Sete em cada 10 brasileiros já vivenciaram pelo menos um evento extremo associado às mudanças climáticas
Fortes chuvas, falta d’água, ondas de calor, ciclones e queimadas são algumas das principais preocupações para 84% da população

Sete em cada 10 brasileiros já vivenciaram pelo menos um evento extremo associado às mudanças climáticas. Os episódios recorrentes de fortes chuvas, falta d’água, ondas de calor, ciclones e queimadas são algumas das principais preocupações para 84% da população, que afirma ainda apoiar investimento em fontes renováveis de energia. Os dados são da pesquisa divulgada nesta segunda-feira (4) pelo Instituto Pólis e pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica).
Entre os eventos que mais atingiram a população estão: chuvas muito fortes (20%); seca e escassez de água (20%); alagamentos, inundações e enchentes (18%); temperaturas extremas (10%); apagão de energia (7%); ciclones e tempestades de vento (6%); e queimadas e incêndios (5%).
Fontes não-renováveis de energia são culpados
Para a maior parte dos brasileiros, as causas dos extremos climáticos estão diretamente associadas às fontes não-renováveis de energia como petróleo (73%), carvão mineral (72%) e gás fóssil (67%).
A pesquisa foi realizada presencialmente em todas as regiões do país entre 22 e 26 de julho de 2023. A amostra tem 2 mil respostas e intervalo de confiança de 95%, com margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
— A pesquisa indica, de forma inédita, que há uma tendência de custo político cada vez mais elevado se o caminho das decisões governamentais continuar sendo no investimento de fontes não-renováveis. Os números mostram que os brasileiros querem investimento prioritário em fontes renováveis e entendem essa decisão como fundamental para o combate às mudanças climáticas — comenta Henrique Frota, diretor-executivo do Instituto Pólis.
98% dos brasileiros temem extremos
Segundo a pesquisa, a grande maioria da sociedade brasileira entende que os eventos extremos continuarão ocorrendo e 98% das pessoas temem uma nova ocorrência de pelo menos um evento extremo.
Além disso, a maior incidência de certos eventos por região do país, ou seu impacto desproporcional sobre alguns grupos sociais, faz com que o grau de alerta e preocupação varie. Ciclones e tempestades de vento, por exemplo, afligem proporcionalmente mais a população da região Sul (29% frente à média nacional de 13%).
Já alagamentos, inundações e enchentes (23% nacionalmente) preocupam mais as classes D eE (25%) do que as classes A e B (19%). Também há diferença se considerada a variável raça/cor. A população negra apresenta maior preocupação (25%) do que a população branca (21%) sobre estes eventos.
Transição energética é percebida como fundamental
Os brasileiros entendem que o investimento em fontes renováveis é chave para o combate às mudanças climáticas. A população defende a diversificação da matriz energética brasileira por meio de mais investimentos em fontes renováveis, em detrimento da continuidade de subsídios aos fósseis. Para a grande maioria dos entrevistados (84%), as prioridades de investimento do país devem ser centradas na energia solar (57%), hídrica (14%) e eólica (13%).