Tradição que resiste: Banca Opção é revitalizada após movimento coletivo na Ricardo Paranhos
Hoje, oferece mais de 65 títulos diferentes, de grandes editoras nacionais a publicações independentes, difíceis de encontrar nas plataformas digitais
Em meio à paisagem moderna e acelerada do Setor Marista, em Goiânia, uma cena desafia o tempo: a pequena Banca Opção, instalada há 25 anos na Alameda Ricardo Paranhos, volta a ganhar vida. O espaço, conhecido por ser um ponto de encontro entre leitores, curiosos e amigos, está passando por um processo de revitalização movido por um gesto coletivo de afeto — uma união entre clientes, empresas e profissionais que decidiram preservar um pedaço da memória cultural da capital.
Desde o ano 2000, o casal Silio Mamede e Maria de Fátima Siqueira abre as portas da banca todos os dias, mantendo viva uma tradição cada vez mais rara: a de folhear revistas, conversar sobre as manchetes e se atualizar com o cheiro do papel fresco. Ao longo de mais de duas décadas, o espaço se transformou em muito mais que um ponto comercial — virou um símbolo de convivência, resistência e afeto no coração do Marista.
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Mesmo com o avanço das telas e a redução do número de bancas na cidade, a Opção manteve seu propósito. Hoje, oferece mais de 65 títulos diferentes, de grandes editoras nacionais a publicações independentes, difíceis de encontrar nas plataformas digitais. Entre uma revista e outra, há espaço para conversas, trocas de histórias e até lanches — uma tradição que conquistou os frequentadores e reforça o caráter acolhedor do lugar.
Para Silio Mamede, que viu o setor se transformar ao longo dos anos, o momento é de gratidão. “Quando começamos, aqui era um lugar parado. Minha esposa ficava com meu filho na banca, e eu saía vendendo jornal e cartão telefônico. Com o tempo, o comércio cresceu, e a gente continuou firme. Hoje banca é quase um patrimônio da cidade. A revitalização foi uma bênção de Deus. Estamos muito felizes e gratos”, conta.
A esposa, Maria de Fátima, reforça o vínculo emocional que o local construiu com os leitores. “As pessoas mais velhas ainda preferem o papel, e as crianças adoram vir ver os gibis, sentam no chão pra folhear. Mesmo na pandemia, com todas as dificuldades, nunca pensamos em fechar. É uma alegria enorme estar aqui, no meio de tantas histórias e notícias”, afirma.
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Revitalização
A ideia de revitalizar o espaço surgiu de forma espontânea. Gabriela Policena, cliente e frequentadora assídua, decidiu mobilizar amigos e parceiros para recuperar o visual da banca, preservando seu valor simbólico e histórico. O projeto ganhou forma nas mãos da arquiteta Sammea Vilarinho, que reuniu empresas e profissionais em um movimento colaborativo pela valorização da cultura impressa.
“Nosso objetivo não é apenas reformar o espaço, mas honrar a história da Banca Opção. Queremos que ela continue sendo esse ponto de encontro e permanência. Cada detalhe foi pensado para respeitar o passado e, ao mesmo tempo, convidar o público a redescobrir o prazer de estar ali”, explica a arquiteta Sammea Vilarinho.
Durante as obras, que devem ser concluídas em dezembro, a banca continua funcionando normalmente.
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