Série A

Com pacto e vaquinha, torcida faz caldeirão e joga Santos para fora do Z4

Antes do jogo, houve o tradicional "Corredor de Fogo", onde os torcedores se reúnem para receber o ônibus com sinalizadores

Jogadores comemorando com a torcida na Vila Belmiro
Jogadores comemorando com a torcida na Vila Belmiro após a vitória diante do Vasco. Foto: Raul Baretta - Santos

A vitória do Santos por 4 a 1 sobre o Vasco, na Vila Belmiro, começou muito antes do apito inicial às 16h do último domingo (1º).

A torcida do Santos abraçou o time nessa luta contra o inédito rebaixamento. Contagiado pela festa na Rua Princesa Isabel, o time se impôs sobre o Vasco e agora está na 15ª colocação.

Houve o tradicional “Corredor de Fogo”, onde os torcedores se reúnem para receber o ônibus com sinalizadores. Os envolvidos acreditam que esse foi um dos maiores da história recente do clube.

Esse corredor de fogo, inclusive, só foi possível dessa forma por conta de uma vaquinha nas redes sociais. Os organizadores receberam doações para comprar os produtos e distribuíram com antecedência na Vila Belmiro. Os próprios jogadores, como Jean Lucas, João Paulo e João Basso, ajudaram a bater a meta de R$ 15 mil.

Os 1,5 mil sinalizadores comprados por essa movimentação na internet deixaram a Vila Belmiro no clima do que foi posteriormente o jogo: uma equipe vibrante, que disputou cada bola como se fosse a última.

Quando um time joga em casa e precisa da vitória, a ideia geralmente é atacar desde o primeiro lance, ainda mais com essa recepção que a torcida do Santos fez.

A estratégia do técnico Marcelo Fernandes, porém, foi jogar no erro do Vasco: conter o jogo de lançamentos, marcar o pivô Vegetti e contra-atacar. Deu certo.

O Vasco criou as primeiras chances, mas o Santos encontrou o pênalti sofrido e convertido por Marcos Leonardo.

Em um erro de Kevyson, de 19 anos, o Vasco empatou. A torcida não vaiou o lateral da base, e o Peixe desempatou com dois gols nos acréscimos da etapa inicial: o primeiro foi de Tomás Rincón e o segundo foi de Marcos Leonardo outra vez.

No segundo tempo, o Santos voltou ainda melhor. A Vila Belmiro foi à loucura quando Soteldo parou com os dois pés na bola e gerou uma confusão que terminou com Lucas Lima e Medel expulsos. Sem reação, o Vasco viu o próprio Soteldo marcar o quarto e fazer o estádio balançar.

Foi possível ver vários torcedores chorando, extasiados e com a sensação que o Santos vai evitar o inédito rebaixamento à Série B. Rolou até um “eu te amo” para um funcionário na hora da comemoração.

A torcida do Santos esgotou em poucas horas os ingressos para a partida contra o Vasco. A Vila Belmiro recebeu 13.545 pessoas, para uma renda de R$ 580.037,50.

Os ingressos começaram a ser vendidos na terça e duraram poucas horas. Os associados não deixaram a venda chegar para a torcida comum.

Como muitos ficaram sem ingressos, perfis de influenciadores santistas estimularam o repasse das entradas para quem não conseguiu ir de última hora. E o estádio, como de praxe, teve grande atuação de cambistas.

As principais torcidas organizadas do Santos conversaram com elenco e diretoria sobre uma trégua.
Após vários protestos na temporada, as organizadas decidiram apoio irrestrito até o apito final, com cobranças só em caso de derrota e depois que o árbitro encerrar a partida.

Um motivo adicional para essa sinergia. O ex-auxiliar e agora técnico do Santos é da cidade e tem boa relação com as torcidas. As organizadas ficaram felizes com a efetivação.

As torcidas gritaram os nomes de todos os jogadores e não fizeram qualquer crítica à diretoria. Os únicos alvos de gritos ofensivos foram os torcedores vascaínos presentes.

Houve um forte esquema de segurança por causa do histórico de rivalidade entre as torcidas organizadas de Santos e Vasco, mas nenhuma ocorrência foi registrada.

No fim das contas, o Santos venceu, convenceu e retribuiu o abraço do torcedor com a saída da zona do rebaixamento.