PROCURAÇÃO

Advogados que pedem impeachment de Rogério Cruz trabalham para presidente da CEI da Comurg

"Fizeram como cidadãos, não têm nada a ver comigo. Eu estou no meio de uma CEI. Jamais mandaria fazer isso", diz Ronilson, que também é advogado

Advogados que pediram impeachment de prefeito de Goiânia trabalham para presidente da CEI da Comurg
Advogados que pediram impeachment de prefeito de Goiânia trabalham para presidente da CEI da Comurg (Foto: Antônio Silva - Câmara de Goiânia)

A Câmara Municipal de Goiânia recebeu dois pedidos de impeachment do prefeito Rogério Cruz (Republicanos), na última quarta-feira (29). Um deles foi protocolado pelos advogados João Paulo Tavares e Hudson Bollela, que possuem procuração para atuar para o vereador Ronilson Reis (PMB). O parlamentar preside a Comissão Especial de Investigação (CEI) da Comurg, que tem desgastado a prefeitura.

Destaca-se, o vereador antecipa que os juristas só atuaram para ele no período “pós-eleitoral” e que o documento não é para isso [pedido de impeachment]. O Mais Goiás teve acesso à procuração do vereador aos advogados João Paulo Tavares e Hudson Bollela. Esta é 4 de dezembro de 2022.

Ela dá poderes gerais aos juristas para, entre outras coisas, “representá-lo em conjunto ou separadamente” em “processo ou ação”, bem como “propor quaisquer ação de seu interesse e direito em processo judicial ou administrativo”.

Posições

O Mais Goiás tentou contato com Hudson, mas não teve sucesso. O portal não conseguiu o telefone de João Paulo para comentar o caso. Ronilson, como mencionado, disse: “Eles atuaram para mim no período pós-eleitoral e para vários outros políticos.”

Ainda segundo vereador, ele não sabia da ação. “Fizeram como cidadãos, não têm nada a ver comigo. Eu estou no meio de uma CEI. Jamais mandaria fazer isso. O dia que eu quiser, eu mesmo vou protocolar.” Ronilson, vale citar, também é advogado.

A assessoria do parlamentar também enviou uma nota:

“O vereador Ronilson Reis (PMB) vem a público esclarecer que não possui qualquer envolvimento com o pedido de impeachment protocolado contra o prefeito Rogério Cruz. Embora tenha contratado os serviços de advogados responsáveis pela petição durante sua campanha eleitoral, e os mesmos já advogaram para outros políticos, o vereador afirma que não tem nenhuma ligação com a ação jurídica em questão.

O vereador avalia que a petição protocolada na Câmara é inconsistente e não apresenta fundamentos jurídicos e políticos para o pedido de impeachment.

Ronilson Reis reforça seu compromisso com a transparência e a legalidade em todas as suas ações e reitera que sua missão é conduzir a CEI da Comurg de forma imparcial, apontando as devidas irregularidades ao Ministério Público e à Justiça no final das investigações.”

Pedidos de impeachment

Os pedidos de impeachment contra Rogério Cruz aparecem em um momento de tensão entre o Legislativo e o Executivo, com diversas denúncias sobre irregularidades supostamente ocorridas no âmbito da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). A empresa é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CEI) na própria casa legislativa.

Um deles, o pedido apresentado por Kairo Vitor Barros menciona justamente a CEI da Comurg. Além disso, aponta que a prefeitura não teria cumprido investimento mínimo em educação nos primeiros cinco meses de 2021 e 2022. O mesmo ocorreu em relação à saúde nos meses de janeiro de 2021 e 2022.

Já a denúncia apresentada pelos advogados cita buracos nas ruas, aumento abusivo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e viagens.

Os pedidos ainda precisam passar pela procuradoria da Câmara Municipal para seguir adiante na casa legislativa.

Resposta

A prefeitura, por outro lado, diz que as peças não encontram respaldo na realidade, carecem de rigor jurídico, são baseados em dados incorretos e não ensejam crimes de responsabilidade.

“É rigorosamente falsa a alegação de que a prefeitura descumpriu os investimentos mínimos em Educação e em Saúde, este último superando em larga margem o percentual constitucional devido à pandemia da Covid-19”, diz.

Leia a nota na íntegra:

O prefeito Rogério Cruz tomou conhecimento das manifestações pela imprensa e entende tratar-se de insatisfações administrativas.

Os argumentos das peças não encontram respaldo na realidade, carecem de rigor jurídico, são baseados em dados incorretos e não ensejam crimes de responsabilidade. É rigorosamente falsa a alegação de que a prefeitura descumpriu os investimentos mínimos em Educação e em Saúde, este último superando em larga margem o percentual constitucional devido à pandemia da Covid-19.

Em 2021, a Prefeitura de Goiânia aplicou R$ 806 milhões na área da saúde, o que corresponde a 20,92% da receita resultante de impostos e transferências constitucionais legais, frente ao mínimo de 15%. No mesmo ano, para a Educação, foram investidos R$ 993 milhões, o que resulta em 25,49% das receitas para apuração legal, portanto, acima do mínimo constitucional de 25%.

Questões de ordem administrativa, como fila nos Cais, coleta de lixo e buracos nas vias, são problemas que não se encerram e motivos de queixas das populações de rigorosamente 100% dos municípios e estados brasileiros. A Prefeitura de Goiânia, por seu turno, trabalha diariamente para minimizar essas situações.

Como política prioritária, a Prefeitura de Goiânia investe, por meio do programa Goiânia Adiante, o montante de R$ 144 milhões para a construção de 14 novas unidades de saúde, três delas já iniciadas, além de reforma de cinco unidades, reconstrução de outras duas e manutenção em 142 prédios administrados pela Saúde.

Na área da Educação, o Goiânia Adiante prevê a entrega de novas 36 unidades de educação, sendo a retomada de 12 obras paralisadas por outras gestões, entrega de 4 construções modulares, e a construção de novos 20 Cmeis, que resultarão no incremento de 10 mil vagas apenas para os Cmeis.

Prefeitura de Goiânia