SABATINA MAIS GOIÁS | DRA. CRISTINA

“Minha proposta é um hospital municipal móvel em um caminhão”, diz Dra. Cristina

O Mais Goiás encerra as sabatinas iniciadas em parceria com BandNews FM, na tarde desta…

Dra. Cristina | Foto: Divulgação

O Mais Goiás encerra as sabatinas iniciadas em parceria com BandNews FM, na tarde desta sexta-feira (30), com a candidata à prefeitura de Goiânia, Dra. Cristina (PL). Ela é vereadora há dois mandatos, tendo sido a mais votada em 2016.

Como dito, a entrevista é uma sequência às sabatinas realizadas pelo Mais Goiás e BandNews FM, que ouviu os seis mais bem colocados postulantes ao paço municipal de acordo com a primeira rodada da Pesquisa Ibope. Nesta semana, o portal conclui as entrevistas com os demais candidatos.

Entrevista

Mais Goiás – Depois de muita luta você conseguiu recuperar a candidatura e o tempo de TV. Contudo, o presidente metropolitano do PL Valdery Júnior afirmou que o estatuto da legenda prevê que o presidente estadual da sigla pode retirar a candidatura, a qualquer momento, se entender que não é viável, até mesmo durante a campanha. É isso mesmo? Existe essa instabilidade?

Dra. Cristina – Isso não procede. Tanto que o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) me deu ganho de causa por 7 a 0 – inclusive, com voto do presidente que não era necessário. Nenhum estatuto partidário é maior que a Constituição. E no processo partidário, as convenções são legitimas para a escolha do candidato. Eu fui convencionada e a ata foi fraudada. Então, tanto não procede, como sou candidata.

Mais Goiás – Você acusou o partido de sabotagem e até registrou queixa crime por fraude eleitoral. O partido diz que você não viabilizou a candidatura e nem tinha vice. Hoje, como está este imbróglio?

Dra. Cristina – A fraude está constatada pelo documento fonográfico e filmográfico – que vale como prova segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em relação ao vice, tenho um aclamado em convenção e que também foi participado da fraude, pois colocaram ele como candidato a vereador. Eu espero que o partido tenha a hombridade de registrar, desta vez, Sadala Jorge, o novo vice. O que o Valdery usa de argumento é frágil e não corresponde com a verdade.

Mais Goiás – Você só conseguiu recuperar o seu tempo de TV recentemente. Isso te coloca em desvantagem? Como se recuperar?

Dra. Cristina – Me coloca em desvantagem, pois saio atrasada, com muitos candidatos à minha frente no tempo de rádio e TV. Mas isso não é problema, pois nada na minha vida foi fácil. Entrei com gás, garra e compromisso com a cidade, e com propostas. Queremos apresentar o nosso projeto para representar Goiânia.

Mais Goiás – Acabar com a indicação política fruto de interesses que não sejam republicanos está entre suas propostas. Eu imagino que isso terá impacto direto nos comissionados. Você fez este cálculo? Sabe quanto irá economizar?

Dra. Cristina – Os comissionados são essenciais para o funcionamento na máquina pública, por causa da redução de concursos – que vamos realizar. Quando falo em cortes, digo em adequação dos funcionários, levando-os para o lugar certo. Sou contrária a indicações não técnicas. Quero pessoas a serviço da população.

Mais Goiás – “Melhorar os indicadores educacionais de Goiânia.” Você diz apenas isso, o que é muito vago. Pode explicar como fazer isso?

Dra. Cristina – A primeira coisa é valorizar carreira do magistério, equipes dentro da escola. Fazendo cursos de capacitação, inovação dentro da escola, instalação de projetos (para pessoas com deficiência, implantação das hortas escolares…). São vários projetos que não vão para frente por falta de investimento da secretaria de Educação.

Lugar de criança é na escola e não em lista de espera. Se tenho professores e alunos motivados, vou alavancar os índices. E também a escola volta a ser um centro de convivência para a família, que deixou de ser incentivado nos últimos anos.

Mais Goiás – Você também fala em implementar disciplina de Libras na Rede Municipal. Isso é competência municipal? Se for, qual o custo de incluir esses novos profissionais e em quanto tempo pretende fazer?

Dra. Cristina – Temos autonomia para incluir. Tem o currículo básico e podemos ir além. Tem uma escola municipal, que sou fundadora, em Luziânia, e ela tem libras como ensino obrigatório. Não temos mão de obra para ocupar esse espaço, não é algo que se faz para o dia da noite.

Uma formação compreende, pelo menos, 3 anos. Precisamos fazer o levantamento, por prova de avaliação ou competência, e, a partir dos aprovados, entender quantas escolas precisam. Mas começarei e ampliarei essa proposta. Existe um mercado de trabalho aberto. Marília Mendonça mostra que até live tem ter que tradução (risos).

Mais Goiás – Em outro ponto do eixo da educação você propõe: “Ampliar o número de vagas para acabar com a demanda existente.” Mais uma vez, como? O deficit em CMEIs é de 6 mil crianças. Quantos serão construídos, de onde virá o dinheiro?

Dra. Cristina – Acredito que o número se amplie no ano que vem, porque muitos pais perderam a condição econômico. Estou estimando que possa passar de 10 mil crianças. Como fazer: finalizando as obras dos CMEIs parados, implementar equipe especializada e ampliar o convênio com as conveniadas, que é tradição de Goiânia, e também com o Sistema S, que oferece serviço de absoluta qualidade.

A verba mais forte é do Fundeb. É por criança. Então, esse valor não é repassado na integralidade, hoje. Só de passar na prefeitura reduz. O nosso compromisso é chegar integral para atender as crianças.

Já o tempo vai depender muito das vagas represadas. Se manter em 6 mil, dá pra resolver imediatamente pelo convênio. Se passar 10 mil, até agosto deve estar totalmente ajustado. Educação será prioridade.

Mais Goiás – Essa é quase uma unanimidade entre os candidatos: “Construir o Hospital Público Municipal de Goiânia.” Quanto vai custar, de onde virá o recurso e qual a previsão de entrega?

Dra. Cristina – Minha proposta não foi criada por mim, vivi essa experiência em São Paulo, onde compreendi que o dinheiro da saúde é suficiente para isso. O hospital será móvel.

O maior problema, atual, é a questão de cirurgias eletivas de pequenas e médias complexidade. Temos o problema dos exames diagnósticos (por imagem) e de consultas com especialistas. As filas são grandes e não há transparência.

Teremos transparência nessa informação e o hospital seria para resolver esses problemas pontuais. Minha proposta é um hospital municipal móvel em um caminhão, que é a experiência de São Paulo. É factível e otimiza a vida das pessoas. Não tem alto custo e começa a resolver por região. E dentro desse ambiente, não dá para perceber que é um caminhão.

É algo rápido, não penso em construção física. Fácil de implantar, só falta boa vontade. Minha proposta é ter a unidade móvel de excelência. Atende muitas pessoas. É otimizado, funciona rápido e entrega solução para as pessoas.

Mais Goiás – Sobre mobilidade, você fala em substituição de frota por veículos mais adequados, com ar-condicionado, e substituir a frota e linhas para adequar os veículos e trechos para a acessibilidade. É a concessionária que será pressionada a se adequar ou a própria prefeitura que financiará a mudança? Você pretende manter o atual contrato de transporte público da capital?

Dra. Cristina – Na verdade, o contrato tem que ser reavaliado e negociado. Através do consórcio que reúne 21 municípios, vamos iniciar o planejamento, as metas e os prazos para cumprimento. Hoje o consórcio se reúne só para aumentar tarifas.

Terminais e gratuidades são responsabilidade do poder público. A participação financeira do poder público é vital. Coisa que não acontece hoje. Dentro do limite fiscal, todos os municípios participarão do planejamento, trabalho e recursos financeiros. Se não houver investimento público, o problema nunca vai se resolver.

Temos também o cartão de bolso, que permite descer do ônibus, sem passar por terminal, sem pagar outra passagem. Vai evitar parar em terminais e economizar tempo para a população.

Mais Goiás – A senhora dedica um bom espaço para as mulheres no seu plano. Nada mais justo. Você pode garantir a equididade no escalão do governo, se for eleita? Se comprometeria a ter, no mínimo, 50% de mulheres nas pastas?

Dra. Cristina – Com certeza. Isso é a bandeira da minha vida. Nós somos maiorias e, pelo IBGE, a maioria das famílias é monoparental, conduzidas e administradas por mulheres. Nós precisamos, então, ter cursos de qualificação para essas mulheres terem condições de criar suas famílias, com mais harmonia, sem sofrerem violência doméstica. E tem uma geração toda vindo para garantir essa dignidade.

Mais Goiás – A ideia do CMEIs noturnos também beneficia homens, mas é voltada, principalmente, para mulheres que trabalham à noite e não têm onde deixar os filhos. Neste caso, seriam aproveitadas as unidades já existentes? Qual o custo de mais um turno por CMEI? É viável?

Dra. Cristina – O custo é alto por ser um horário não convencional. Não teria condições em várias unidades ao mesmo tempo, seria um por região. Mas, de fato, vai favorecer as trabalhadoras e trabalhadores da noite. Se pensar em shoppings, eventos, bares… É um contingente alto, que deixa as crianças em situação de vulnerabilidade.

Mas cabe dentro do orçamento carimbado da secretaria de Educação. Os 15% podem ser ampliados, mas depende da arrecadação. Já temos um deficit para arrecadação de R$ 200 milhões. Então, teremos que ser criativos e trabalhar sério com a participação da sociedade civil organizada.

Mais Goiás – Na segurança, você fala em constituir os canais de comunicação com a população, que permitam identificar e implementar programas de autodefesa da população. Como é isso? Eu sei que a questão da segurança é de competência do Estado, mas autodefesa não dá a ideia de “lavar as mãos” e deixar por conta da população?

Dra. Cristina – Não. Nós temos a rede dos CRAS e do Conselho Tutelar, que já têm mapeado os pontos de violência nas regiões. Mas isso não é utilizado. É sub considerado. Podemos, então, valorizar essa rede e tornar a questão mais segura. A autodefesa é em relação ao que já temos de informação e já está cadastrado.

Com isso, temos que estar preparados para a ação diante de uma situação de risco. E, claro, também manter ruas iluminadas, roçagem de mato, sujeira, coisas que, se não forem feitas, facilitam a violência.

O nosso projeto é ampliar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que é pequeno para Goiânia. O segundo é a qualificação e ampliação do projeto Maria Mais Segura.

Mais Goiás – Na proposta “implantar medidas que estimulem o comércio diretamente do produtor ao consumidor”, como pretende eliminar o intermediário?

Dra. Cristina – Nós temos aqui várias cooperativas e vários projetos que têm o apoio da Universidade Federal de Goiás (UFG), especialmente na agricultura familiar e produção de orgânicos e sustentáveis, que não têm escoamento. Acabam fazendo pequenas feiras, que não têm a mão amiga do poder público municipal.

Então, podemos fazer isso efetivamente. Temos, dentro da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), o programa Banco de Alimentos, mas que não favorece esses pequenos. A UFG já fez o mapeamento desses produtores, então é favorecer o produtor.

Mais Goiás – Na parte de trabalho e renda, você propõe: “Atuar na intermediação de financiamentos para o pequeno empreendedor, orientando e preparando o microempreendedor sem custos para se credenciar junto às melhores linhas de crédito.” Dado a crise ou pós-crise, isso pode ter um valor alto. É possível manter todos os demais investimentos previstos no plano e ainda fazer isso com todos os pequenos empreendedores que precisarem? Qual vai ser o critério?

Dra. Cristina –Em relação a financiamentos e crédito, temos dinheiro carimbado do governo federal, que não foi investido por falta de projeto. Queremos criar um organismo interno para pesquisar os projetos do governo federal, que cubram cada pasta. Prazos, documentos, etc. Muito voltou por falta de documento, projeto ou prazo, perdemos muitas linhas créditos.

Além disso, nós temos uma expertise do Sistema S, especialmente o Sebrae e Senai, que oferecem cursos. Daria para fazer convênios e garantir capacitação para a população que está em busca de emprego. Isso pode ser feito. Ampliar a vaga de estágios, também.

Nós temos, hoje, o Circo de Aprendizagem Profissional e outros, cursos de formação para jovens, que não são parceiros do município. Na minha opinião, o diálogo é essencial para solução da crise do ano que vem.

Mais Goiás – Na habitação, você traz uma proposta que vai impactar muitas pessoas. “Promover a regularização e a titulação das áreas ocupadas pela população de baixa renda.” Dar esse direito às pessoas que vivem em ocupação pode ser uma briga grande, inclusive judicialmente, em casos de áreas particulares sem função social para gerar especulação. Você já prevê como vai viabilizar isso?

Dra. Cristina – Eu já estou em contato com as pessoas que coordenam ocupações há muito tempo. Já fui socorrer em algumas situações mais graves. Já trabalhamos com essa população.

Goiânia, há muito tempo, não tem programa específico de habitação. Vamos criar e trazer essas pessoas para áreas urbanizadas. O poder publico coloca distante da infraestrutura básica.

Precisamos de projeto um em locais urbanizados, como Centro, Vila Nova, setor Aeroporto. Temos muitos imóveis que podem ser organizados pela prefeitura, que podem ser ocupados e preparados. Temos que impedir, também, a exploração imobiliária. São a minoria, mas vamos criar mecanismos para isso.

Mais Goiás – E sobre intensificar a coleta seletiva. A proposta é simples e direta, mas é algo que nunca foi feito na prática. Como será possível, desta vez?

Dra. CristinaÉ possível demais. Temos funcionários com projetos, preparo, mas nunca houve vontade política nem da Comurg e nem da Amma. Precisamos de fato estabelecer o programa na prática, que já temos pronto.

Dentro da Amma e Comurg têm pessoas com alta capacitação fazendo serviços de iniciantes, esses servidores não interessam para a administração. Estão ali para ocupar um espaço político.

Mais Goiás – E na cultura, turismo?

Dra. Cristina – Precisamos implementar a arte e cultura em Goiânia. Temos um projeto de cultura itinerante chegando até os bairros, atendendo pela vocação da região. Precisamos levar para as várias regiões e para as pessoas. Além disso, precisamos revisar a Lei Municipal de Cultura e também entregar o dinheiro do fundo para quem faz cultura. E temos, também o parque do Cerrado, com espaços para esculturas, teatro e lazer nas proximidades do Paço.

No outro eixo, vamos reimplantar a secretaria de Turismo, pois precisamos valorizar o turismo, com locais apropriados. Ter um local para levar um “pedaço de Goiânia”.

Goiânia, atualmente, não tem a lógica do turismo. No museu não tem lugar para sentar, comer, comprar uma lembrança. Na 44, a gente não sabe aonde vai. A pessoa que vem para negócios ou eventos também quer passear, curtir e a cidade não oferece isso a ela. Goiânia não valoriza Goiânia.