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Tiago Henrique confessa homicídio em júri pela primeira vez

O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha foi condenado a 19 anos e seis meses…

O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão pelo homicídio do empresário Denilson Ferrerira de Freitas, ocorrido em 28 de fevereiro de 2014 em um bar do Centro de Goiânia. O crime foi confessado pelo serial killer, feito inédito em todos os júris pelos quais ele já passou.

Ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara, presidente do 1º Tribunal do Júri de Goiânia, o vigilante contou que combinou o crime com a ex-mulher da vítima, Waldirene Oliveira Manduca. Também participam da sessão o promotor de Justiça Maurício Gonçalves de Camargos e a defensora pública Ludmila Fernandes Mendonça.

Tiago Henrique contou que frequentava a Lanchonete Tocantins, de Waldirene Manduca, e que, durante as conversas que mantinham, ela reclamou que sofria agressões e maus-tratos por parte de Denilson de Freitas e que tinha vontade de matá-lo. O vigilante, então, se dispôs a cometer o crime e acabaram combinando a execução. Ele, no entanto, não confirmou ter recebido R$ 1 mil de pagamento, conforme consta na denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO).

Um dia antes do homicídio, ele acertou os detalhes com Waldirene Manduca e foi para casa, onde preparou o revólver calibre 38, que posteriormente foi apreendido pela Polícia Civil. No outro dia, já com a arma, foi até a lanchonete de Waldirene Manduca e bebeu algumas cervejas. “Conversei com ela um pouco e fui até o restaurante. Parei a moto na porta, desci, caminhei até a vítima e disparei”, contou.

Logo depois de cometer o homicídio, Tiago Henrique foi para casa, no Conjunto Vera Cruz. Ele disse que não recebeu dinheiro pelo crime, “fiz por amizade”. Durante o depoimento, o vigilante pediu perdão à família de Denilson de Freitas e contou que o sentimento que o levou a cometer o assassinato foi mais forte que ele. “Fui muito machucado pela vida”, disse.

A delegada Silvana Nunes, que presidiu o inquérito indiciando Tiago Henrique, prestou depoimento. A policial contou detalhes da investigação realizada pela Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios que levou à conclusão de que o vigilante foi o autor do crime a mando da ex-mulher da vítima. Lembrou que foi apurado que Waldirene Manduca, depois que o ex-marido foi morto, se apossou de seus documentos pessoais e dos cartões bancários e realizou várias movimentações financeiras. Afirmou também que foram coletadas impressões digitais em latas de cerveja e em um copo que estavam no balcão da lanchonete de Waldirene Manduca, cujo confronto papiloscópico deu resultado positivo com as de Tiago Henrique.

Silvana Nunes contou que a cena do crime foi muito alterada e que o projétil que atingiu Denilson de Freitas não foi encontrado. No entanto, logo após o assassinato, a lanchonete de Waldirene Manduca foi interditada pela Polícia Civil, para colheita de provas, uma vez que um garçom havia dito que um homem com as mesmas características físicas do autor do crime foi visto no estabelecimento da mulher. A policial lembrou que as imagens do circuito interno de televisão do restaurante da vítima foram apagadas.

Ela também disse que reconheceu o assassino como o homem que foi filmado na Lanchonete Tocantins e que, na Delegacia de Investigação de Homicídios, foi lhe apresentada uma gravação, cuja voz era de Tiago Henrique e seria muito semelhante ao do homem que atirou na cabeça de Denilson de Freitas.

Durante a audiência de instrução e julgamento realizada no dia 14 de setembro de 2015, os autos do processo foram desmembrados, pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, pelo fato de Tiago Henrique estar preso e Waldirene Manduca, solta.

Essa foi a 21ª condenação por homicídios de Tiago Henrique, que já cumpre pena desde 2014 em Aparecida de Goiânia. Ele também já foi condenado por roubo e porte ilegal de arma e foi absolvido em um processo a que respondia por homicídio.