Inocentado

Neymar é absolvido de acusações de fraude na Espanha

Além de Neymar e seus pais, também foram exonerados Sandro Rosell, Josep María Bartomeu, Odílio Rodrigues Filho, assim como o próprio FC Barcelona, o Santos e a empresa que administra a carreira do jogador

Neymar durante julgamento na Espanha
Decisão foi de comum acordo com o fisco espanhol, que já havia declarado a mesma coisa em relação a Neymar. Foto: Arquivo pessoal

A justiça espanhola absolveu Neymar, 30, e o restante dos processados por supostas irregularidades cometidas em sua transferência ao Barcelona, em 2013.

A decisão está alinhada com o critério do fisco espanhol, que já havia retirado suas acusações na reta final do julgamento realizado em outubro.

“A Audiência absolve Neymar e o resto dos processados por corrupção privada”, indicou o tribunal da Audiência de Barcelona, em um comunicado sobre a sentença publicada nesta terça-feira (13), que inocenta todos os indiciados pela empresa brasileira DIS, de Delcir e Idi Sonda.

Como foi o julgamento?

O julgamento, iniciado um mês antes do início da Copa do Mundo, é uma boa notícia para Neymar, poucos dias depois da dolorosa eliminação da seleção brasileira contra a Croácia, nas quartas de final da Copa do Qatar.

A expectativa já era de alívio para o jogador desde que o Ministério Público —que inicialmente pediu a ele dois anos de prisão e multa de 10 milhões de euros (56 milhões de reais)— surpreendeu no penúltimo dia de audiências, retirando todas as acusações contra os réus.

Opinião que os magistrados também compartilharam, segundo o acórdão.

“Das provas realizadas, não há indícios de que o jogador tenha recebido suborno e/ou que o tenha exigido para assinar pelo Fútbol Club Barcelona. A promotoria faz deduções que não passam de mera suspeita. Não são indícios de criminalidade”, afirmam.

Além de Neymar e seus pais, também foram exonerados dois ex-presidentes do Barça —Sandro Rosell e Josep María Bartomeu— e o ex-presidente do Santos, Odílio Rodrigues Filho, assim como o próprio FC Barcelona, o Santos e a empresa que administra a carreira de Neymar neste longo processo iniciado há sete anos pela DIS.

A empresa brasileira, detentora de 40% dos direitos federativos de Neymar quando ainda era uma promessa do Santos, havia recorrido à Justiça espanhola em 2015 acusando o Barça, o jogador e sua família —e posteriormente também o clube paulista— de terem enganado a esconder o valor real da transferência milionária.

O DIS também os repreendeu por não tê-lo informado sobre um suposto contrato de exclusividade assinado em 2011 com o Barça, e que teria adulterado a livre concorrência para assumir o promissor atacante.

Mas o Ministério Público, que inicialmente partilhou parte das acusações do DIS, acabou por considerar que as denúncias não se baseavam em provas “nem mesmo circunstanciais”, mas em “suposições”, e que era mais do que um caso civil do que criminal.

Com sua reviravolta inesperada, o procurador de Barcelona contrariou a visão de seus colegas de Madri, onde havia começado a jornada deste complexo caso, que acabou sendo encaminhado ao Tribunal de Barcelona.

Apesar de a mudança no Ministério Público não ter determinado a decisão final, desferiu um duro golpe na acusação, que ficou apenas nas mãos do DIS, graças ao fato de o ordenamento jurídico espanhol permitir à suposta vítima de um crime figurar como o acusador em um processo.

Por fim, o fundo brasileiro acabou derrubando também seu pedido para dois anos e seis meses de prisão a Neymar, dos cinco que pedia inicialmente.

O julgamento trouxe o atacante de volta ao Barcelona, de onde saiu abruptamente em 2017 para o Paris Saint-Germain.

No seu breve depoimento perante o tribunal, um sereno “Ney” assegurou que apenas assinou os documentos que lhe foram indicados pelo pai, em quem confia plenamente.

O atacante disse não ter participado de nenhuma negociação, mas que sua vontade sempre foi clara: realizar seu sonho e assinar pelo Barça, descartando ofertas como a do Real Madrid.

Essa operação acabaria se tornando, porém, uma saga jurídica mista que já dura quase uma década.

Apesar de o Barça ter estimado inicialmente a sua contratação em 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família e 17,1 para o Santos), a justiça espanhola estimou que atingiu pelo menos 83 milhões.

Para o DIS, que recebeu 6,8 milhões do valor oficial pago pelo clube brasileiro, a equipa catalã, Neymar e posteriormente o Santos esconderam-lhes através de vários contratos camuflados cerca de 35 milhões de euros que agora reclamavam em tribunal.

A polêmica operação já rendeu ao Barça uma multa de 5,5 milhões de euros por irregularidades fiscais, além de várias demandas cruzadas com Neymar após sua marcha de destaque para o PSG.

Por fim, a entidade e o 10 da seleção chegaram a um acordo “de forma amigável” no ano passado para encerrar todos os processos pendentes.