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Conflito por herança e sumiço de cães teria motivado suposta agressão de major contra cunhada em Trindade

Polícia Militar abre apuração sobre abordagem em Trindade; Major nega irregularidades

Imagem do major e da vítima com o braço quebrado
Mulher acusa cunhado major da PM de invadir casa, agredi-la e abusar dela em Trindade (Fotos cedidas ao Mais Goiás)

Episódio envolvendo a prisão de uma mulher de 30 anos em Trindade na quarta-feira (17), teria origem em conflitos familiares e disputa por herança, segundo os relatos da vítima na Delegacia da Mulher do município (Deam). Já o militar afirma que agiu dentro da legalidade durante a abordagem à sua cunhada, negando qualquer agressão ou assédio sexual, e que a ação foi motivada por denúncia sobre o desaparecimento de cães na residência da vítima.

Segundo a vítima, Mônica Ricelle, a família está envolvida em disputa judicial por uma herança da qual a irmã, que é advogada, foi destituída. A abordagem teria ocorrido após decisão no processo de inventário que determinou o bloqueio dos bens sob a responsabilidade da inventariante, enquanto ela não prestasse contas ao Judiciário. Mônica relata que, após essa decisão, familiares foram até sua residência com a presença de policiais militares, o que teria desencadeado a abordagem violenta.

Durante a ação, ela afirma que os policiais teriam usado força excessiva, ocorrido toques íntimos em seu corpo, e que foi algemada, sofreu quedas e lesões, tudo na presença do filho de apenas 1 ano e oito meses. Mônica relatou que o cunhado teria dito de forma truculenta, “Você vai aprender quem que eu sou. Eu sou major, ninguém vai te ouvir.”

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Fotos cedidas pela vítima
A mulher ficou com diversos ferimentos e hematomas pelo corpo (Foto: cedida ao Mais Goiás)

A mulher afirma que doou os cães por questões médicas, tendo avisado a família com antecedência. Segundo ela, o cunhado, que mora em outra residência, poderia ter ido buscar os animais, já que ela era responsável pelos cuidados desde 2022. Os cães estavam na casa em que ela mora com a mãe e o filho, que apresenta alergia a animais.

A vítima prestou depoimento na Delegacia da Mulher, realizou exame de corpo de delito e solicitou medida protetiva contra o cunhado, além de registrar boletim de ocorrência no contexto de violência doméstica. Ele teve diversas escoriações e hematomas

Já o Major Adriano Soares afirma que a prisão ocorreu após denúncia sobre o desaparecimento de cães, que, segundo ele, pertenciam a ele e a outro familiar. Ele alega que foi até o imóvel porque a mulher teria doado os animais sem o consentimento dos donos. O militar nega agressões ou assédio sexual e afirma que quaisquer ferimentos sofridos pela vítima teriam ocorrido durante a resistência à prisão. Ele também ressalta que a mulher possui histórico de conflitos familiares e costuma inventar situações para constranger os parentes, e que todas as ações da PM seguiram os procedimentos legais.

Ao Mais Goiás, a Polícia Militar de Goiás (PMGO) informou que tomou conhecimento da ocorrência registrada em Trindade. Segundo a corporação, o policial citado estava de folga no momento dos fatos e solicitou apoio de uma equipe em serviço, que conduziu os envolvidos às autoridades competentes. A Corregedoria da PMGO instaurou procedimento para apurar as circunstâncias e a conduta dos policiais. A corporação ressalta que atua sempre dentro da legalidade e das normas institucionais.

Leia na íntegra nota enviada pela corporação:

“A Polícia Militar de Goiás (PMGO) informa que tomou conhecimento da ocorrência registrada no município de Trindade, no dia 17 de dezembro.

Esclarece-se que o policial militar citado encontrava-se em horário de folga no momento dos fatos. A desavença ocorreu no interior da residência, tendo o militar solicitado apoio de uma equipe policial de serviço, a qual compareceu ao local e conduziu os envolvidos à autoridade policial competente para os procedimentos legais cabíveis.

Em razão das informações apresentadas, a Corregedoria da PMGO adotará as medidas administrativas pertinentes, com a instauração de procedimento próprio para apuração e esclarecimento das circunstâncias e da conduta dos envolvidos.

A Polícia Militar de Goiás reafirma que não compactua com desvios de conduta e atua em estrita observância à legalidade e às normas institucionais.”

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