REGRA

Anvisa decide que venda de Ozempic exige retenção de receita

Medida busca evitar uso fora das indicações aprovadas na bula, diz agência

Anvisa decide que venda de Ozempic exige retenção de receita
Anvisa decide que venda de Ozempic exige retenção de receita (Foto: Divulgação)

BRASÍLIA (FOLHAPRESS) – A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu nesta quarta-feira (16) que medicamentos análogos ao GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, usados no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, devem ser vendidos nas farmácias apenas com retenção de receita.

A medida busca evitar a compra dos produtos sem prescrição e o uso fora das indicações aprovadas na bula.

Hoje, esses remédios são classificados como tarja vermelha —o que exige prescrição médica—, mas são comprados facilmente sem a indicação.

Agora, os medicamentos vão seguir as regras hoje aplicadas a fármacos antimicrobianos, como antibióticos. Ou seja, ainda serão classificados como tarja vermelha, a receita deve ser retida.

A retenção será feita da 2ª via do documento. O farmacêutico não poderá aceitar receitas posteriores ao prazo de validade estabelecido pela regra da Anvisa.

Em documento de novembro de 2014, a área técnica da agência afirmou que “o uso fora das indicações aprovadas em situações em que não há comprovação científica de segurança e eficácia pode colocar em risco a saúde dos seus usuários”.

A agência ainda apontou que os medicamentos são novos, com “perfil de segurança a longo prazo” ainda desconhecido.

A Anvisa também detectou que 32% das notificações de eventos adversos dos produtos com semaglutida estão relacionadas ao uso não previsto em bula ou não aprovado. A taxa global seria de 10%, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

“Chama a atenção que a pancreatite correspondeu a 5,9% das notificações para a semaglutida no Brasil, mais que o dobro da porcentagem na base global, que foi de 2,4% das notificações para o mesmo princípio ativo até o final de setembro de 2024”, ainda afirma o processo da agência.

Parte da indústria de medicamentos defende manter a venda sem retenção de receita, e proibir a manipulação do medicamento em farmácias.

A Anvisa decidiu não excluir as farmácias de manipulação deste mercado, mas disse que os dados destes estabelecimentos serão monitorados.

Em dezembro, a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) e as sociedades médicas de diabetes e de endocrinologia divulgaram uma carta aberta apoiando a proposta de retenção da receita como medida para o uso racional e seguro da medicação.

As entidades manifestam preocupação devido ao aumento da procura pelos agonistas de GLP-1 para fins estéticos, e dizem que, embora seguros, esses medicamentos precisam de acompanhamento médico.

“A compra irregular para automedicação coloca em risco a saúde das pessoas e dificulta o acesso de quem realmente precisa de tratamento”, dizem as entidades.