Karine Gouveia manteve distribuidora de medicamentos ativa após prisão
No local, foram apreendidos remédios usados em procedimentos estéticos e outros manipulados

Mesmo presos desde dezembro de 2024, o casal Karine Giselle Gouveia e Paulo Cesar Gonçalves mantinha uma distribuidora de medicamentos em funcionamento, em Goiânia. A afirmação foi feita pelo delegado que investiga o casal, Daniel José de Oliveira, que, no final da semana passada, comandou uma operação que culminou com a apreensão de centenas de medicamentos e na prisão de sete pessoas.
Sem autorização para funcionar, a distribuidora de medicamentos, de acordo com o delegado, funcionava de forma clandestina e sem qualquer identificação na porta da sala, no mesmo prédio da Clínica Karine Goveia, na Avenida T-7, no Setor Oeste, em Goiânia. A clínica está interditada desde o último dia 14 de dezembro, data em que Karine e o marido foram presos, suspeitos de deformar os rostos de mais de 70 pacientes que realizaram procedimentos estéticos naquele local.
Dentro da sala, foram apreendidos medicamentos usados em procedimentos estéticos e outros manipulados. Conforme as investigações, o casal usava receitas falsas, que eram encaminhadas para laboratórios para a fabricação de produtos que posteriormente eram revendidos, ou usados na clínica pertencente ao casal.
“O que vimos é que, mesmo com a prisão dos proprietários e com o fechamento da clínica, medicamentos continuavam sendo encomendados e manipulados, e revendidos nessa distribuidora, que não tinha registro, nem qualquer tipo de autorização para funcionar”, relatou Daniel José.
Presos seriam responsáveis pelo funcionamento da distribuidora
Durante a operação que culminou com a apreensão dos medicamentos, seis pessoas responsáveis pela logística da distribuidora e um dentista, que seria quem aplicava PMMA nas pacientes, foram presos temporariamente. As identidades deles não foram reveladas. Karine e Paulo César também tiveram suas prisões temporárias, que venceram no domingo (19), prorrogadas pela Justiça por mais 30 dias. O casal também teve R$ 6,1 mil em valores e contas bloqueadas.
A defesa de Karine e Paulo César não foi localizada para comentar sobre estas novas acusações, mas o espaço está aberto, caso queiram se pronunciar.
Atualização com notas da defesa de Karine e Paulo e da Polícia Civil:
Nota da defesa de Karine Gouveia e Paulo César:
“A defesa Karine Gouveia e Paulo César, Romero Ferraz Filho e Tito Souza do Amaral e Caio Victor Lopes Tito, respectivamente, acrescenta que os vazamentos seletivos de informações sigilosas, as quais sequer a defesa habilitada nos autos possui acesso, continuam. Após o devido acesso amplo, conforme a Constituição Federal e a Lei preveem, acredita que os fatos serão esclarecidos no seu tempo e com os documentos necessários.
- Acusações devem ser submetidas ao crivo do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. Não raras são as vezes em que a Polícia Civil (PC) acusa, mas que, ao fim do processo, a Justiça entende diferente. Isso aconteceu recentemente em Goiás, em caso envolvendo o Ipasgo (Operação Metástase), em que a Polícia Civil deflagrou uma operação midiática e irresponsável, e que, após concluir a investigação e ser submetida ao Poder Judiciário, este reconheceu que não havia crime e determinou o arquivamento.
- A Autoridade Policial, nos vazamentos seletivos, após mais de 30 dias de prisão e 1 ano de investigações, não conseguiu comprovar o uso de PMMA e outras substâncias na Clínica. Ao contrário, a fim de atingir depoimentos que possam contribuir com a hipótese acusatória – e não a apuração de fatos, como deve ser no Estado de Direito –, requer prisões temporárias sem contemporaneidade; sem necessidade; apenas com narrativas que, aos primeiro olhar, constrangem o Magistrado a deferir os pleitos, com objetivo de negociar solturas se houver depoimentos que corroborem com a hipótese acusatória, tanto que quem fala o que se quer ouvir, é solto, quem fala a verdade e ou se vale do direito de permanecer em silêncio, permanece preso. Em passado recente o Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Gilmar Mendes, considerou que tais práticas se assemelham a “tortura usando poder do Estado”.
- As defesas dos investigados têm denunciado vários abusos e violação de direitos, no entanto, a Autoridade Policial tem se valido de uma prisão sem fundamento real que está sendo utilizada como instrumento de coação para promover investigação clandestina e fora dos parâmetros legais, manchando a credibilidade das instituições e colocando em xeque todo o processo. Independente dos fatos investigados, a sociedade civil precisa estar atenta para que casos como este não se tornem a regra: pessoas sendo condenadas sem julgamento e sem direito de defesa, afinal, não se pode tolerar um Estado que prende primeiro e pergunta depois. Uma investigação que perdura há mais de ano, até agora os investigados não foram ouvidos.”
Polícia Civil respondeu:
“A Polícia Civil de Goiás reforça que todas as ações realizadas na investigação em questão seguem estritamente os ditames legais e possuem fundamento em elementos informativos robustos obtidos ao longo de mais de um ano de apuração.
Após a deflagração da operação, novas vítimas procuraram a autoridade policial, apresentando relatos e documentos que corroboram os indícios já apurados. É importante destacar que o trabalho da Polícia Civil tem como objetivo a busca pela verdade e a proteção da sociedade, sendo pautado pela transparência e pelo cumprimento da lei.
A instituição refuta categoricamente qualquer alegação de abuso ou irregularidade e mantém seu compromisso com a justiça, respeitando o devido processo legal e os direitos de todas as partes envolvidas.”