“Abram mão da ideologia anticristã”, diz presidente das Assembleias de Deus em Goiás sobre governo Lula

O presidente da Convenção Estadual dos Ministros Evangélicos das Assembleias de Deus em Goiás, bispo Oídes do Carmo, mandou um recado ao governo Lula. De acordo com o líder religioso, há uma tentativa do Planalto de se aproximar do segmento evangélico, uma ala historicamente resistente ao lulismo e mais alinhada ao bolsonarismo.  O gesto, contudo, teria esbarrado em um obstáculo conhecido: a ideologia. O discurso foi feito neste domingo (13), durante o encerramento da 61ª Assembleia Geral Extraordinária da Conemad-GO.

“Outro dia eu fui procurado. Eu disse: ‘olha, nós só queremos que o governo abra mão das suas ideologias, que elas são conflitantes com o evangélico. Como conviver com alguém que defende o aborto, que defende ideologia de gênero e uma série de coisas?’. Na maioria deles são ateus”, relatou o bispo, sem citar nomes.

Oídes foi além: afirmou que, para haver comunhão entre o governo e o segmento religioso, seria necessário romper com o que chamou de ideologia anticristã. “É fácil ter essa comunhão, desde que vocês tenham sintonia também com a nossa fé, com as coisas de Deus. Então, não adianta muitos argumentos. O que precisa é que os irmãos verdadeiros abram mão de uma ideologia anticristã.”

Ao longo da fala, o bispo também reforçou que a bênção de Deus, no entendimento da igreja, não alcança governantes fechados à fé. “Se o governo se fecha para Deus, ele está dispensando a bênção de Deus. E às vezes o nosso país, a nossa cidade, o nosso estado, deixa de ser abençoado por Deus por causa do governante”, afirmou.

Apesar de repetir que “a igreja não faz política”, Oídes defendeu a importância da presença evangélica nos espaços de poder. “Precisamos ter nossa representatividade mesmo, essas vozes que cuidam das nossas demandas junto aos governantes”.

O evento contou ainda com a presença do vice-governador Daniel Vilela (MDB), que representou o governador Ronaldo Caiado (UB). Oídes se dirigiu a ele com deferência, destacou que “vai assumir o governo no ano que vem” e fez questão de registrar que a igreja ora por sua futura condução no Palácio das Esmeraldas.