Eleições 2018

Crise de representação aumenta votos brancos e nulos após 2013, diz diretor do Datafolha

O alto índice de eleitores que não têm candidato para as eleições presidenciais -mostrado na…

O alto índice de eleitores que não têm candidato para as eleições presidenciais -mostrado na pesquisa mais recente do Datafolha- é reflexo da crise de representação que ganhou força no país a partir das manifestações de 2013. Segundo a pesquisa divulgada no domingo (10), em um cenário sem o Partido dos Trabalhadores (PT), votos brancos, nulos, abstenções e eleitores indecisos alcançam 34%. Em 2014, ano em que a Lava Jato teve início e após o discurso contra a corrupção ganhar força nas ruas, esse número era de 30%, muito superior aos 13% registrados na mesma época de 2010.

De acordo com o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, o salto dos eleitores que não se sentem representados por candidatos ou partidos políticos é uma consequência de um conjunto de crises no Brasil que se tornou mais evidente a partir de 2013. Esse cenário alimenta uma desconfiança nas diversas instituições.”Após as manifestações de 2013, os índices dos governantes caíram muito em todas as esferas. A [ex-presidente] Dilma perdeu muita popularidade, os governadores também. Isso vem se intensificando desde então”, afirma Paulino.

“Hoje há uma insegurança generalizada em todos os segmentos, em relação à economia, à ameaça do desemprego, à segurança pública”. A crise política, segundo Paulino, atinge todos os políticos. Hoje, a taxa de eleitores que não tem um partido de preferência supera os 60%. Em relação apenas aos votos brancos, nulos ou abstenções, o índice é de 28% no cenário sem o ex-presidente Lula, segundo o Datafolha. Em junho de 2014, era de 4%; na mesma época de 2010, era de 7%.

Além de sucessivos casos de corrupção, o Brasil passou por um processo de impeachment em 2016 e enfrentou efeitos da recessão de 2014-16 na economia. Segundo a pesquisa, mesmo dois meses após a prisão, Lula aparece com 30% das intenções de voto. Mais de um terço dos eleitores se dizem sem opção ao analisar cenários em que ele fica fora da disputa.