DEFESA

Depoimento de hacker na CPI não terá impactos na entrega de título a Bolsonaro, avaliam aliados

Para bolsonaristas em Goiás, é o Walter Delgatti quem tem de provar acusações e solenidade não será maculada

Bolsonaro e Major Vitor Hugo (Foto: Divulgação)

O depoimento cheio de acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), feitas pelo ‘hacker da Vaza Jato’, Walter Delgatti Neto, nesta quinta-feira (17), durante depoimento para a CPI dos Atos Golpistas não atrapalha a vinda do capitão reformado para receber o título de cidadão goiano na Assembleia Legislativa. A solenidade será nesta sexta-feira (18), em Goiânia.

Ex-deputado federal e um dos principais aliados do ex-presidente, Major Vitor Hugo destaca que o depoimento não deverá refletir na entrega do título. “São situações completamente diferentes. A concessão do título foi feita em 2019. O [ex]presidente continua com o mesmo prestígio, nada do que foi revelado agora implica diretamente”, pontuou.

Vitor Hugo destaca o histórico de ‘falas contraditórias’ de Walter e que quem desfere as acusações precisa apresentar as devidas provas. “Ele precisa provar o que está falando. Para afirmar e fazer acusações que vi até agora que carecem até de lógica”, destacou. “Bolsonaro está certíssimo em ingressar com ação que defenda sua honra para preservar e instaurar a verdade”, salientou.

Um dos representantes do PL na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), o deputado estadual Major Araújo acredita que, mesmo diante de todas as acusações, a cerimônia “será linda”. “O presidente Bolsonaro tem uma incrível capacidade de mobilização. Sempre que ele vem a Goiânia ele reúne um número expressivo de apoiadores e faz a chama da direita reascender. Isso é muito bom”, destacou.

Ele acredita que nem mesmo as acusações feitas nesta quinta-feira (17) terão potencial para estragar a homenagem. De acordo com ele, o depoimento de Walter está coberto de contradições. “Se a gente tivesse uma apuração e uma abordagem neutra sobre isso, talvez até tivesse potencial para macular e prejudicar a homenagem. Mas não é o caso. O contexto atual está cheio de armações e depoimentos que são modificados. Para a PF ele disse uma coisa, agora disse praticamente o contrário.”

Araújo acredita que o que tem acontecido atualmente não passa de “narrativas que não devem ser levadas a sério”. “Assisti vários trechos e o que vi foram deputados de direita descontruindo o depoimento”, salientou destacando que a defesa de Bolsonaro trará luz a Justiça. “Os fatos que vão ser apresentados agora vão elucidar. Se essa nova versão que ele está dando, todos esses ataques forem verdadeiros, ele que apresente as devidas provas. Ao que vi, ele não conseguiu provar nada”, apontou.

O empresário Uugton Batista também acredita que não há o que temer.  “Se o presidente quisesse dar um golpe, ele dava quando era presidente da República. O resto é narrativa. O hacker tem que mostrar vídeos, fotos, provas… Acho que não atrapalha a vinda dele aqui”, destacou. 

Hacker diz que Bolsonaro lhe assegurou indulto caso fosse preso por atuação sobre urnas eletrônicas

Entre muitos pontos controversos e acusações graves durante audiência na CPI dos Atos Golpistas , Walter Delgati Neto disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) assegurou que concederia um indulto a ele, caso fosse preso ou condenado pela atuação envolvendo urnas eletrônicas.

Segundo o hacker, a promessa foi feita durante reunião no Palácio da Alvorada, próximo às eleições do ano passado. Questionado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), se recebeu garantia de proteção do ex-presidente, Delgatti respondeu:

“Sim, recebi. Inclusive, a ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia.”

No encontro, que teria sido intermediado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o hacker afirma que o ex-presidente questionou se ele conseguiria invadir urnas eletrônicas, para testar a lisura dos equipamentos.

Após contradições, PF intima hacker

A Polícia Federal irá intimar o hacker Walter Delgatti Netto a prestar novo depoimento, nesta sexta-feira, na sede da corporação, em Brasília. Os investigadores avaliaram que há contradições na oitiva que ele participa, desde às 9h, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), a CPI do 8 de janeiro, no Congresso Nacional.

Nessa sessão, Delgatti atribui ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) orientações para manipular urnas eletrônicas, assumir a autoria de um suposto grampo realizado contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e participar de reuniões com o Ministério da Defesa.

Na quarta-feira, em depoimento à PF, a defesa do hacker Walter Delgatti informou que ele apresentou conversas que comprovariam o pagamento de cerca de R$ 40 mil para a invasão de sistemas do Poder Judiciário. Segundo as investigações, os pagamentos teriam sido realizados por pessoas do entorno da deputada Carla Zambelli (PL-SP).

Desa de Bolsonaro entra com queixa-crime contra hacker

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai apresentar uma queixa-crime contra o hacker Walter Delgatti Netto por crimes contra a honra. A informação foi confirmada ao Jornal O Globo pela defesa do político.

Segundo os advogados, que estão reunidos nesta tarde, o ex-mandatário sofreu calúnia e difamação no depoimento do hacker na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, no Congresso Nacional. Entre outras coisas, Delgatti afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, teria sido grampeado.

“Segundo ele (Bolsonaro), eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro Alexandre de Moraes. Que teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse mais cedo.