Justiça prorroga prisão de Paulo e Karine Gouveia, investigados por deformar pacientes
Defesa do casal diz que vai recorrer da decisão

O juiz Inácio Pereira de Siqueira, na quarta-feira (15), prorrogou por 30 dias a prisão dos empresários e influenciadores Karine Gouveia e Paulo César Dias, seu marido, investigados por deformar pacientes em uma clínica de Goiânia. Eles foram detidos em 18 de dezembro e tiveram a detenção mantida pela Justiça no dia seguinte.
Sobre o processo do casal, o Tribunal de Justiça informou que ele corre em segredo. A prorrogação da detenção foi confirmada, contudo, pela TV Anhanguera. Conforme o veículo de comunicação, o magistrado disse que a manutenção das prisões é imprescindível para “assegurar o êxito das apurações e permitir o aprofundamento das diligências em curso”.
Na decisão, o juiz ainda decretou a prisão temporária de outras sete pessoas pela suspeita de uma organização criminosa. Aproximadamente 60 pessoas denunciaram Karine e Paulo César Dias, também conhecido como PC Segredo, à Polícia Civil.
Em nota ao Mais Goiás, a defesa do casal disse que discorda e vai recorrer da decisão. “Não há qualquer motivação para a manutenção da prisão, uma vez que não há demonstração da sua necessidade para as investigações e que ambos podem responder às acusações em liberdade sem qualquer prejuízo para o processo”.
O portal não conseguiu contato com os advogados dos outros sete investigados.
Caso Karine Gouveia
Karine e o marido Paulo César Dias Gonçalves, o PC Segredo, foram presos em 18 de dezembro e tiveram a prisão mantida pela Justiça no dia seguinte. Conforme a polícia, entre as deformidades estéticas e funcionais permanentes, estão cicatrizes, abscesso, necroses, queimaduras, fibromialgia, inflamações severas, perda de sentidos e lesões nos ligamentos oculares.
Tanto Karine quanto PC Segredo estão recolhidos na Casa do Albergado, em virtude dos mandados de prisão temporária (prazo de trinta dias) decretados pelo Poder Judiciário. O número de vítimas que já denunciou lesões na clínica da mulher chega a 60.
Nota da defesa do casal, à época
“Sobre os procedimentos estéticos realizados na clínica, todos os pacientes sempre foram tratados com profundo respeito e cuidado. A defesa e os investigados acreditam que todos os fatos serão devidamente esclarecidos, inclusive — mas não se limitando — aos procedimentos realizados em 2017, que só agora estão vindo a público. É necessário compreender o que ocorreu nesse intervalo de tempo. Esse entendimento é tanto um direito quanto um dever dos empresários, diante dos 8 anos de atuação no mercado e dos mais de 30 mil clientes atendidos e procedimentos realizados.
As publicações baseadas em informações fornecidas pela autoridade policial, de forma unilateral e sem a realização de perícia técnica com a participação de ambas as partes, promovem a execração pública dos investigados, tratando-os como se já estivessem condenados, sem que tenham tido acesso ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. Tal postura fere gravemente os direitos humanos, desrespeitando normas internacionais protegidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, estabelecida em Haia, a qual está sendo acionada.
Quanto ao número crescente de pessoas que têm se manifestado, os investigados respeitam profundamente, mas é necessário analisar cada caso individualmente. Por exemplo, há pessoas que não seguiram as recomendações pós-procedimento; portanto, as consequências disso não se devem ao procedimento em si. Por isso, é essencial entender cada caso de forma isolada. A defesa também alerta para a importância de se realizar perícias em cada caso, com a participação de todas as partes envolvidas, incluindo os conselhos responsáveis, para garantir que todas as questões técnicas sejam devidamente validadas.
A decretação de prisão temporária é uma medida desproporcional e injustificável, especialmente diante da ausência de qualquer elemento concreto que impeça os investigados de responderem às acusações em liberdade. Vale ressaltar que, neste período sensível de Natal, essa decisão manteve um menino de apenas 7 anos afastado abruptamente de seus pais.
Por se tratar de um processo que tramita sob segredo de Justiça, a defesa não entrará no mérito das acusações, mas tem a absoluta certeza de que os fatos serão esclarecidos no processo, caso a caso.
Reforçam ainda que Karine Gouveia e Paulo César nunca tiveram a intenção de praticar qualquer crime.”
Nota da defesa sobre a manutenção da prisão:
“Sobre a prorrogação da prisão temporária, os advogados dos empresários Karine Gouveia e Paulo Cesar Dias Gonçalves, Dr. Romero Ferraz, Dr. Tito Amaral e Dr. Caio Tito,respectivamente, discordam absolutamente, e irão recorrer. A defesa esclarece que não há qualquer motivação para a manutenção da prisão, uma vez que não há demonstração da sua necessidade para as investigações e que ambos podem responder às acusações em liberdade sem qualquer prejuízo para o processo. Importante lembrar que o casal possui um filho de 7 anos que está afastado dos pais há um mês. Inclusive, o STF reconhece que esse tipo de prisão, para constranger investigados e pressioná-los a renunciar aos seus direitos constitucionais, é inconstitucional.”