Adeus a Nana Caymmi: cantora diz ter sido ‘jogada às trevas’ por apoio a Bolsonaro

A cantora Nana Caymmi, que morreu nesta quinta feira (1º) aos 84 anos, no Rio de Janeiro, foi um dos milhões de brasileiros que se envolveu em rixa com os amigos por causa de política nos últimos anos. Em 2019, ela elogiou ao ex-presidente Jair Bolsonaro e atacou amigos alinhados ao outro lado do espectro partidário brasileiro, entre eles Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil.

“É injusto não dar a esse homem um crédito de confiança. Um homem que estava esfaqueado, correndo para fazer um ministério, sem noção da mutreta toda… só de tirar PMDB e PT já é uma garantia de que a vida vai melhorar”, disse Nana à época. “Agora vem dizer que os militares vão tomar conta? Isso é coisa de comunista”.

No rol dos chamados “comunistas”, estavam Chico, Gil e Caetano. A rusga se estendeu também para a sobrinha, Alice Caymmi, com quem Nana teve um desentendimento público. Dois anos depois, a cantora reclamou do cancelamento que sofreu em razão dessas declarações.

“Se quiser me cancelar, cancela. Não deixei de comer por causa disso. Achei até engraçado, uns iam jogar meus discos fora, outros me quiseram morta. No Brasil, você não pode ter opinião, você é malhado feito Judas. Infelizmente, aqui é gado, tem que ir um cheirando o rabo do outro. A internet deu vazão à frustração, a pessoas sem o menor gabarito que condenam outras à morte”.

Nana Caymmi gravou jingle de Serra

Outra passagem de Nana Caymmi pelo mundo da política aconteceu em 2002, quando ela participou da gravação de um jingle de campanha do então candidato a presidente da República José Serra.

“A mudança é azul / A mudança é acordar cedo / A mudança é ter salário / A mudança se chama emprego / A mudança é de norte a sul / A mudança é sonhar sem medo / A mudança é ter trabalho”, cantava Nana no jingle da campanha tucana.

Nana faleceu após nove meses internada. Ela teve uma ‘overdose de opiodes’ e tentava se recuperar desde então.