MEIO AMBIENTE

Relatório do Plano Diretor de Goiânia exclui nascentes de Áreas de Preservação Permanente

A tramitação deve ser retomada em fevereiro após o fim do recesso parlamentar quando o texto vai ser colocado em plenário para votação

Plano Diretor prevê artigos 'silenciosos' que podem afetar proteção ambiental em Goiânia
Plano Diretor prevê artigos 'silenciosos' que podem afetar proteção ambiental em Goiânia (Foto: Jackson Rodrigues - Divulgação)

Artigos que compõem o relatório do projeto de lei que revisa o Plano Diretor de Goiânia podem causar a exclusão de nascentes e olhos d’água intermitentes das chamadas Áreas de Preservação Permanente (APPs). Com isso, cursos d’água que costuma secar no período de estiagem podem acabar sofrendo intervenções com avanços de construções sobre o perímetro que atualmente é protegido.

Essa mudança se dá pela alteração proposta pelo relatório do inciso III do artigo 138 que retira a palavra “intermitente” para perímetro mínimo de 100 metros de proteção em nascentes e olhos d’água. Assim, na prática, abre brecha para que esses cursos sejam excluídos das APPs.

Os artigos considerados “silenciosos” foram identificados por grupo de trabalho formado por pesquisadores, professores e urbanistas para avaliar o texto do novo Plano Diretor. Agremiação foi formada pela vereadora Aav Santiago neste janeiro. Agora, A relatora do projeto na Comissão Mista, vereadora Sabrina Garcez (PSD), diz que o trecho será suprimido.

A tramitação do projeto deve ser retomada em fevereiro após o fim do recesso parlamentar, quando o texto vai ser colocado em plenário para votação.

Plano Diretor: redução de áreas de proteção em torno da barragem do João Leite

Outro artigo “silencioso” é o 213, que prevê diminuição dos atuais 500 m para 100 m nas zonas de proteção em torno da barragem do Ribeirão João Leite e da Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia.

O presidente da Associação Pró-Setor Sul (Aprosul), Edmilson Moura, avalia que tais alterações foram feitas sem discussões com a sociedade civil. Ele afirma que a modificação no artigo 213 pode permitir que edificações sejam construídas muito próximas a estações de captação de água e esgoto.

“Não há dúvida que o saneamento básico será atingido, com inegáveis riscos para a saúde pública. É muita irresponsabilidade”, diz.

Mudança de voto de vereadora

Aava Santiago votou em favor do relatório, mas mudou de posicionamento depois da repercussão negativa. Na sequência, a parlamentar instituiu o grupo de trabalho para avaliação das emendas, o qual identificou as alterações relativas a áreas de proteção ambiental.