Polícia indicia mãe, irmã e donos de clínica no caso da mulher internada à força em Goiânia
Defesa das parentes da vítima afirma que indiciamento é "equivocado"
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) indiciou, nesta semana, seis pessoas pelo caso de internação compulsória de uma servidora do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) em uma clínica psiquiátrica, em Goiânia. Foram indiciadas a mãe e a irmã da mulher, além dos donos da clínica. Em 14 de agosto, a corporação realizou uma ação na unidade. Segundo a PCGO, a mulher foi internada dias antes de uma audiência de bens, em maio deste ano, por questões patrimoniais, mas ficou menos de um dia no local, após denúncia do marido.
Ao Mais Goiás, a defesa da mãe da servidora, Eliane de Paula Souza, e da irmã dela, Isabela de Paula Silva, disse que, “embora já fosse previsível, o indiciamento (…) é equivocado e desconsidera uma série de indícios que corroboram a inocência delas”. Ainda segundo o advogado Samuel Maia de Aquino, “infelizmente, criou-se uma narrativa de culpabilidade perante a sociedade, que ignora os fatos objetivos e mancha a honra de uma família já machucada por uma série de episódios de violência”. Ele reforçou, ainda, que o indiciamento não implica em culpa e que somente a Justiça é competente para julgar a questão.
O portal não conseguiu contato com a clínica para uma posição da defesa dos demais investigados, mas mantém o espaço aberto.
A TV Anhanguera informou que 22 pessoas foram ouvidas durante a investigação. Sobre os crimes, a delegada Gabriela Adas confirmou ao Mais Goiás que os donos da clínica foram indiciados por associação criminosa, lesão corporal e cárcere privado (esse último delito por 22 vezes), enquanto a mãe e a irmã da servidora por sequestro, furto e coação no curso do processo.
Conforme apurado, a Polícia Civil investiga outros casos de internação compulsória, inclusive de outros Estados. As vítimas eram obrigadas a fazer tarefas e tomar remédios com efeitos sedativos. Elas também sofriam violência, segundo a corporação.
Caso
A operação da PCGO foi motivada pela internação de uma mulher à força pela própria mãe para que não comparecesse a uma audiência e assim comprometesse o andamento de um processo judicial de interesse familiar, em Goiânia, conforme a corporação. A situação ocorreu em maio e ela ficou 24 horas presa no local, até que foi resgatada por policiais e uma advogada. Ambos foram acionados pelo marido dela, que registrou o desaparecimento, após receber mensagem da companheira de dentro do carro, após ela ser fechada pela irmã e antes de ser abordada por funcionários da unidade.
Foram presos o dono da clínica, Leonardo Carneiro, e o irmão dele, Christiano Carneiro, a enfermeira e gerente do local, Rosane Oliveira, e a funcionária Andiara Costa. A corporação apurou, ainda, que Christiano cobrava R$ 500 para fazer essa “captura” dos pacientes. A irmã e a mãe da vítima também foram presas, à época. A clínica clandestina foi interditada.
Nota completa da defesa da mãe e irmã da vítima:
“Embora já fosse previsível, o indiciamento de Eliane de Paula Souza e de Isabela de Paula Silva é equivocado e desconsidera uma série de indícios que corroboram a inocência delas. Infelizmente, criou-se uma narrativa de culpabilidade perante a sociedade, que ignora os fatos objetivos e mancha a honra de uma família já machucada por uma série de episódios de violência.
Salienta-se que o indiciamento não implica em culpa e que apenas a Justiça é competente para julgar a questão. Confio na imparcialidade do Poder Judiciário e na comprovação futura da inocência delas.”