Entenda como serão funeral e enterro do papa Francisco
Cerimônia segue ritos definidos pelo próprio pontífice e marca o início do período de transição até a eleição do novo papa

Com a morte do papa Francisco, a Igreja Católica entra oficialmente no período conhecido como Sé Vacante, uma fase de transição marcada pela ausência de um líder e pela preparação para o Conclave que definirá o próximo pontífice. Até lá, a administração da Santa Sé passa para as mãos do camerlengo, cardeal que assume tarefas práticas e litúrgicas durante o vácuo de poder. O atual responsável por essa função é o irlandês Kevin Joseph Farrell.
O Papa Francisco morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, após 12 anos de pontificado. E de certa forma, será ele próprio o responsável, por ditar os rumos do seu funeral. Em abril de 2024, o papa aprovou as diretrizes que definem o protocolo para as cerimônias fúnebres de um pontífice, publicadas oficialmente em novembro do mesmo ano. As regras, além de modernizarem parte dos ritos, reforçam o perfil mais simples que Francisco adotou ao longo de sua trajetória.
A primeira ação após a morte é a confirmação oficial do óbito. Seguindo a tradição, o camerlengo chamará o papa pelo nome três vezes. Diante da ausência de resposta, o falecimento será declarado. A antiga prática de usar um pequeno martelo de prata tocando a testa do pontífice foi abandonada. Em seguida, o “Anel do Pescador”, símbolo do governo papal, é removido e destruído, marcando formalmente o fim do pontificado.
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O quarto do papa é lacrado, e o corpo será preparado para o velório. Conforme as novas normas, não haverá mais o traslado até o Palácio Apostólico, como ocorria em funerais anteriores. O corpo do papa será levado diretamente à Basílica de São Pedro, onde será velado publicamente. Ao contrário do que acontecia em pontificados anteriores, Francisco determinou que o esquife não seja elevado, mas colocado diretamente sobre o caixão.
Outra mudança importante está no modelo da urna funerária. Se antes o papa era sepultado em três caixões (de cipreste, chumbo e carvalho), agora o corpo será acomodado em um único caixão de madeira com revestimento interno de zinco, uma simplificação coerente com a imagem que Francisco cultivou ao longo de seu papado.
O enterro deve ocorrer entre quatro e seis dias após a morte. O local também foge da tradição: Francisco pediu para ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não na Basílica de São Pedro, onde estão enterrados a maioria de seus antecessores.
Durante os nove dias que se seguem ao funeral, serão celebradas missas diárias em memória do pontífice. Esse período é conhecido como novendiales, uma tradição da Igreja voltada à oração e ao luto coletivo. Enquanto os ritos se desenrolam em Roma, os cardeais de todo o mundo começam a se deslocar para o Vaticano, onde será realizado o Conclave que elegerá o novo papa. Até lá, a Igreja segue em silêncio institucional, guiada pelo ritual e pela espera.