LUTO

Conheça sete sucessos de Lô Borges, que faleceu aos 73

Um dos fundadores do movimento Clube da Esquina, o artista Lô Borges morreu no último domingo (2)

Conheça sete sucessos de Lô Borges, que faleceu aos 73 (Foto: Reprodução)
Conheça sete sucessos de Lô Borges, que faleceu aos 73 (Foto: Reprodução)

(O Globo) O Brasil se despediu nesse final de semana de um dos principais nomes da Música Popular Brasileira (MPB). Na noite de domingo (2), morreu aos 73 anos o cantor e compositor Lô Borges, referência no gênero e um dos fundadores do Clube da Esquina. O movimento surgiu em Belo Horizonte, em Minas Gerias, no final dos anos 1960 e reuniu artistas mineiros que fizeram grande sucesso nas décadas seguintes.

Nascido Salomão Borges Filho, o cantor estava internado no Hospital Unimed, na capital mineira, desde 18 de outubro para tratar um quadro de intoxicação medicamentosa. Segundo o boletim divulgado pela assessoria de imprensa da unidade, Lô faleceu por volta das 20h50 em decorrência de falência múltipla de órgãos.

Relembre a seguir sete sucessos do artista que marcaram a história da MPB:

“Um girassol da cor do seu cabelo”

Com melodia composta por Lô Borges e letra do seu irmão, Márcio Borges, a canção de 1972 se inspirou no relacionamento de Márcio com Duca Leal. A jovem havia conhecido o letrista ainda muito nova, a partir de familiares e amigos. Pouco tempo depois, durante a Copa do Mundo de 1970, começaram a namorar. Márcio e Duca se casaram no ano seguinte e tiveram dois filhos.

“Paisagem da janela”

Composta em parceria com Fernando Brant, morto em 2015 em razão de complicações de uma cirurgia de transplante de fígado, a faixa tem como grande “musa” a cidade de Belo Horizonte. A letra, inspirada pela vista de uma janela na capital, usa imagens como a igreja, o muro branco e o “cavaleiro marginal” para representar a passagem do tempo.

“Para Lennon e McCartney”

Fruto da parceria dos irmãos Lô e Márcio com Fernando Brant, a canção foi composta no final dos anos 1960 e ganhou fama na voz de Milton Nascimento, também um dos fundadores do Clube da Esquina. O título se refere a dois integrantes da banda inglesa The Beatles, John Lennon e Paul McCartney. Apesar disso, nenhum deles é citado ao longo da música, que serve como crítica à falta de reconhecimento da cultura brasileira. Em 2022, a faixa foi regravada pelas cantoras Gal Costa e Marina Sena.

“Clube da Esquina N° 2”

A música de Lô, Márcio e Milton gravada para o álbum “Clube da Esquina”, de 1972, inicialmente não incluía letra, somente melodia. Milton foi quem gravou, sozinho, uma versão instrumental com seu violão com alguns sussurros juntos à música. Na mixagem final, foram acrescentados arranjos feitos por outros artistas.

Os versos para a canção vieram mais tarde, sendo compostos por Márcio a pedido de Nana Caymmi, que regravou a faixa para o seu disco “Nana Caymmi”, de 1979. O próprio Lô também regravou a música com os versos do irmão para o álbum “A Via Láctea”, também de 1979, assim como Milton para o disco “Angelus”, de 1993.

“O trem azul” (The blue train)

Na canção, a parceira costumeira de Lô com o irmão deu lugar a uma dupla com Ronaldo Bastos, quem depois se tornaria parceiro de Tom Jobim quando esse gravou uma versão da música em inglês, chamada “Blue train”. Lô compôs a música ao violão ainda jovem, já Ronaldo escreveu a letra inspirado em uma viagem que fez entre Amsterdã, na Holanda, e Paris, na França.

Música mais recente, de 2003, “Dois rios” foi composta por Samuel Rosa, então na banda Skank, em parceria com Lô Borges e Nando Reis, das bandas Titãs e Nando Reis & Os Infernais. Em um vídeo compartilhado por Samuel no YouTube, o artista contou que apresentou o arranjo da canção a Lô em uma visita a sua casa. A faixa foi incluída no álbum “Cosmotron” do Skank, sendo a sexta música do disco.

“Vento de maio”

Assim como “Um girassol da cor de seu cabelo”, “Vento de maio” foi escrita por Márcio Borges para a companheira, Duca Leal. A história das duas faixas é contada por ela no livro “História de outras esquinas”, publicado pela editora CRV em 2024. A composição depois foi gravada por Lô e também pela cantora Elis Regina.