RESPOSTA

Construtora diz que obras no terreno da Av. 136 não afetam nascente e não desmatam área no Setor Sul

Associação Pró-Setor Sul, no entanto, alega que as atividades no local podem causar "desastre ambiental irreversível"

Construção no terreno da Av. 136, no Setor Sul, é alvo de críticas. (Foto: reprodução)
Construção no terreno da Av. 136, no Setor Sul, é alvo de críticas. (Foto: reprodução)

O Grupo IS Marista, construtora responsável pelo terreno da Av. 136, no Setor Sul, em Goiânia, disse que as obras no local não afetam nenhuma nascente. A empresa diz também que não houve desmatamento na área. As afirmações são respostas às manifestações e críticas da Associação Pró-Setor Sul, que alega que as atividades no local podem causar “desastre ambiental irreversível”.

Na quarta-feira (22), a Aprosul disse ao Mais Goiás que há parecer da Amma que aponta que terreno abriga a mais importante nascente do Córrego Buriti, que abastece o Bosque dos Buritis e o Lago das Rosas. Segundo a Associação, as obras no local podem secar a nascente.

O IS Marista, no entanto, negou que haja prejuízo ambiental no terreno. Segundo nota enviada à reportagem,  a área não é considerada como local da nascente do Córrego dos Buritis. A construtora afirma que existe uma nascente no ambiente, mas que fica a mais de 300 metros do local adquirido pelo grupo empreendedor.

A construtora também diz que não houve desmatamento, “uma vez que não existia vegetação nativa”. De acordo com o texto, 86 árvores foram suprimidas, mediante autorização da Amma. “São espécies que não pertencem à vegetação nativa e muitas apresentavam risco de queda como mangubas e mangueiras”, completou. Para compensar a derrubada, a empresa fez a doação de de 3.150 mudas de árvores nativas do Cerrado, que são utilizadas em reflorestamento de áreas degradadas na capital.

Aquisição do terreno

Por fim, ressaltou que o terreno foi adquirido por meio de leilão realizado pelo Governo Federal, em 2022, em um processo “absolutamente dentro da legalidade”. Segundo a nota, o local tem documentação em dia e o projeto será desenvolvido conforme orientações do uso do solo e plano diretor da cidade.

“O projeto, ainda em estudo, será uma construção horizontal para comércio e conveniência, obedecendo ao atual Plano Diretor de Goiânia, que não permite a construção de edifícios verticais na área. Ele vai trazer para a região um espaço sustentável para mercado, gastronomia e lazer. Um empreendimento que vai fortalecer a característica da região e ainda oferecer qualidade de vida e facilidades para os moradores locais”, afirma trecho.

O que diz a Aprosul

O presidente da Aprosul, Edmilson Moura, disse que o terreno pertencia à União e foi leiloado. A Associação chegou a requerer a suspensão da venda dessa área, mas afirma que a solicitação não foi atendida.

Edmilson alega que, no requerimento, anexou parecer da Agência Municipal do Meio Ambiental (Amma) que aponta o local com provável existência da maior e mais importante nascente do Córrego Buriti, manancial responsável pelo Bosque dos Buritis e Lago das Rosas, áreas de Unidades Municipais de Preservação.

De acordo com ele, qualquer edificação ou rebaixamento do lençol freático pode causar impacto ambiental por atingir um importante patrimônio histórico e paisagístico de Goiânia.

À reportagem, Márcia Guerrante, diretora de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Aprosul, explicou que o local possui uma nascente esparsa do Córrego Buriti. Isso significa a existência de nascentes em vários pontos. Segundo ela, o córrego nasce no terreno da Av. 136 e corre para vários locais, como o Clube dos Oficiais, por exemplo, e abastece o Bosque dos Buritis e Lago das Rosas.

Ela avalia que o desmatamento na região pode secar a nascente. “Ali deveria ser uma área de preservação, mas infelizmente não é. Mexer neste local coloca em risco patrimônios ambientais históricos de Goiânia. No plano original da cidade, a área é guardada. Agora já começaram a destruição, derrubaram tudo “, criticou.

Uma manifestação nas proximidades do terreno está prevista para ocorrer nesta sexta-feira (24).

Amma

Em nota, a Amma disse que as árvores retiradas do local não fazem parte da Área de Preservação Permanente (APP) considerada nascente do Córrego dos Buritis, salientando se tratar de propriedade privada.

A Agência informou que a retirada foi autorizada conforme a legislação vigente e laudo de vegetação apresentado e assinatura do Termo de Compensação Ambiental (TCA). Além disso, ressalta que recebeu da empresa responsável pelo terreno a doação de 3.040 mudas de árvores nativas do cerrado que são utilizadas em reflorestamento de áreas degradadas na capital.