Prefeitura teve superávit de R$ 705 milhões nos primeiros meses de 2025, diz Mabel
Por outro lado, os investimentos também sofreram forte retração

O prefeito Sandro Mabel (União Brasil) apresentou durante audiência de prestação de contas na Câmara de Goiânia na manhã desta quinta-feira (29), um cenário de aumento na arrecadação e corte expressivo nas despesas da Prefeitura de Goiânia. De acordo com os dados oficiais, a receita total do município cresceu 14,25% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto os gastos encolheram 18,24%.
“É um dia feliz para mim porque temos condição de mostrar nossos quatro primeiros meses de trabalho, a forma austera como conduzimos a cidade […] e o trabalho que ainda precisa ser feito para retomar Goiânia aos trilhos e fazer com que seja uma cidade cada vez mais bonita e mais limpa”, destacou o chefe do executivo da capital.
O salto na arrecadação foi puxado, principalmente, pelas receitas correntes, que somaram R$ 3,3 bilhões, com destaque para o IRRF, que dobrou em relação ao ano anterior (R$ 242 milhões), e para o ISS, que teve crescimento de 17%. Já as receitas de capital, oriundas de transferências e operações de crédito, despencaram 69,7%.
Por outro lado, os investimentos também sofreram forte retração. As despesas de capital caíram 62,6%, com recuo de quase 76% nos valores aplicados diretamente em obras e aquisições. Os gastos com pessoal e encargos subiram 5% nominalmente, mas caíram 0,5% em termos reais. A despesa total liquidada no quadrimestre foi de R$ 2,48 bilhões, sendo que R$ 326 milhões se referem ao pagamento de restos a pagar do exercício anterior.
Apesar da redução nos gastos, o município registrou superávit primário de R$ 705,5 milhões no período. O índice de gastos com pessoal do Poder Executivo ficou em 46,65% da Receita Corrente Líquida, abaixo do limite de 54% previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. Ainda assim, Mabel justifica o pedido de calamidade sob o contexto de herança de uma dívida de 4 bi.
O desempenho fiscal da gestão foi contestado por alguns vereadores, como Lucas Vergílio (MDB), que insinuou maquiagem nos números. Em resposta, Mabel reagiu com veemência. “Não tem inflado, isso é caneta firme e cara que sabe fazer gestão. Eu tô vendo que o senhor não está andando pela cidade ou não quer enxergar. A cidade está se movimentando, sendo iluminada, os hospitais hoje têm remédio. Em quatro meses, o senhor quer que eu mude uma cidade que estava sendo destruída?”, retrucou.
Durante a apresentação, o prefeito voltou a citar o rombo herdado da gestão anterior e argumentou que o passivo acumulado exige uma reestruturação das dívidas. Ele também cobrou reconhecimento do cenário de “calamidade” vivido pelo município e defendeu as medidas adotadas nos primeiros meses de mandato para reorganizar as contas públicas.