123 Milhas acusa Azul de ser uma das culpadas por sua crise
Crise provocou corrida de passageiros a agências tradicionais e lojas físicas

A 123 Milhas apresentou à 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte, na terça-feira (29), vários motivos para justificar o pedido de recuperação judicial, incluindo o término de um contrato que mantinha com a Azul Linhas Aéreas. Conforme explicado pela agência de viagens online, esse contrato assegurava à empresa a realização de “pesquisas de passagens com pontos” na grade da companhia aérea, um procedimento que permitia adquirir passagens a preços mais vantajosos, algo que atualmente não é mais viável. A 123 Milhas alega que o fim dessa garantia contribuiu para o acúmulo de dívidas no valor de R$ 2,3 bilhões.
A Azul foi questionada sobre o assunto, mas optou por não se pronunciar. Em sua resposta, a companhia aérea se recusou a confirmar a existência do contrato e se a 123 Milhas de fato teve acesso a condições de compra superiores às oferecidas aos consumidores em geral.
Além disso, a 123 Milhas mencionou que esse contrato com a Azul era apenas um exemplo, já que tinham contratos semelhantes com outras “companhias aéreas parceiras” que também foram desfeitos.
Corrida de passageiros a agências e lojas
A crise enfrentada pela 123 milhas está conduzindo os consumidores de volta às agências de viagens convencionais, de acordo com especialistas do setor de turismo. Esse cenário beneficia as operações das lojas físicas, que incorporaram recursos digitais.
“Existem duas abordagens em curso, dependendo do nível de confiança do cliente. Aqueles que preferem agências online estão recorrendo às mais tradicionais, como a Decolar. Enquanto outros estão optando pelas agências físicas, principalmente”, destaca Jeanine Pires, ex-presidente da Embratur e consultora de turismo.
A crescente procura por lojas físicas ou pelo contato direto com agentes de viagens é uma reação à crise de confiança que afetou os consumidores devido ao grande número de viagens canceladas em decorrência dos problemas no Hurb e na 123 milhas.
Na terça-feira, dez dias após suspender a venda de seus pacotes flexíveis, que eram destinados a viagens a serem realizadas mais de um ano após a compra, sem a necessidade de reserva imediata de bilhetes aéreos ou acomodações, a 123 milhas entrou com um pedido de recuperação judicial.
Na CVC, uma das maiores operadoras de turismo do país, o impacto é evidente. Dados internos da empresa mostram um aumento nas vendas na semana passada em comparação com a semana anterior, mesmo considerando o movimento total.
Os circuitos europeus tiveram um aumento de 36%. Para destinos internacionais, os mais procurados são Estados Unidos, Portugal e Itália. No Brasil, Porto Seguro lidera a lista dos destinos mais vendidos, com um aumento de 18%, seguido por Maceió, Recife e Salvador.
*Com informações do O Globo