‘Pior momento da minha vida’, diz PM que salvou menina presa debaixo do carro em enxurrada
Menina que ficou presa pelo cabelo debaixo do carro em enxurrada está internada no Hospital de Urgências Otávio Lage (Hugol)
O segundo-sargento da Polícia Militar Alessandro Rodrigues Sales, de 51 anos, costuma sair todo sábado para beber com os amigos. Mas nesse, ele ficou em casa para adiantar uma reforma. Chovia muito no setor Pedro Ludovico (em Goiânia) e a TV estava ligada, mas mesmo assim ele ouviu gritos de socorro que vinham da rua. A quatro metros de distância, crianças apavoradas alertavam que havia uma amiga deles presa debaixo do carro do vizinho. Foi aí que começou a experiência que o sargento classifica como a pior da vida dele.
“Já tinha um rapaz sentado perto do carro, dizendo que não tinha encontrado ninguém ali. Eu corri pra lá e, no primeiro momento, também não achei. Pensei que a menina tinha passado por baixo e seguido pela correnteza”, conta o sargento em entrevista exclusiva ao Mais Goiás. Foi então que ele teve a ideia de pedir para irmã Rosileila, que também mora no bairro, para estacionar o carro atravessado na rua, criando uma barreira que alterasse o fluxo da enxurrada.
Com menos água, Alessandro passou o pé por baixo da porta do motorista e sentiu o corpo da menina. O pavor foi imediato: o policial chamou todos os outros vizinhos para erguer o carro até que ele conseguisse tirá-la de lá. Quando a puxou, percebeu que o cabelo estava preso. Providenciaram uma faca e ele cortou o cabelo da pequena Sara com pressa. Tudo isso levou cerca de 15 minutos, os mais longos da vida do sargento.
A menina foi levada para dentro da casa de Rosileila. Alessandro iniciou a massagem cardíaca, que havia aprendido em um curso de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) feito na época em que se qualificou para ser instrutor de tiro. Acontece que nunca, em 24 anos de corporação, ele tinha usado a técnica que aprendeu. A garota estava muito machucada, roxa, e demorou a reagir à massagem. Mas minutos depois o coração dela disparou.
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A irmã tentava passar a ocorrência para o 190, mas, por conhecer todos os filtros que um denunciante precisa enfrentar para formalizar uma denúncia, o sargento pegou o telefone e se identificou como PM. A conversa rapidamente avançou, ele conversou com um médico socorrista e minutos depois os bombeiros chegaram. Sara foi levada ao Hospital de Urgências Otávio Lage.
O sargento, que não conhecia a menina e a família dela até o trágico acontecimento do dia 6 de dezembro, está em contato constante com a mãe para receber atualizações. “Eu peço a vocês, leitores do Mais Goiás, que orem por ela, para que ela sobreviva”. A garota estava em coma e intubada até a atualização dessa manhã.
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