Caso Lucélia levou a 100 mil denúncias de abuso, diz Adriana Accorsi à TV Mais Goiás
À TV Mais Goiás, Adriana Accorsi relembra detalhes do caso Lucélia e o impacto da repercussão no combate à violência contra crianças e adolescentes

A deputada federal Adriana Accorsi relembrou em entrevista à TV Mais Goiás detalhes do caso Lucélia Rodrigues, ocorrido em 2008, quando a menina, então com 12 anos, era mantida amarrada e sofria sessões de tortura pela mãe adotiva, Silvia Calabresi. Accorsi, que era titular da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente à época, estima que 100 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes ocorreram em todo país devido à repercussão do caso em Goiânia.
“Nós estimamos que com a divulgação do caso dela, nós tenhamos recebido em todo país 100 mil denúncias de crianças e adolescentes em situação de abuso, como foi o caso da Lucélia”, relatou Adriana Accorsi à TV Mais Goiás.
A deputada federal afirmou que o caso a marcou profundamente e que se lembra de todos os detalhes mesmo quase 17 anos após o crime. “A minha escrivã me liga dizendo que havia recebido uma denúncia anônima em que a pessoa afirmava: “Eu acredito que tem uma menina amarrada em um apartamento de determinado prédio em Goiânia”.
Ao investigar o caso, a então delegada foi até o apartamento citado na denúncia. “Neste momento ela abriu a porta. Ela (Lucélia) não estava amarrada, ela estava pendurada desde às seis da manhã com os olhos vendados e com um pano com pimenta nos olhos e na boca. A criança possuía inúmeros ferimentos em todo corpo, inclusive a língua dela havia sido cortada, o dente quebrado e as unhas arrancadas”, descreve Adriana Accorsi.
Outro detalhe da investigação citado por Adriana Accorsi é a existência de um diário onde eram escritas as torturas que a empregada doméstica deveria fazer quando Silvia Calabresi não estava em casa. “Seis horas: amarrar a Lucélia. 6h15: colocar pimenta em um pano e colocar nos olhos dela”, disse.
Superação
A deputada federal Adriana Accorsi também disse para Ana Paula Belini durante a entrevista que mantém contato com Lucélia. “Ela superou tudo isso. É uma moça linda, inteligente, que constituiu uma família muito bonita”, relata.
Ainda de acordo com a então delegada, Lucélia conseguiu perdoar, mas não esquecer a violência a qual foi submetida. “Ela faz um trabalho muito bonito e muito importante hoje de dar o testemunho do que aconteceu. É um papel importantíssimo porque ela estimula as pessoas a denunciarem situações em que pode haver um abuso contra uma criança, como aconteceu no caso dela, porque a pessoa que denunciou salvou a vida dela”, disse Adriana.