Exclusiva

Mulher acusa cunhado major da PM de invadir casa, agredi-la e abusar dela em Trindade

Segundo a vítima, agressões ocorreram na presença do filho de 1 ano e motivaram registro de medida protetiva contra o cunhado que é militar

Mulher acusa cunhado major da PM de invadir casa, agredi-la e abusar dela em Trindade (Fotos cedidas ao Mais Goiás)
Mulher acusa cunhado major da PM de invadir casa, agredi-la e abusar dela em Trindade (Fotos cedidas ao Mais Goiás)

Uma mulher de 30 anos denuncia ter sido agredida e presa por policiais militares dentro de sua casa em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, na terça-feira (16). Segundo ela, a ação ocorreu sem mandado judicial ou queixa-crime, na presença do filho de 1 ano e oito meses. Conforme a medida protetiva concedida pela Delegacia da Mulher (Deam), a vítima foi algemada, ferida e levada à delegacia. Entre os envolvidos estariam o major da Polícia Militar Adriano Soares, cunhado da denunciante, a irmã, uma cunhada, o irmão e a mãe da vítima, além outros policiais que estavam na ação. De acordo com a vítima, Mônica Ricceli, o major teria repetido frases como: “Eu sou major da PM, ninguém vai acreditar em você”.

A mulher afirmou ação ocorreu por volta das 20h. Ela disse que dois policiais entraram na residência sem autorização judicial, enquanto outras duas viaturas permaneceram do lado de fora. No momento, Mônica colocava o filho para dormir no quarto. A mãe dela, que também mora no local, avisou que havia pessoas querendo falar com ela. Em seguida, um dos policiais se identificou como capitão Carvalho e afirmou que precisava conversar com a moradora.

Ainda segundo Mônica, ao abrir a porta do quarto, ela foi agarrada pelos braços pelo major Adriano Soares, que teria dito: “Dessa vez você não se safa”, antes de jogá-la no chão. A denunciante afirma que foi imobilizada por outros policiais, pressionada contra o corpo de um deles de um “jeito impróprio” e agredida com chutes, sofrendo lesões na costela e no braço — este último fraturado, conforme laudo médico.

Ela relata que, durante a abordagem, os policiais teriam tocado suas partes íntimas de forma inadequada e utilizado força excessiva, mesmo sem qualquer resistência armada.

Imagens enviada pela vítima
Vítima apresentou ferimentos decorrentes da imobilização e do uso de força pelos policiais (Foto: cedida ao Mais Goiás)

Leia mais

Filho de 1 ano presenciou a cena

A vítima afirma que o filho, um bebê ainda, presenciou toda a ação, chorando e gritando enquanto ela pedia para que os policiais parassem. Segundo Mônica, o major teria repetido frases como: “Eu sou major da PM, ninguém vai acreditar em você”. Após as agressões, ela foi algemada e colocada no compartimento traseiro da viatura, onde permaneceu por cerca de 20 minutos passando mal, segundo o relato. A mulher ainda disse que sua irmã que é advogada não somente presenciava a situação como também filmou toda ação como forma de constrangê-la.

A motivação da abordagem, conforme os policiais informaram, seria uma denúncia de furto de cães da família. Mônica nega a acusação e afirma que os animais estavam sob sua posse há anos, apresentando fotos, mensagens e registros que comprovariam que ela cuidava dos cães desde 2022. Ela explica que decidiu doar os animais devido a problemas de saúde do filho, que apresenta alergias e problemas respiratórios, com orientação médica. Segundo a vítima, a doação foi comunicada previamente à família.

Na delegacia, Mônica foi liberada após prestar esclarecimentos, sem prisão em flagrante confirmada. Ela realizou exame de corpo de delito e, no momento, solicitou medida protetiva contra o cunhado, além de registrar boletim de ocorrência no contexto de violência doméstica. A Polícia Civil investiga o caso.

Fotos cedidas pela vítima
A mulher ficou com diversos ferimentos e hematomas pelo corpo (Foto: cedida ao Mais Goiás)

Major diz que agiu dentro da legalidade após denuncia

Para a reportagem Adriano Soares nega as agressões e afirma que a ação ocorreu após denúncia de desaparecimento dos cães, alegando que os animais pertenciam a ele e a outro familiar. Segundo o militar, houve resistência à prisão, o que teria exigido o uso de força para algemamento. O oficial afirma ainda que a denunciante possui histórico de conflitos familiares e que as lesões relatadas ocorreram durante a condução policial.

Adriano garante que não houve qualquer conduta de assédio ou importunação sexual e que a vítima estaria inventando a situação. Ele acrescenta que a cunhada se feriu ao resistir à prisão, debatendo-se dentro da viatura, e afirma que tudo será esclarecido ao final do processo, comprovando que sua atuação ocorreu dentro da legalidade.

Em nota a Polícia Militar de Goiás, informou que tomou conhecimento da ocorrência registrada em Trindade no dia 17 de dezembro. Segundo a corporação, o policial citado estava de folga no momento dos fatos e solicitou apoio de uma equipe em serviço, que conduziu os envolvidos às autoridades competentes. A Corregedoria da PMGO instaurou procedimento para apurar as circunstâncias e a conduta dos policiais. A corporação ressalta que atua sempre dentro da legalidade e das normas institucionais.

Leia na íntegra a nota enviada pela corporação

“A Polícia Militar de Goiás (PMGO) informa que tomou conhecimento da ocorrência registrada no município de Trindade, no dia 17 de dezembro.

Esclarece-se que o policial militar citado encontrava-se em horário de folga no momento dos fatos. A desavença ocorreu no interior da residência, tendo o militar solicitado apoio de uma equipe policial de serviço, a qual compareceu ao local e conduziu os envolvidos à autoridade policial competente para os procedimentos legais cabíveis.

Em razão das informações apresentadas, a Corregedoria da PMGO adotará as medidas administrativas pertinentes, com a instauração de procedimento próprio para apuração e esclarecimento das circunstâncias e da conduta dos envolvidos.

A Polícia Militar de Goiás reafirma que não compactua com desvios de conduta e atua em estrita observância à legalidade e às normas institucionais.”

Leia também