Corrupção passiva

Promotora de Justiça é condenada por encomendar morte de ex-marido

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) divulgou nesta sexta-feira (23) ser procedente…

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) divulgou nesta sexta-feira (23) ser procedente a denúncia formulada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) contra a promotora de Justiça Juliana de Almeida França. O órgão a acusa por corrupção passiva. Ela teria usado o cargo para tentar encomendar a morte do pai da sua filha, o procurador do Estado Murilo Nunes Magalhães.

Juliana está atualmente afastada do cargo e poderá ser retirada definitivamente. Ela foi condenada a quatro anos de reclusão, em regime aberto. A pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade e um pagamento no valor de R$ 10 mil.

Segundo o TJGO, membros do MP-GO são sujeitos a regime jurídico especial que prevê a perda do cargo nos casos de prática de crime incompatível com o exercício da profissão. Ao longo do processo, a promotora se declarou inocente das acusações.

Ministério Público de Goiás. (Foto: Reprodução)

O caso

Juliana tentou encomendar a morte de Murilo Nunes a Karllus Alberto Bernardo de Barros (vulgo ‘Carlúcio’) por meio de contatos telefônicos. Ele seria beneficiado em procedimentos criminais na cidade de Jaraguá, onde a promotora atuava. O motivo do crime foi a disputa judicial pela guarda da filha do casal, pois Juliana passou por sucessivas derrotas na Justiça, além de alegar de forma inverídica que a criança havia sido abusada sexualmente pelo pai.

Conforme o MP-GO, Karllus se negou a cometer o crime, tendo a promotora procurado Warley Juliano Alcântara (vulgo “Dudu’) para executar a morte mediante o pagamento de R$ 10 mil, com acréscimo de 500 reais caso a eliminação da vítima ocorresse com um tiro na testa. A trama criminosa foi descoberta pela polícia, impedindo a morte de Murilo.

“Após estudo probatório, ao contrário do que foi salientado pela defesa da denunciada, há provas suficientes para a certeza acerca da autoria dos fatos. Os depoimentos testemunhais colhidos são coerentes e harmônicos”, enfatizou a desembargadora Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira.

Embora negue que tenha planejado a morte de Murilo mediante vantagem indevida, Juliana confirmou que entrou em contato com Karllus Alberto. O motivo seria interesse em lhe fazer uma proposta de delação premiada em outro caso. “Não há um documento capaz de dar suporte à existência dessa suposta proposta de delação premiada”, concluiu a desembargadora.