Goiânia: assistente social acredita que sequestro foi armado pelo ex-marido
Késia afirma ter vivido um relacionamento abusivo durante anos
Em entrevista ao Mais Goiás na manhã deste sábado (15), a assistente social Késia da Silva e Silva, de 32 anos, que voltou para casa após uma semana desaparecida, afirmou acreditar que seu sequestro foi uma armação do ex-marido. Késia revelou que manteve um relacionamento abusivo com o ex-companheiro por sete anos, período no qual foi vítima de violência física. Além disso, contou que reconheceu a voz de um dos sequestradores.
“Esse meu ex-marido era muito possessivo. Muito possessivo mesmo. Eu tenho uma medida protetiva contra ele. Eu tenho várias cicatrizes de garfo, queimadura de cigarro, de tudo quanto você imaginar, de faca. Minhas costas são só cicatrizes”, desabafou.
A assistente social contou que, mesmo após a separação, há cinco anos, ele continuou a persegui-la. “Tem uns três meses que ele tentou entrar em contato comigo pelas redes sociais”, disse. Questionada sobre os sequestradores, Késia contou que reconheceu a voz de um deles. “Um deles era amigo dele, eu reconheci a voz”, declarou.
Sobre as horas que antecederam o desaparecimento, Késia detalhou que foi a um supermercado, mas não fez compras. De lá, pegou um carro de aplicativo até um bar. Horas antes de sumir, ela enviou mensagens à família pedindo um PIX de R$ 150. Questionada sobre a finalidade do valor, explicou: “Era para eu comprar um leite.”
Relembre o desaparecimento
No dia 7 de novembro, Késia saiu para ir a um supermercado próximo à residência onde mora, no Setor Recanto do Bosque, em Goiânia, foi vista saindo de um bar em um carro e, depois disso, não foi mais localizada.
A assistente social relatou que saiu do bar com uma conhecida em um carro, foi deixada próximo ao local onde mora e não lembra exatamente o que aconteceu depois disso. Ela afirma ter sido rendida e encapuzada por homens quando retornava para casa. Durante os dias em que foi mantida em cativeiro, disse ter se alimentado apenas de pão e água, sempre de capuz, sem ver o rosto de nenhum dos agressores. Ela também afirmou ter sido ameaçada e agredida.
Késia foi deixada de carro em um local desconhecido. Ao avistar um pé de caju, que reconheceu por sempre passar em frente, percebeu que estava perto de casa e conseguiu retornar a pé, sozinha, por volta das 5h30 de sexta-feira (14), ainda com o mesmo vestido amarelo do dia do desaparecimento.
Alívio da família e investigações
O retorno de Késia trouxe alívio para a família. A mãe da assistente social, que é professora e mora no Pará, veio para Goiânia ajudar a procurar pela filha.
Késia mora com uma amiga e irmã de criação, Aline Anselmo, da qual é a principal cuidadora. Além das duas, vivem na mesma residência o marido de Késia, Marcos Benigno, e a filha de Aline.
A Polícia Civil, por meio do Grupo de Investigação de Desaparecidos (GID), continua as investigações para esclarecer todas as circunstâncias do caso e identificar os envolvidos. Késia já prestou depoimento e passou por exame de corpo de delito.