Seleção Brasileira

Diniz lamenta ausência de Paquetá e dá pistas sobre substituto de Neymar

Lucas Paquetá, investigado pela Federação Inglesa por suposto envolvimento em apostas esportivas, segue fora

Fernando Diniz durante convocação da Seleção Brasileira
Sem Neymar e Paquetá, Fernando Diniz apresentou novidades na lista dos convocados. Foto: Joilson Marconne - CBF

O técnico Fernando Diniz convocou 24 jogadores da seleção brasileira para os jogos contra Colômbia e Argentina, pelas Eliminatórias, nos dias 16 e 21 de novembro.

Lucas Paquetá, investigado pela Federação Inglesa por suposto envolvimento em apostas esportivas, segue fora: “Paquetá eu considero um dos melhores da geração, teria muito gosto de convocá-lo e teria grandes chances de brigar pela titularidade. Admiro muito. Investigação, do que chegou, está no mesmo momento, sem fato novo. Se eu convoco, iam indagar por que não convoquei antes. A próxima é em quatro meses, deve dar tempo. Mantive discurso coerente e ético. A vontade tecnicamente sempre é grande em mim”.

Sem Neymar, lesionado, Diniz pode utilizar Rodrygo. O atacante do Real Madrid foi citado como meia na convocação ao lado de Raphael Veiga: “Rodrygo é possibilidade, marca pelo lado, mas joga em aproximação com o Neymar. Tem essa possibilidade, mas nada definido”.

Veja a entrevista de Fernando Diniz:

Novidades da lista

“No caso do Endrick, é um jogador que tem potencial para ser um dos grandes talentos. Não sabemos se isso vai se confirmar. Não é pressão, é um prêmio e visão de futuro do que esse garoto pode ser. Menino de 2006 produz bem há muito tempo e me chama atenção. Nesse momento, vive melhor momento contra grandes equipes e conseguindo se sobressair. Convocação dele e de mais alguns aponta o que pode ser o futuro, confirmação vem com o tempo e depende de muitos fatores”.

Lucas Paquetá e laterais

“São três laterais e outras formas de atuar e montar o time taticamente, ocupando o espaço direito. Foi coerência com o que eu acho que pode ser de mais sucesso. Paquetá eu considero um dos melhores da geração, teria muito gosto de convocá-lo e teria grandes chances de brigar pela titularidade. Admiro muito. Investigação, do que chegou, está no mesmo momento, sem fato novo. Se eu convoco, iam indagar por que não convoquei antes. A próxima é em quatro meses, deve dar tempo. Mantive discurso coerente e ético. A vontade tecnicamente sempre é grande em mim”.

Paulinho

“Paulinho eu gosto muito, desde o início da carreira no Vasco. Alemanha, agora Atlético-MG. Vive momento especial, despontando na artilharia do Brasileirão e acredito que se encaixa na minha forma de ver futebol. Joga nos dois lados, atrás do 9 e também como 9 de mobilidade. Muito comprometimento tático, dá para enxergar sempre, além das qualidades físicas e técnicas”.

Brasil x Argentina

“Depois do que vivi como treinador do Fluminense, não é algo que misturo. O que mais me motiva é disputar um clássico dessa envergadura, um dos maiores do mundo. Rivalidade grande e histórica. Estou motivado e espero fazer jus para dar alegrias aos brasileiros junto com os atletas”.

Ausência do Neymar e Rodrygo de meia / Pepê lateral

“Ficar sem Neymar é sempre ruim, prejuízo para o futebol brasileiro e futebol como um todo. Trata-se de um gênio, um dos grandes da história. Desejamos recuperação breve, que consiga ter sucesso e voltar mais forte. Minha crença é que precisa escrever as páginas mais bonitas da história dele. Lesão pode deixar mais difícil, mas não tira a possibilidade. Rodrygo é possibilidade, marca pelo lado, mas joga em aproximação com o Neymar. Tem essa possibilidade, mas nada definido”.

“Pepê pode ser usado ali, mas não vem a princípio como lateral-direito. Vem como atacante, tem mobilidade e adaptabilidade para essa função como já fez no Porto. Consegue, como o Paulinho, jogar em várias posições”.

O que ganhou além do troféu da Libertadores

“A conquista é sempre muito importante, todos trabalham para conquistar. Aproveito nesses momentos para falar o que defendo a vida inteira. Boca não é fracassado porque perdeu, nem Fluminense seria se perdesse. Muita gente da imprensa, além da mídia social, tentaria por defeito e colocar rótulo de fracassado em quem perde. Tento contribuir para a cultura mudar. Temos que apontar o dedo para quem trabalha direito, com ética, não só para quem ganha Libertadores ou Mundial. Ganha no momento, nem sempre o melhor ganha e nem todos são os melhores porque ganham. Inúmeros bons trabalhos são desvalorizados de maneira cruel. Vivemos numa sociedade que premia dinheiro e o primeiro colocado. Se não tivéssemos ganhado, procuraremos evoluir e corrigir. Quero morrer de um jeito diferente, que meus filhos sejam assim. Que sejam bons filhos, amigos e que façam o melhor para vencer, mas nunca deixem de ser bons. Controlamos ser bom. Sugiro que admiramos quem é bom, não quem ganha. Isso faria bem para todo o mundo”.

Rendimento esperado da seleção e pressão

“Eu não sinto mais pressão ou menos pressão. A gente quando perde para o Uruguai tem muito a aprender, mas é o mesmo time quase que ganhou de cinco da Bolívia e do Peru fora. Quando perdemos, há vontade de eliminar as pessoas do caminho de forma precoce, sem dar tempo que todos precisam. Não me sinto mais ou menos pressionado, olho o dia a dia. Farei o meu melhor para a seleção o tempo todo. Não tenho satisfação em perder, me irrita profundamente. Quem acompanha treinos na seleção ou no Fluminense sabe, dedicação é total. Não vou achar que é um fracasso quando as coisas não correm bem. Fluminense não jogou bem sempre na Libertadores. Teve jogos ruins, mas o Fluminense teve todo mundo trabalhando muito. Isso levou o time com muito mérito a ser campeão, mas poderia não ter sido. Não seria um fracasso se perdesse. Trabalharemos com afinco e coragem para fazer o melhor. Garanto trabalho justo e honesto, não garanto ganhar”.

Ausência do Richarlison

“Mais do que o sistema, procuro ser justo e olhar tudo que acontece. Esses que eu convoquei terão mais condição para o momento. Richarlison é excelente, jogou muito bem a Copa e não conseguiu entregar o que pode, mas não jogou mal, principalmente na primeira perna. Seleção é seleção, concorre com vários jogadores bons e nesse momento prefiro convocar outros”.

Gabriel Jesus e jogadores prontos

“Não é que eu não pense no resultado, penso muito. Só não é a única coisa da vida. Me dedico a construir o resultado, não fico obcecado. Tenho coerência que me move, é a causa. O coração do meu trabalho é a causa, não o efeito. Vou sempre tentar convocar os melhores para acelerar o processo. Temos que dar chances e só saberemos com os jogadores na mão. Sobre o Gabriel Jesus, se vocês repararem essa convocação é mais perto não apenas pelo Fluminense, foi bom por causa disso também, mas solicitamos e a CBF atendeu sobre divulgar a lista próxima dos jogos para que os jogadores de lesão, ou com saúde e depois desconvocam. Não tínhamos convocado o Martinelli, não se reportaram de forma tão completa e não imaginávamos que ele estivesse pronto para Venezuela e Uruguai. E ele ficou pronto. Aproximamos mais para errar menos. Arsenal, por conta disso, vamos trazer o Gabriel para saber a condição real. Pela lesão que teve, pode ter boas condições. Gostaríamos muito de contar para os dois jogos. Temos 24 jogadores, caso aconteça algo com ele, teremos 23”.

Colômbia e Argentina

“A primeira perna contra Bolívia e Peru teve jogos bons, principalmente contra a Bolívia. Não tem adversário fraco. Fomos envolventes, criamos para mais e não oferecemos muitos contra-ataques. Contra o Peru fomos ok, merecimento, três gols para valer um, sem ser brilhante. Contra a Venezuela fizemos primeiro tempo bom, Venezuela não é aquela do imaginário. Tinha perdido de 1 a 0 fora em jogo difícil contra a Colômbia, adversário difícil como você considera. Empataram com o Brasil com muitas chances e cedendo poucas finalizações. Em casa, ganharam de 3 a 0. Não é desqualificado. Contra o Uruguai, jogo muito amarrado, muito tático, não foi jogo da maneira que eu gosto. Uruguai pouco produziu, teve uma finalização no primeiro tempo. Uruguai é muito forte em casa, zagueiro do Barcelona, meio-campista do PSG, atacante do Liverpool. Um dos melhores volantes do mundo que é o Valverde, De La Cruz que todos querem no Brasil e alguns do exterior. Pellistri do United. Jogo foi muito difícil, temos que reconhecer que fomos mal. No âmbito geral, vamos evoluir. Nesse momento de descida técnica e tática contra o Uruguai, e essa responsabilidade maior é minha. Temos tudo para dar salto à frente. Não vai ser subida assim [aponta para cima]. Vai precisar de ajuste, temos que saber melhorar e poderíamos ter feito mais contra o Uruguai, em que pese a força do adversário”.

Quando Diniz cuida do coração?

“Está em dia, eu teria problema se não fosse como eu sou. O único jogador que se machucou com a gente foi o Danilo, o resto foi nos clubes. E é justificável, Danilo comigo tinha que fazer movimentos que não está fazendo mais, é mais um terceiro zagueiro. Teve piques mais longos, ainda mais no posterior, sabíamos que poderia acontecer. No Fluminense, tem 29 à disposição para a final. Sempre garanto que jogador vai melhorar e DM vai ficar mais vazio nos meus times. Em novembro, é o time com idade mais avançada que ganhou Libertadores e com DM vazio. É ouvir jogador, sinônimo de saúde. Jogadores dificilmente vão machucar comigo, talvez por estranhar um trabalho para o outro. O único aqui foi Danilo, Nino com problema no joelho e mais nada em relação a musculo lá”.

Data Fifa mais difícil / elenco mais longo para treinos na Granja

“A gente convocou 24, podemos ter apoio de dois ou três de base para completar. Não vai ter número excessivo de dias, são mais dias apenas. Não justifica trazer cinco e cortar, trazer da Europa talvez para isso. Consideramos que trazer mais do que a gente traz, na minha opinião, não vale o desgaste, é sempre ruim fazer muitos cortes”.

Rodízio

“Acredito que, com acúmulo de trabalho, a chance melhora. Não fizemos primeiro tempo ruim contra a Venezuela. Com oito minutos finalizamos quatro ou cinco. Vamos procurar melhorar o time, as relações melhoram com mais tempo, conhecendo melhor a personalidade de cada jogador. Elo central do meu trabalho é criar boas conexões com os jogadores”.

Preparação

“Só penso na Colômbia, depois Argentina. Vamos procurar fazer o melhor para conseguirmos bons resultados”.

João Pedro

“É um jogador que eu lancei no Fluminense com 16 para 17 anos. E ele respondeu sempre muito bem. Personalidade, tem tudo. Era uma aposta nossa que ocuparia o espaço que agora ocupa. Acompanhei no Watford, assistia sempre que podia, tenho certa aproximação. Evolui sem parada, saiu para um time maior, com bom treinador, e responde bem a novos estímulos e enfrentamentos. Convocação merecida”.

Douglas Luiz

“Douglas está sendo um dos destaques da Premier League, jogador monitorado há muito tempo, campeão olímpico. Assim que começou a carreira no Vasco, tive enfrentamentos, conheço desde jovem. Melhor momento da carreira, convocação muito merecida. Tem muita imposição e tem tudo para começar novo momento na seleção”.

Arias

“Sempre um prazer responder sobre o Arias. Evoluiu muito. Não precisaremos ter cuidado pois está suspenso”.

Dificuldade contra Argentina e Colômbia

“Jogos têm tudo para serem difíceis pois historicamente são jogos difíceis. Argentina campeã do mundo, um dos maiores jogadores da história, outros grandes jogadores, mantém treinador. Colômbia ganhou muita visibilidade nas últimas décadas, jogadores em ligas européias com destaque. Barranquilla é difícil, muito calor. Tem jogos que se apresentam difíceis e ficam mais difíceis ou mais fácil. De antemão esperamos jogos muito difíceis, por esses e outros motivos. Esperamos que o Brasil esteja muito forte para esses dois jogos”.