Investigação

Menino salvo de ataque de ariranhas em 1977 é alvo de operação da Polícia Federal

Um dos alvos da Polícia Federal na investigação que apura um rombo de R$ 6…

Um dos alvos da Polícia Federal na investigação que apura um rombo de R$ 6 bilhões no fundo de pensão dos funcionários dos Correios é Adilson Florêncio da Costa, de 54 anos. Aos 13 anos ele foi resgatado pelo sargento Sílvio Delmar Hollenbach, de um ataque de ariranhas, no Jardim Zoológico de Brasília.

Essa é a segunda vez que os investigadores miram em Adilson. Ele foi preso em junho de 2016, por supostamente integrar um esquema que desviou R$ 90 milhões do Postalis e da Petros, os fundos de pensão dos funcionários dos Correios e da Petrobras. Adilson é ex-diretor financeiro da Postalis.

O garoto salvo das ariranhas tornou-se importante interlocutor político. Apadrinhado de caciques do PMDB, Adilson chegou à direção financeira do Postalis. Após aprovar o investimento do Postalis em debêntures do falido grupo Galileo Educacional — instituição mantenedora da Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), ambas no Rio de Janeiro —, tornou-se alvo de investigação.

O negócio ocorreu em abril de 2011. Até 2012, Adilson comandou o fundo de pensão. Ao deixar o cargo, ganhou emprego no conselho administrativo do grupo educacional. No ano seguinte, ele foi multado por má gestão no Postalis. Em 2014, a administração de Adilson novamente se tornou alvo de investigação, desta vez na Operação Lava-Jato.

Na última quinta-feira (2), a história do menino voltou às manchetes. A Polícia Federal voltou a casa de Adilson, no Lago Sul, um dos metros quadrados mais caros da capital federal. O imóvel foi alvo de polêmica durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão, em 2015, por supostamente ter sido comprado por R$ 1,1 milhão do ex-presidente do Postalis, Alexei Predtechensky. Em 2006, Adilson chegou a depor na CPI dos Correios para explicar um investimento de R$ 20 milhões do Postalis em bancos mineiros.

Em 2006, Adilson chegou a depor na CPI dos Correios. (Foto:: José Varella)

História

Em 27 de agosto de 1977, o sargento Sílvio Delmar Hollenbach se jogou no tanque das ariranhas para salvar Adilson Florêncio da Costa, no Jardim Zoológico de Brasília. Há 40 anos, Brasília ficou em choque pela morte do sargento do Exército Sílvio Delmar Holenbach, então com 33 anos. Após três dias de agonia no Hospital das Forças Armadas (HFA), o militar não resistiu às mais de 100 mordidas que levou das ariranhas do zoológico. Os animais o atacaram enquanto ele tentava salvar o menino Adilson, à época com 13 anos.

Em homenagem ao sargento, o zoológico passou a se chamar oficialmente Jardim Zoológico Sílvio Delmar Hollenbach. Além disso, o gesto de coragem ficou eternizado com a construção de um busto de bronze com o rosto do militar. Adilson nunca comentou o fato de ter sido salvo pelo sargento aos 13 anos. Tampouco quis conhecer a família Hollenbach. Nas últimas quatro décadas, sempre que questionado sobre o assunto, manteve o silêncio ou mandou dizer que não falaria sobre o assunto.

Filhos, nora e netos do sargento Sílvio Hollembach, em homenagem no Zoológico. (Foto: Paulo de Araújo)

(As informações são do Correio Brasiliense)