PIONEIRO

Goiano faz história ao concluir primeira pós-graduação em Palhaçaria Hospitalar

A formatura da turma aconteceu no último dia 4 outubro

Juan Rocha (Arquivo cedido ao Mais Goiás)

O palhaço goiano Juan Rocha, de 36 anos, conquistou um feito histórico ao se tornar um dos primeiros especialistas em palhaçaria hospitalar. Ele integra a primeira turma de pós-graduação na área, curso pioneiro oferecido pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

Desde 2008, Juan se dedica à palhaçaria hospitalar. “Tudo começa quando recebo um convite de uma amiga para acompanhá-la a uma reunião de voluntários. Me apaixonei primeiro pelo grupo de pessoas, muito mais do que pela missão”, contou Juan em entrevista ao Mais Goiás.

Logo na sua primeira atuação no então Hospital Materno Infantil (atual Hospital da Mulher), ele encontrou uma mulher chorando, desconsolada pela perda do filho.

“Ela me abraçou e eu fiquei calado, sem saber o que falar para consolar. Quando ela soltou o abraço, agradeceu: ‘Você foi a primeira pessoa que só me deixou chorar’. Mal sabia ela que eu queria muito conseguir consolar, mas na hora em que ela me falou isso, eu disse: ‘Ah, então tem esse outro ombro aqui se você quiser continuar chorando’. E ela começou a rir e dizer que eu era muito palhaço. Ali me apaixonei pela palhaçaria hospitalar“, detalhou Juan.

Da turma inicial de 25 selecionados em todo o Brasil, 22 concluíram o curso, que incluía disciplinas como música, mágica, técnicas de palhaçaria e conteúdos específicos da área da saúde, com aulas ministradas por médicos. A etapa prática, batizada de “Residência Bobológica”, ocorreu nos hospitais oncológicos Erasto Gaertner e Erastinho, em Curitiba.

“Foi incrível poder atuar em outro estado com colegas que usam diferentes linguagens cênicas”, contou Juan. Ele coordena o projeto “Trupcando em Sonhos”, que realiza visitas regulares não apenas a hospitais, mas também a CAPS, abrigos de idosos e crianças, e casas de apoio à saúde indígena, com extensões em Campina Verde e Belo Horizonte.

Acesso a cultura

Para Juan, o trabalho do palhaço hospitalar vai muito além do entretenimento; é uma ferramenta de promoção da saúde e da cultura, dois direitos constitucionais. “Através das relações e conexões, geramos bem-estar, liberamos serotonina, dopamina, oxitocina. Isso influencia fisicamente, emocionalmente, espiritualmente e mentalmente”, explica.

Ele ressalta que, para muitos pacientes, o primeiro contato com atividades culturais acontece dentro do hospital. “Ressignifica o ambiente. O paciente chega em casa e diz: ‘Você não sabe quem estava no hospital – um palhaço!’. Aquele lugar deixa de ser apenas onde se trata doença e passa a gerar saúde.”

Como professor, Juan já capacitou mais de mil palhaços em todo o Brasil por meio de oficinas, cursos e palestras. Além disso, atua como presidente do Fórum Permanente de Cultura de Aparecida de Goiânia e coordenador do Mr. Fun Stage Lab.

A formatura da turma pioneira aconteceu no dia 4 de outubro. “Não é habitual ter formatura de pós-graduação, mas como também não era habitual ter pós-graduação em palhaçaria, a gente saiu um pouco da caixa”, comentou o artista.

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