Primeira Metade

Brasileiro vira turno com ‘campeão’, favoritos em baixa e gigantes a perigo

O Botafogo tem o melhor ataque (35 gols) e a melhor defesa (11 gols sofridos) da competição

Elenco do Botafogo comemorando vitória diante do Internacional
Elenco do Botafogo comemorando vitória que fechou o primeiro turno com o time carioca na liderança. Foto: Vitor Silva - Botafogo

O primeiro turno terminou para a maioria dos times do Campeonato Brasileiro. Após 19 rodadas, o cenário tem um domínio inesperado do Botafogo, os milionários Flamengo e Palmeiras ofuscados e outros times grandes passando sufoco na parte de baixo -é o caso de Vasco e Santos.

A rodada do fim de semana foi mais uma prova de como o Botafogo está organizado, dedicado e embalado neste Brasileirão. Sobretudo quando joga no “tapetinho”, como foi apelidado o gramado sintético do Nilton Santos.

Contra o Inter, o time de Bruno Lage não teve Tiquinho Soares, que vira o turno na artilharia do campeonato (13 gols). E viveu um dia raro de falha do goleiro menos vazado na competição, Lucas Perri.

Não foi problema, no fim das contas, tamanha a força de reação para fazer 3 a 1 nos gaúchos, de virada. O time atingiu a melhor campanha em um turno dos pontos corridos: são 15 vitórias, dois empates e só duas derrotas. Em casa, 100% de aproveitamento em 10 partidas até aqui.

O Botafogo é equilibrado. Com alguns jogos por completar no turno ainda -sejam adiados ou os três marcados para hoje (14)-, o Alvinegro tem o melhor ataque (35 gols) e a melhor defesa (11 gols sofridos).

O Palmeiras até pode igualar essa estatística ofensiva, dependendo do que fizer hoje contra o Cruzeiro, pois tem dois gols a menos no momento.

Mas o time de Abel Ferreira está muito longe de colocar pressão no Bota em termos de pontuação -embora possa terminar o dia na segunda posição. Na melhor das hipóteses para os palmeirenses, a diferença ficará em 13 pontos.

O Grêmio, com um jogo a menos do que a maioria, pode somar mais três pontos e terminar o turno com 36 pontos. Ainda assim, uma distância considerável (11 pontos) em relação ao que o líder construiu na primeira metade do Brasileirão.

A presença alvinegra no topo da tabela, com tanta folga, interrompe uma polarização entre Flamengo e Palmeiras nas edições anteriores do Brasileirão -tendo 2021 como o hiato causado pelo Atlético-MG. Hoje em 10º, o time treinado por Felipão está longe de sonhar com título, apesar de ter vencido os últimos dois jogos.

No caso do Fla, o time ainda se segura na parte de cima, mas não mostra forças de reação. Derrota para o Cuiabá e o empate com o São Paulo no Maracanã mostram isso. A pancada recente foi a eliminação na Libertadores, que chacoalhou as estruturas e colocou a Copa do Brasil -e não o Brasileirão- como o título mais palpável. Inclusive, a última vez que o Fla liderou a Série A foi na última rodada de 2020.

O Fluminense divide o treinador com a seleção brasileira e corre por fora. O espaço entre o primeiro e o segundo turno do Brasileirão terá, inclusive, a primeira convocação de Fernando Diniz.

O bloco intermediário do Brasileirão é vasto e mistura grandes e emergentes. São Paulo, Internacional e Corinthians têm campanhas inconstantes e se encontram em nono, 13º e 14º, respectivamente.

Mas a janela de transferência indica as pretensões de cada um. Lucas Moura e James Rodríguez foram as principais contratações do São Paulo. Ambos jogaram contra o Flamengo, ontem (13). Nomes de peso. Por mais que o Corinthians tenha buscado Matías Rojas no Racing, viu Róger Guedes, seu principal atacante, se mandar para o Qatar.

Já a turma organizada (via SAF ou não), que sonha em se consolidar como protagonista, tem no Red Bull Bragantino o primeiro da fila atualmente. O Massa Bruta tem a mesma pontuação do Palmeiras e é perseguido de perto por Athletico e Cuiabá.

Sobre esses dois, dá para atribuir responsabilidade a dois dos principais atacantes do Brasileirão no momento: Vitor Roque, já vendido ao Barcelona, e Deyverson, cheio de carisma, irreverência e gols.

A água já está batendo no pescoço para Vasco e Santos. O Cruz-maltino está em situação grave no campeonato, com 12 pontos em 18 jogos até o momento. Mas o trabalho do técnico Ramón Díaz, além de contratações do quilate do francês Payet, não deixam a esperança morrer em São Januário.

O Santos somou mais pontos que o Vasco até agora, mas o clima é tenso por uma série de questões: decisões da diretoria, saída de jogadores promissores, trocas constantes de técnico e um time que não engrena. Perder por 4 a 0 para o Fortaleza é um alerta muito forte. Se é que ainda é preciso mais algum.

O quadro só não é pior que o do lanterna América-MG, que soma 10 pontos e só venceu dois de 18 jogos.