunda parte, a do preço, corresponde a uma série de tributos e a outros termos da equação.

“A distribuição e revenda, o custo da mistura do etanol anidro, impostos estaduais, ICMS, e impostos federais, Cide, PIS, Cofins. Desses impostos aqui, eles estão na cadeia, o que afeta, porque acaba impactando todos os outros, é exatamente o ICMS”, ponderou o presidente da Petrobras.

Petrobras culpa estados e escuta crítica de parlamentares

Durante a sessão, o Presidente ouviu críticas à política adotada pela Petrobras para definir o valor dos combustíveis na refinaria. O método faz com que o valor dos derivados de petróleo acompanhem as cotações do mercado internacional e o valor do dólar.

Silva e Luna reconheceu que “um dólar forte torna as commodities mais caras”, mas afirmou que a empresa “não repassa de imediato” essa volatilidade aos consumidores. Além disso, não se mostrou disposto a abrir mão da política aplicada.

“Qualquer termo que seja modificado, modifica a equação inteira. Necessariamente, quando há uma flutuação nos preços, não significa que a Petrobras teve alteração no preço do seu combustível. É um efeito que acontece em cascata e gera alguma volatilidade no preço do combustível”, afirmou.

Para Luna, a Petrobras é responsável por parcela do preço dos combustíveis e tem total consciência disso. “Ela é responsável pela parcela inicial, exatamente daquilo que é combustível propriamente dito”, completou Silva.

Preço alto da gasolina: parlamentares fazem cobranças

Na opinião de alguns parlamentares, o presidente da estatal errou em jogar a culpa no imposto do ICMS.

“Seria por demais simplista atribuir o elevado preço de combustíveis no Brasil apenas jogando a responsabilidade no ICMS. Em 2011, a gasolina custava R$ 2,90, e a carga tributária era a mesma dos dias atuais”, ponderou Edio Lopes (PL-RR).

“É a partir da Petrobras que os preços dos combustíveis começam a subir em cascata no Brasil. É preciso, urgente, pensarmos uma política de precificação que seja salutar para Petrobras, seus acionistas, mas que não seja danosa para os brasileiros”, reforçou Lucas Vergílio (Solidariedade-GO).

Tributarista aponta que presidente da Petrobras insiste em falsa narrativa sobre ICMS

Especialistas apontam que o governo e a Petrobras fogem da responsabilidade de controlar o valor dos combustíveis ao transferirem a culpa a governadores e prefeitos.

O advogado tributarista, Eduardo Muniz Cavalcanti, diz que a estatal expõe uma falsa narrativa acerca dos valores dos combustíveis.

“Recentemente, ela [Petrobras] obteve bilhões de reais pela exclusão do ICMS das bases do PIS e da COFINS por decisão do Supremo, não só retroativamente, mas também com efeitos prospectivos”, sublinha Eduardo.

Porém, continua ele, “nada refletiu no preço. [Governo e Silva e Luna estão] fazendo um jogo político de empurrar a “culpa” pelo alto preço dos combustíveis aos Estados”, afirma Eduardo

A forma com que governo federal e Petrobras vem lidando com o assunto dos combustíveis também é alvo de questionamento do conselheiro Fernando de Aquino, do Conselho Federal de Economia (Cofecon).

“O ICMS não teve alteração ultimamente, está com a incidência normal que sempre teve. Por que o governador deveria abrir mão de uma fonte de financiamento dos estados e colaborar com o controle da inflação, quando a fixação de preços é responsabilidade da Petrobras?”, indaga.
*Com informações do Correio Braziliense

*Larissa Feitosa compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Hugo Oliveira.