ABANDONO

‘Ninguém deixa carro ou bens para trás, mas os animais, sim’, diz protetora de animais

Juliana comenta aumento no número de casos de abandono em dezembro

Ativista cuida de mais de 60 animais abandonados (Foto: Reprodução)

Protetores de animais de Goiânia relatam um aumento expressivo nos casos de abandono de cães e gatos durante as festas e comemorações de fim de ano. A ativista Juliana Morais, que há mais de 20 anos resgata animais vítimas de maus-tratos, afirma que o período de férias é “um terror” para os animais. Segundo ela, enquanto muitas famílias se preparam para viajar, inúmeros pets são deixados para trás. “Ninguém deixa carro ou bens para trás, mas os animais, sim”, comenta.

Com a chegada de dezembro, quando o país entra no clima de celebrações, o cenário se repete: mais animais nas ruas, mais pedidos de socorro e mais abrigos lotados. Juliana explica que a proteção animal está sobrecarregada e que falta apoio estrutural do poder público para lidar com a demanda crescente. Além dos resgates, ela alimenta e castra animais que vivem nas ruas, tentando reduzir os impactos desse abandono.

Entre os casos que marcaram o trabalho feito pela ativista, Juliana lembra de Menina, uma cadela encontrada há dois anos desorientada, correndo entre carros na véspera de Natal. Segundo a ativista, a cadela havia sido deixada para trás pela própria família. “Situações assim se repetem todos os anos”, afirma.

As justificativas são viagens, mudanças ou dificuldades financeiras. Para os protetores, porém, nada justifica o sofrimento causado aos animais.

O protetor Genilson Oliveira, de 33 anos, mantém há 13 anos um abrigo onde cuida atualmente de 65 cães. Ele conta que o número muda constantemente porque resgates e pedidos de ajuda chegam todos os dias pelas redes sociais e pelo WhatsApp. “É impossível atender a tudo. Às vezes consigo ajudar, outras vezes só consigo divulgar”, explica.

Conscientização e denúncias

Para os protetores, combater o abandono exige fiscalização, denúncias e o cumprimento das leis. Juliana reforça que os animais são “como crianças indefesas” e dependem da população para terem proteção. “O objetivo não é lotar abrigos, é evitar que o abandono continue sendo tratado como algo normal”, afirma.

Casos de abandono ou maus-tratos podem ser denunciados à Polícia Civil pelo Disque 197, ao Grupo de Proteção Animal pelo telefone (62) 3201-2350 ou pelo 190, em situações de emergência.

O Art. 32 da Lei 9.605/98 define maus-tratos como crime, com pena de detenção de três meses a um ano e multa. Com a Lei 14.064/2020, quando a vítima é cão ou gato, a punição passou a ser mais severa, com reclusão, multa e proibição da guarda.