LITERATURA PÓS-COLONIAL NA ÁFRICA

Abdulrazak Gurnah, da Tanzânia, vence o Nobel de Literatura de 2021

O romancista Abdulrazak Gurnah venceu o prêmio Nobel de Literatura deste ano, o maior reconhecimento…

Abdulrazak Gurnah
Abdulrazak Gurnah, da Tanzânia, vence o Nobel de Literatura de 2021 (Foto: reprodução - Folha de SP)

O romancista Abdulrazak Gurnah venceu o prêmio Nobel de Literatura deste ano, o maior reconhecimento mundial a um escritor vivo.

A Academia Sueca fez na manhã desta quinta-feira o anúncio que pega todas as bolsas de aposta de surpresa.

Nascido na ilha de Zanzibar e radicado no Reino Unido, ele é conhecido por sua literatura pós-colonial na África Oriental. O comitê justificou a escolha “por sua rigorosa e compassiva investigação sobre os efeitos do colonialismo e os destinos dos refugiados no golfo Pérsico, entre culturas e continentes”.

A premiação vinha tendo anos turbulentos antes da vitória pouco ruidosa da poeta americana Louise Glück, no ano passado.

Outra cria dos Estados Unidos, o músico Bob Dylan causou um terremoto nos círculos literários ao ser escolhido para o prêmio há cinco anos, quando o principal de sua obra são letras de canções.

No ano seguinte, o Nobel passou por sua maior crise, devido a acusações de estupro e corrupção no comitê que escolhe os vencedores, o que causou sete baixas na instituição.

Em 2018, o prêmio não foi entregue —foi a primeira vez que isso aconteceu por um motivo diferente de uma guerra— e, em compensação, a instituição decidiu escolher duas pessoas em 2019.

Mas isso não acalmou ânimo nenhum, já que ao lado da polonesa Olga Tokarczuk, o Nobel escolheu o austríaco Peter Handke, sob quem recaíam acusações de racismo e de negar a existência do genocídio na Bósnia.

Fundada há 232 anos pelo rei da Suécia com o objetivo inicial de proteger seu idioma, a Academia Sueca seleciona desde 1901 o vencedor do Nobel, que hoje ganha um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, ou cerca de 6 milhões de reais.

Dos 118 escritores escolhidos até hoje, apenas 16 foram mulheres. Só três pessoas negras venceram até hoje: a americana Toni Morrison, o nigeriano Wole Soyinka e Derek Walcott, da ilha caribenha de Santa Lúcia.

O eurocentrismo e a anglofilia, que sempre marcaram o Nobel de literatura, ainda perduram. Nove dos dez premiados da última década vieram da América do Norte ou da Europa —a exceção foi o chinês Mo Yan, em 2012.

Os Estados Unidos e a França lideram a lista de nacionalidades, com 11 vencedores cada um.