SUPERAÇÃO

Paciente de Manaus que ficou em Goiás comemora 1 mês de alta contra covid

Aos 58 anos, a professora Kátia Maria Rodrigues, moradora de Manaus (AM), entrou para as…

Paciente de Manaus que se tratou em Goiânia diz que amor foi importante para vencer covid (Foto: Arquivo pessoal)
Paciente de Manaus que se tratou em Goiânia diz que amor foi importante para vencer covid (Foto: Arquivo pessoal)

Aos 58 anos, a professora Kátia Maria Rodrigues, moradora de Manaus (AM), entrou para as estatísticas da covid-19 no Brasil. Mas felizmente, a manauara faz parte dos mais de 10,3 milhões de pessoas que conseguiram vencer o vírus. Ela comemora hoje, 18 de março, um mês de alta recebida do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), em Goiânia, onde ficou 30 dias internada. Perguntada, a professora não hesita: não teria conseguido sem o amor da família e da equipe médica que a atendeu.

Kátia começou a tossir no dia 3 da janeiro deste ano, mas por pensar que se tratava de uma tosse alérgica, não se preocupou. A tosse persistiu, assim como a insistência da filha de 27 anos para que a mãe fizesse o teste antígeno de covid-19. O exame apresentou resultado negativo, mas a tosse não parou. Pelo contrário: a saúde da professora começou a se deteriorar rapidamente.

Dez dias depois, Kátia se submeteu a uma tomografia que mostrou 70% do pulmão comprometido pelo coronavírus. No mesmo dia, Kátia foi internada num hospital de Manaus. Sua internação coincidiu com a época em que o colapso do sistema de Saúde de Manaus se encontrava no ápice. “Ali estava instalado o caos. Minha família teve que se desdobrar para que eu não viesse a óbito […]. Você lê as páginas dos jornais e acha que aquilo é sensacionalismo. Mas quando você é internada, é uma realidade nua e crua”, relembra Kátia.

Para desafogar o sistema e conter o aumento dos óbitos, o governo amazonense começou a transferir pacientes para outros estados. Kátia fez parte do grupo de 35 que chegou a Goiás no dia 18 de janeiro. Ao Mais Goiás, a manauara, que já viveu em Goiânia na década de 80, recorda o alívio que sentiu ao saber seu destino. “Quando entrei no avião da Força Aérea e eu soube que meu destino era Goiânia, eu sabia que Deus estava no comando. Conheço a cidade, já morei há muitos anos e amo essa região”, diz.

A internação

Quando puxa pela memória, Kátia afirma que, ao dar entrada na unidade de terapia intensiva (UTI) do HC-UFG, “estava definhando” em decorrência da covid-19. Mas pelas conversas que passou a ouvir da equipe médica, em relação à chegada dela e dos demais pacientes, a esperança passou a brotar novamente.

“O último suspiro de vida que eu tinha foi quando entrei na UTI. Todos nós estávamos ali definhando, famintos, tínhamos sede. Como eu ouvi o relato de algumas enfermeiras, nós éramos uns ‘fiapinhos’. Mas nas conversas [da equipe do hospital], tinha aquele compromisso de que não podiam nos perder”, recorda.

Foto: Arquivo pessoal/Reprodução

A internação de Kátia no HC-UFG durou 30 dias. Foram 10 dias na UTI e 20 na enfermaria. Ao relembrar seu processo de cura do coronavírus no hospital, a manauara não deixa de destacar o que ela chama de ‘amor da equipe’ que recebeu. “A pessoa que levava comida pra mim, ela olhava pra mim dentro da UTI. Ela percebia quando eu tinha fome e sede, eu recebia bom e dia e boa noite do menino que limpava minha UTI. Essa humanização foi muito importante pra mim”, relata.

Curada

Kátia recebeu alta no dia 18 de fevereiro – dia do aniversário de Ana Clara, sua neta de pouco mais de um ano. “Pedi muito pra sair nesse dia”, relembra. Ao deixar o hospital e voltar para o Amazonas, a professora teve que começar um processo de reabilitação pulmonar que a fez, segundo suas palavras, “reaprender a respirar”. Porém, Kátia celebra o fato de ter deixado para trás há duas semanas o cilindro de oxigênio.

Hoje, a professora de 58 respira normalmente e se considera totalmente curada. Ela diz que ainda sente cansaços esporádicos, mas nada que a prejudique. Quando perguntada sobre o que a ajudou no processo de cura, Kátia resume em uma palavra: amor. “O amor pelos nossos é que nos dá uma força sobre-humana. Eu digo que o que me curou foi o amor. Deus em primeiro lugar, e depois o amor que eu recebi da minha família, dos meus amigos, da equipe do hospital”, diz.

“Os familiares que puderem, ou têm a oportunidade que o parente que está internado ouça num celular, acreditem e digam para essa pessoa, de alguma forma, por cartaz, enfermeira, o quanto essa pessoa é importante. O quanto os familiares acreditam que ela é capaz de sair da UTI. São mensagens simples, mas têm um impacto muito grande”, finaliza.