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Com tornozeleira eletrônica, Cachoeira faz festa de filha em Cmei da periferia

Apesar de condenado e monitorado com tornozeleira eletrônica, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira participou,…

Apesar de condenado e monitorado com tornozeleira eletrônica, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira participou, na tarde desta quinta-feira, 21, de uma festa do segundo aniversário que fez para a própria filha, com crianças que estudam em um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) do Jardim Itaipu, na periferia de Goiânia. A Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou que abrirá um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) e comunicará à Justiça.

O Mais Goiás falou com a diretora da unidade, que revelou ter acontecido lá uma festa para as crianças do Cmei, dada por uma família. “Eu não sei quem é a família, e não reconheci se era a família do Cachoeira ou não. Eles pediram para comemorar o aniversário da filha junto das crianças, e nós ficamos gratas pela festa. Quem intermediou foram duas conhecidas de uma empresa contratada para fazer o evento,” disse.

Já eram cerca de 16h30, e o evento chegava ao final. Mesmo assim, várias crianças, na saída do local, sendo buscados pelos responsáveis, levavam alguns saquinhos com salgados e balinhas.

A DGAP esclareceu, através da Assessoria de Comunicação Social, que Cachoeira tem autorização provisória para trabalhar como coordenador comercial em uma indústria farmacêutica. Na nota é informado que a jornada de trabalho é de segunda a sábado, no horário compreendido entre 8 horas e 21 horas, com duas horas de intervalo para almoço, conforme documento protocolado na 7ª Vara Criminal no dia 08/06/2018.

Segundo a DGAP, tão logo tomou conhecimento sobre possível participação de Cachoeira, na tarde de uma festa no Jardim Itaipu, em Goiânia, determinou à direção da unidade prisional que instaure Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apuração dos fatos. Destaca também que o Poder Judiciário será imediatamente comunicado sobre a situação.

O juiz Oscar de Oliveira Sá Neto, da 7ª Vara Criminal e de Execuções Penais não foi informado sobre a situação, e já pediu esclarecimentos à Administração Penitenciária. Pelo telefone, o proprietário da empresa em que Cachoeira trabalha informou que tinha conhecimento e que ele mesmo liberou o funcionário para sair mais cedo, após trabalhar durante o horário de almoço.

CACHOEIRA
Cachoeira foi preso no início de maio, na casa do irmão, em um condomínio fechado da capital. Na ocasião, ele cumpria prisão domiciliar preventiva por ser alvo de investigação da Operação Saqueador, da Polícia Federal. A determinação de prisão foi expedida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro, no dia 4/5, apesar da condenação no caso Loterj ter sido obtida em 2013.

Outro pedido de prisão foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro no dia 8/5, mas a prisão do bicheiro ainda levou mais dois dias por falta de documentação. Levado ao Rio para cumprimento de pena em regime fechado, foi beneficiado com a transferência do caso para Goiás e, dias depois, com a conversão da pena para regime semiaberto.

As fraudes na Loterj, segundo os autos, tiveram início no ano de 2002. O caso contra Cachoeira foi encorpado por ele próprio, quando apresentou vídeo em que combinava o pagamento de vantagens indevidas ao então presidente da loteria, Waldomiro Diniz. Segundo denúncia do Ministério Público, Waldomiro teria pedido R$ 1,7 milhão em troca de uma alteração em um edital de licitação em benefício do bicheiro.

Além de beneficiar Diniz, o dinheiro, de acordo com o MP, teria sido utilizado em campanhas políticas. Para a defesa, a condenação é um “absurdo”.

Cachoeira quando foi preso, no Rio (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Cachoeira quando foi preso, no Rio (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)