CONTRA O TEMPO

Mãe de bebê com “meio” coração luta para salvar filho

Mulher conseguiu na Justiça o direito de ter o tratamento bancado pelo Ipasgo em SP, mas o instituto ainda não cumpriu a decisão

Mãe de bebê com "meio" coração luta para salvar filho
Mãe de bebê com meio coração luta para salvar filho

Uma mulher de 23 anos, natural de Goianésia, está movendo mundos e fundos para tentar salvar a vida de seu bebê de apenas 3 dias de vida. O filho de Débora Antônia nasceu no dia 21 deste mês, sexta-feira, em Goiânia, com a chamada Síndrome do Coração Esquerdo, um defeito congênito em que o lado esquerdo do coração, incluindo a cavidade cardíaca inferior, as válvulas e a aorta, é subdesenvolvido. É como se a criança tivesse apenas o lado direito do órgão vital que bombeia o sangue.

Martha Camargo é membro da Associação Amigos do Coração – Goiás, um grupo formado por mães de crianças com cardiopatia congênita, e acompanha de perto a situação preocupante. Ela conta que Débora teve o bebê na sexta-feira e, no mesmo dia, conseguiu na Justiça o direito de ter as despesas do tratamento do pequeno coberto pelo Ipasgo, no Hospital Beneficência Portuguesa, localizado em São Paulo, assim como o seu transporte e internação.

Isso, porque o tratamento, considerado de alto custo (o valor pode ultrapassar R$ 1 milhão), não existe em Goiânia. Para se ter uma ideia, conforme proposta da Brasil Vida, empresa de UTI aérea, apenas o transporte do bebê até São Paulo custará R$ 46 mil.

Para corrigir o problema no coração, o filho de Débora precisa passar por três cirurgias: a primeira de 3 a 6 dias de vida; a segunda de 3 a 4 meses e a terceira após os 2 anos. Caso não realize a primeira cirurgia no Hospital Beneficência Portuguesa, referência nesses casos, o quanto antes, o pequeno pode não sobreviver.

O que diz o Ipasgo

Mesmo com a juíza Ana Paula de Lima Castro, da Comarca de Goianésia, tendo deferido a liminar na sexta-feira, o Ipasgo ainda não cumpriu a decisão de arcar com o transporte e tratamento do bebê de Débora em São Paulo. Em nota enviada ao Mais Goiás, o instituto alegou que “existe especialista credenciado na rede para fazer esse tipo de cirurgia em Goiás e, por isso, o Ipasgo vai recorrer da decisão”.

Além disso, o órgão declarou que “cumprirá a decisão liminar mediante depósito judicial” e que “reforça que atua dentro da legalidade e sempre com prioridade absoluta para o melhor atendimento ao usuário”.

Advogado

Conforme o advogado Nilson Geraes, que cuida do caso de Débora e seu bebê, apesar do Ipasgo insistir que o tratamento para o problema da criança pode ser feito em Goiânia, o argumento não procede. “Está provado que não faz [em Goiânia]. E as crianças que fazem, não sobrevivem“, afirmou.

O advogado relata que existe uma ordem judicial mandando o Ipasgo realizar o transporte aéreo por UTI e tratamento, “porém ele não respondeu e nem cumpriu a determinação”. O Ipasgo “pode entrar com recurso como reza o Código, porém, tem que cumprir a determinação judicial”.