Imagens que mostram como a Terra mudou nos últimos 50 anos
Imagens revelam mudanças visíveis na superfície do planeta

No dia 7 de dezembro de 1972, uma quinta-feira, a humanidade teve seu primeiro vislumbre do planeta Terra como um todo. A imagem que ficou conhecida como Blue Marble (“bola de gude azul”, em tradução livre) foi registrada por um dos astronautas da missão Apollo 17, a última tripulada com destino à Lua. O clique foi feito enquanto a nave se afastava da Terra, a cerca de 29 mil quilômetros de distância, e revelou um planeta aparentemente sereno — mas em constante transformação. Desde então, muita coisa mudou. Veja abaixo imagens que mostram como a Terra mudou nos últimos 50 anos!
Cinquenta anos depois, no mesmo dia e horário do registro original, uma nova “Blue Marble” foi feita. Desta vez, por um satélite em órbita. O que se vê nas duas imagens, colocadas lado a lado, revela o impacto das ações humanas sobre o planeta: diminuição das calotas polares, avanço dos desertos, recuo das florestas tropicais e uma explosão de luzes artificiais — evidência do crescimento urbano desenfreado.
A Terra em transformação
A famosa foto de 1972 foi feita com uma câmera Hasselblad 500 EL analógica, equipada com filme Kodak de 70 mm. Naquele momento, os astronautas Eugene Cernan, Ronald Evans e Harrison Schmitt se revezavam no manuseio do equipamento, encantados com a visão da Terra iluminada pelo Sol. Embora o crédito oficial da imagem seja atribuído à tripulação como um todo, o clique se tornou uma das fotografias mais reproduzidas da história.
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Cinco décadas depois, o satélite Deep Space Climate Observatory (DSCOVR), da Nasa, capturou novas imagens do planeta. Ao contrário do registro analógico de 1972, o satélite agora fotografa a Terra regularmente, em diferentes comprimentos de onda — do ultravioleta ao infravermelho — e fornece dados detalhados sobre nuvens, ozônio, vegetação, aerossóis e até mesmo os cristais de gelo nas nuvens.
Gelo derretendo, floresta recuando
As mudanças mais visíveis entre as duas imagens estão nos extremos do planeta. A camada de gelo da Antártida encolheu drasticamente, um dos sinais mais claros do aquecimento global. Já na África, o Deserto do Saara se expandiu, enquanto as florestas tropicais recuaram em direção ao sul. A região do Sahel, que margeia o deserto, também perdeu grande parte de sua cobertura vegetal.
“O que se vê de forma dominante na imagem mais recente é o desmatamento e a perda de vegetação”, explica Nick Pepin, cientista climático da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido.
Um planeta mais iluminado — e inquieto
As imagens também revelam um crescimento acelerado da urbanização, visível principalmente nas luzes artificiais captadas durante a noite. Além disso, os incêndios florestais — que dobraram em frequência nos últimos 20 anos — também aparecem como pontos brilhantes, denunciando a devastação em regiões antes preservadas.
Pepin destaca ainda a “atmosfera inquieta” do planeta. Segundo ele, ao observar a formação de nuvens sobre áreas florestais e sua ausência sobre desertos, é possível entender melhor a ligação entre ecossistemas, clima e vida. “Quando você olha de cima, vê todas as conexões entre as áreas. Se você só enxerga o seu pedaço, pode achar que os problemas ambientais são distantes — e não responsabilidade sua.”
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E o futuro?
A cientista Natalie Levasseur está ansiosa pela missão Artemis 2, prevista para 2026, que deve levar novamente humanos à órbita da Lua. “Não haverá outra imagem completa da Terra até que seres humanos se afastem do planeta novamente”, diz. “Por mais que tenhamos satélites incríveis, há algo especial em saber que alguém está por trás daquela câmera.”
E talvez essa seja a grande lição das duas imagens separadas por meio século: a Terra mudou — e continua mudando. Cabe a nós decidir que tipo de planeta queremos deixar para a próxima Blue Marble.
As imagens que mostram como a Terra mudou nos últimos 50 anos
*Com informações da BBC