Futebol Nacional

‘Jamais pensei que ia perder o Brasileirão’, diz Luís Castro sobre Botafogo

O técnico português deixou o clube carioca em junho, após 12 rodadas do Brasileirão. O time somou 10 vitórias e duas derrotas no período, obtendo 30 pontos (83,3% de aproveitamento), líder com vantagem de sete pontos para o segundo colocado

Luís Castro em sua passagem pelo Botafogo. Foto: Vítor Silva/Botafogo

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Luís Castro, ex-técnico do Botafogo e atual comandante do Al-Nassr, entrou em detalhes sobre seu período no futebol brasileiro. Em entrevista ao jornal português O Jogo, o treinador falou sobre a queda de rendimento do Alvinegro na reta final do Brasileirão 2023.

O QUE LUÍS CASTRO DISSE

Explicações para a perda do título brasileiro: Sei pouco do que se passou após a minha saída. Não tenho o atrevimento de tentar falar de coisas que desconheço, uma arte que muitos têm mas eu não tenho. (…) Foi com tristeza que não vi o Botafogo campeão. Depois de ver o time com 13 pontos de vantagem jamais pensei que iria claudicar. Mas não é o fim do mundo, porque o Botafogo é um clube de grande prestígio, com uma história maravilhosa e ídolos que são referências do futebol mundial.”

Impressões sobre o time: “Estava convicto de que o Botafogo ia ser campeão, pela qualidade dos jogadores e pela sua dimensão humana. Eram fantásticos, mas como em tudo na vida é necessário contexto para a qualidade se manifestar. Em determinado momento esse contexto não existiu e aconteceu o que todos sabem. É uma equipe que jamais esquecerei, fundamentalmente pela forma unida como esteve nos momentos ruins, em que nos fechamos muito e evitamos que nos atrapalhassem.”

Trajetória no Botafogo: “Chegamos e não tínhamos nada. Não havia CT, campo para treinar e o estádio tinha más condições. Não havia um local para fazermos as refeições juntos, não tínhamos massagens, nem sequer macas. A equipe vinha da Série B e tinha de ser reconstruída, apesar de ter muitos jogadores e seres humanos bons. Tínhamos de refazer tudo. Encontramos também uma mentalidade muito fatalista. Após um jogo, ganhando ou perdendo, as pessoas pensavam que não iriam voltar a vencer.”

Melhora do rendimento no fim do trabalho: “Na primeira temporada criamos essas condições (estruturais e de mentalidade, citadas acima) e partimos para a segunda com o objetivo de conquistar uma vaga na Libertadores. O compromisso com o grupo era simples e passava por melhorar sempre a classificação. E se estivéssemos em primeiro a ideia era aumentar a vantagem. Depois de um Carioca muito ruim, quase todo mundo pediu a minha saída, curiosamente os mesmos que depois pediram para eu ficar. Mas ainda somos donos de nós mesmos”.

Relação com a torcida: “Há momentos em que é melhor não sair de casa, mas nunca tive uma má abordagem na rua. Agradeço ao povo brasileiro a forma como sempre fui tratado. Senti apoio e carinho. Num estádio compreendo as emoções.”

Desejo de retornar ao Brasil: “Gostei muito e um dia talvez volte. Aliás, posso afirmar que gostaria de voltar ao Brasil. Tenho muito boas recordações de tudo. É um campeonato com uma competitividade enorme, há equipes campeãs que descem de divisão. Nada pode ser dado como adquirido, pois a luta é até ao fim.”

A DERROCADA DO BOTAFOGO SEM LUÍS CASTRO

O técnico português deixou o clube carioca em junho, após 12 rodadas do Brasileirão. O time somou 10 vitórias e duas derrotas no período, obtendo 30 pontos (83,3% de aproveitamento), líder com vantagem de sete pontos para o segundo colocado.

A margem na liderança cresceu nos primeiros jogos sem Luís Castro. O Botafogo manteve o ritmo nas partidas com o interino Cláudio Caçapa e no início do trabalho de Bruno Lage, sem perder nenhuma outra vez até a 21ª rodada. A margem para o vice-líder chegou a 13 pontos no fim do primeiro turno.

A vantagem botafoguense derreteu na reta final do campeonato. O time acumulou tropeços, fechou o Brasileirão em sequência de 11 jogos sem vencer e acabou na quinta posição, seis pontos atrás do eventual campeão Palmeiras.